tag:blogger.com,1999:blog-140254292024-03-23T15:07:29.049-03:00O Dragão da GaragemUm blog sobre ciência e pensamento crítico.Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.comBlogger80125tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-42684916982319838042008-02-05T20:00:00.003-02:002015-01-13T19:55:13.377-02:00O problema das virgensOutro dia lia o "Carta a uma Nação Cristã" do filósofo ateu Sam Harris. É um livro fininho de leitura agradável, companhia perfeita para se ter na mochila quando se vai ao aeroporto para mais uma ponte aérea; você começa a ler logo após o <span style="font-style: italic;">check-in</span>, faz uma pausa para trocar o protocolar "bom dia" com as comissárias de bordo, outra pausa mais tarde para recusar a barrinha de cereal ou o biscoito de gordura trans, e antes do avião pousar você já terminou.<br />
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Então deve ter sido quase na hora da aterrissagem, já chegando ao final do livro, que mais uma vez vi mencionada aquela história de que os terroristas muçulmanos que seqüestraram os aviões no dia 11 de setembro acreditavam que, em troca de seu martírio, seriam recompensados no paraíso com um séquito de 72 virgens. Só que desta vez eu parei para pensar um pouco mais no lado, digamos, <span style="font-style: italic;">prático</span>, deste assunto.<br />
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Supondo que a religião islâmica <span style="font-style: italic;">realmente</span> assegure 72 virgens aos que morrem em nome de Alah, será que esta graça está reservada somente aos mártires ou é estendida a todos os fiéis que adentram o paraíso? E de onde vem 72 mulheres virgens para cada homem do reino dos céus? São as almas das mulheres que morreram imaculadas que vão ao céu servir os mártires? Se não, o que reserva o céu às <span style="font-style: italic;">mulheres</span> mártires? maridos perfeitos que nunca se esquecem de abaixar a tampa da privada? Pensando em todas estas questões decidi pesquisar um pouco mais sobre o paraíso islâmico.<br />
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Comecei pelo Alcorão. O livro máximo da religião islâmica não deixa dúvidas de que o paraíso islâmico é um lugar bastante sensual, mas nada é dito sobre a quantidade de virgens que aguarda os eleitos.<br />
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<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">"E se deitarão sobre leitos incrustados com pedras preciosas, frente a frente, onde lhes servirão jovens de frescores imortais com taças e jarras cheias de vinho que não lhes provocará dores de cabeça nem intoxicação, e frutas de sua predileção, e carne das aves que desejarem. E deles serão as huris</span><span style="font-style: italic;"> </span>[virgens]<span style="font-style: italic;"> de olhos escuros, castas como pérolas bem guardadas, em recompensa por tudo quanto houverem feito. (...) Sabei que criamos as huris para eles, e as fizemos virgens, companheiras amorosas para os justos."</span><br />
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Alcorão, surata 56, versículos 12-40.<br />
<span style="font-size: 85%;">(todas as traduções deste texto foram feitas a partir do inglês)</span></blockquote>
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São inúmeras as passagens como esta que mencionam a existência no paraíso de jóias, criados jovens e cheirosos, vinho (uma extravagância, já que o islã proíbe consumir bebidas alcoólicas em vida), rios de leite, rios de mel, rios de água (que costuma ser coisa preciosa nos países muçulmanos), frutas abundantes e moçoilas virgens para fazer "companhia" aos justos... Comparado ao paraíso cristão, com seus anjos assexuados de aparência andrógina tocando harpa e entoando cânticos (quando não estão em missão para destruir alguma cidade ou coisa assim), o céu islâmico parece o <span style="font-style: italic;">Club Med</span> dos paraísos.<br />
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Só que diferentemente da Bíblia, que é a única fonte autenticada pela Igreja das palavras de Deus, na religião islâmica o Alcorão é complementado pelos <span style="font-style: italic;">hadiths</span>, uma coletânea de histórias sobre tudo o que supostamente disse ou fez o profeta Maomé durante sua vida, que circularam no <span style="font-style: italic;">boca a boca</span> por mais de um século até serem redigidas em sua forma atual. É aí, nessa barafunda de textos, às vezes antagônicos, que vamos encontrar mais detalhes sobre o paraíso islâmico, incluindo o número de virgens com que os eleitos são agraciados:<br />
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<blockquote>
<span style="font-style: italic;">"A menor recompensa para aqueles que se encontram no paraíso é um átrio com <span style="font-weight: bold;">80.000 servos</span> e <span style="font-weight: bold;">72 esposas</span>, sobre o qual repousa um domo decorado com pérolas, aquamarinas e rubis, tão largo quanto a distância entre Al-Jabiyyah (hoje na cidade de Damasco) e Sana'a (hoje o Iemem)"<br /></span>Hadith 2687 (Livro de Sunan, volume IV).</blockquote>
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Se esta é a menor recompensa que aguarda os felizardos no paraíso, então é certo que os servos e as virgens não foram parar lá por mérito. Quem sabe fossem candidatos ao inferno (não dizem que "<span style="font-style: italic;">é melhor reinar no inferno que servir no paraíso</span>"?). No caso das virgens isto faria todo o sentido, já que a rotina delas no céu não é moleza; sobre isso <a href="http://www.guardian.co.uk/religion/Story/0,2763,631357,00.html">escreveu</a> Al-Suyuti, um renomado comentador do Alcorão e estudioso dos <span style="font-style: italic;">hadith</span>, no século XV:<br />
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<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">"Cada vez que se dorme com uma huri descobre-se que ela continua virgem. Além disso o pênis dos eleitos nunca amolece. A ereção é eterna. A sensação que se sente cada vez que se faz amor é mais do que deliciosa e se você a experimentasse neste mundo você desmaiaria. Cada escolhido se casa com setenta huris, além das mulheres com que se casou na terra, e todas têm sexos apetitosos."</span></blockquote>
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Para as virgens o paraíso islâmico é mais ou menos como uma versão pornô do mito de Prometheus (aquele do titã que tinha seu fígado devorado todos os dias por uma águia), só que é o hímen das jovens donzelas, e não o fígado do titã, que se regenera perpetuamente.<br />
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Se você tem uma ereção permanente e o resto da eternidade nas mãos algumas dezenas de virgens não devem bastar, por isso o paraíso islâmico conta ainda com um local que, cá embaixo seria chamado de "bordel", mas que no paraíso islâmico chamam de "mercado". Segundo os <span style="font-style: italic;">hadith</span>, Maomé <a href="http://www.flex.com/%7Ejai/satyamevajayate/heaven.html">teria dito</a>:<br />
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<blockquote>
<span style="font-style: italic;">"Existe no paraíso um mercado onde não há compra ou venda, mas homens e mulheres. Quando um homem deseja uma mulher ele vai até lá e tem relações sexuais com ela."<br /></span>Al Hadis, Vol. 4, p. 172, No. 34</blockquote>
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Os cristãos, a quem devemos a noção agostiniana de que o mundo físico é impuro, gostam muito de apontar o dedo na cara dos muçulmanos e dizer que o paraíso deles é "liberal" demais. Aí, é a vez dos muçulmanos <a href="http://www.answering-christianity.com/ac10.htm#links">dizerem</a> aos cristãos que se eles querem mesmo falar sobre sacanagem em livros sagrados é bom que se lembrem que têm teto de vidro. É impressionante quanta energia é gasta na internet nesta troca de citações porno-sacras entre cristãos e muçulmanos; eu imagino que jovens beatos de ambas as religiões aprendam bastante sobre estupro, pedofilia e prostituição nestes sites.<br />
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Bem, na defesa dos muçulmanos é justo dizer que como os <span style="font-style: italic;">hadith</span> foram escritos muito tempo depois da morte de Maomé, nem todos eles são considerados genuínos pelos estudiosos islâmicos (segundo eles, por exemplo, o trecho acima <a href="http://www.iiu.edu.my/deed/articles/paradise.html">é falso</a>). Só que mesmo as passagens consideradas verdadeiras podem ser bastante embaraçosas; em algumas delas o constrangimento dos tradutores fez com que a formosura das virgens fosse <a href="http://www.answering-islam.org/Quran/Versions/078.033.html">minguando</a> até que seus detalhes anatômicos desaparecessem por completo. Eis um bom exemplo:<br />
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<blockquote>
Versão 1 - por Arberry<br />
<span style="font-style: italic;">Para os tementes aguardam um lugar seguro, jardins, vinhedos, <span style="font-weight: bold;">donzelas</span><span style="font-weight: bold;"> de seios arredondados (maduros)</span> e um copo transbordante de vinho.</span><br />
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Versão 2 - por Yusuf Ali<br />
<span style="font-style: italic;">Para os justos haverá a satisfação dos desejos em seu coração, jardins e vinhedos, <span style="font-weight: bold;">companheiras da mesma idade</span> e um copo cheio de vinho.</span><br />
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Versão 3 - por Rashad Khalifa<br />
<span style="font-style: italic;">Os justos merecerão uma recompensa. Jardins e uvas. <span style="font-weight: bold;">Esposas magníficas</span>. Drinques deliciosos.<br /></span>Surah an-Naba' (78:31-34)<span style="font-style: italic;"><br /></span></blockquote>
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Mas existe uma boa chance de que os tradutores islâmicos nunca mais precisem dissimular a exuberância das virgens. Um livro publicado recentemente na Alemanha e muito bem recebido pela comunidade científica, <span style="font-style: italic;">"Die Syro-Aramaische Lesart des Koran"</span> ("Uma Leitura Sírio-Aramaica do Alcorão"), do professor de línguas antigas <span style="font-weight: bold;">Christoph Luxenberg</span>, defende a tese de que muita coisa faria mais sentido nos textos sagrados se os tradutores levassem em conta que o Alcorão não foi escrito apenas em árabe, mas num <span style="font-style: italic;">mix</span> de antigos dialetos aramaicos. Por exemplo, a palavra "<span style="font-style: italic;">hur</span>", que em árabe quer dizer "virgem", em sírio <a href="http://www.guardian.co.uk/religion/Story/0,2763,631357,00.html">significa</a> "branca". Assim, segundo Luxenberg, as "castas <span style="font-style: italic;">huris</span> de olhos castanhos" descritas no Alcorão seriam na verdade "uvas brancas secas" de "clareza cristalina", uma iguaria bastante apreciada naquela época. <br />
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No final o problema das virgens vai ser resolvido com a troca de uma única palavrinha. Nenhum candidato a homem-bomba vai ficar mesmo muito entusiasmado em abandonar essa vida aqui quando souber que sua recompensa por morrer abraçado em dinamite será um suprimento vitalício de passas.<br />
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Mas é claro que esta não deveria ser a solução. A continuidade da civilização como a conhecemos não deveria depender da tradução de uma palavra num livro sagrado, ou de distinguir o que de fato disse um homem denominado profeta das fantasias eróticas de um bando de velhos babões. Melhor seria se não houvesse pessoas no mundo dispostas a acreditar <span style="font-style: italic;">literalmente</span> em histórias escritas há milhares de anos, numa época em que a maioria das pessoas sabia tanto sobre o mundo natural quanto uma criança da quinta<span style="font-style: italic;"> </span>série.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjObhaZ9zxVORW7q_UL57qSLnkOGnwXvCI5YjRkgUM7rj0kMYfc_sAgB7a29vlQjslqaGwJ8MnpfXWg8adNRi_3n18WWr5Nh068q3kh_t-TgcFKqKH_rleAGGmhyuFXfPRpASB5/s1600-h/whiteraisins-tn.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjObhaZ9zxVORW7q_UL57qSLnkOGnwXvCI5YjRkgUM7rj0kMYfc_sAgB7a29vlQjslqaGwJ8MnpfXWg8adNRi_3n18WWr5Nh068q3kh_t-TgcFKqKH_rleAGGmhyuFXfPRpASB5/s200/whiteraisins-tn.jpg" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5163555944752094482" style="cursor: pointer; display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center;" /></a></div>
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Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com120tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-4331862062567605552008-01-27T04:00:00.000-02:002008-01-27T03:32:06.940-02:00Que $#@! eles estão falando?No último <span style="font-style: italic;">post</span> um leitor anônimo deixou nos comentários a dica de uma série de <a href="http://www.youtube.com/watch?v=kQOIuibXn0Q">vídeos</a> no YouTube satirizando o filme "Quem Somos Nós". Eu achei os filmes tão bons que decidi legendá-los para que fiquem acessíveis para mais gente. São sete ao total, mas por enquanto legendei os dois que achei mais engraçados.<br /><br />A propósito, se as legendas parecerem não fazer nenhum sentido não é por minha culpa, essa é a graça dos filmes...<br /><br /><object height="350" width="425"> <param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/6ounCkdmANI"> <embed src="http://www.youtube.com/v/6ounCkdmANI" type="application/x-shockwave-flash" height="350" width="425"></embed> </object><br /><br /><br /><object height="350" width="425"> <param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/5PoFnzbaHIA"> <embed src="http://www.youtube.com/v/5PoFnzbaHIA" type="application/x-shockwave-flash" height="350" width="425"></embed> </object>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-53556572102260834542008-01-15T00:37:00.000-02:002008-01-15T14:07:37.465-02:00Procura-se um desenhistaJá faz algum tempo que eu venho pensando em escrever uma série de tirinhas cômicas provisoriamente intituladas "<span style="font-style: italic;">O Dragão da Garagem em Tirinhas</span>". Mas foi só há alguns meses atrás, num momento de raríssima inspiração em que se encontraram um inesperado ócio criativo, 80 mg de cafeína (= 1 Red Bull) e uma profunda amargura (que precisava ser esquecida) que eu passei do plano à ação; sentado na lanchonete da academia, com uma caneta <span style="font-style: italic;">bic</span> emprestada e um punhado de guardanapos, escrevi umas seis tirinhas completas e rabisquei mais umas tantas no espaço que sobrou (ué, o Feynman não escrevia <span style="font-style: italic;">papers</span> de física num bar de <span style="font-style: italic;">strip-tease</span>?).<br /><br />Agora, para o projeto sair daqueles amarfanhados guardanapos falta o(a) desenhista (para isso e para um monte de outros projetos que eu tenho na cabeça, como um livro infantil sobre ciência). É aí que você entra. Se você desenha bem, é idealista a respeito da importância da ciência e tem algum tempo livre para investir em projetos que, por enquanto, não trazem nenhum retorno a não ser pura satisfação pessoal, me mande um <a href="mailto:widson@mac.com">e-mail</a> ou escreva um comentário logo abaixo. Quem sabe a gente não vira o <a href="http://www.penny-arcade.com/comic">Penny & Arcade</a> do ceticismo?Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com49tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-22173427615738146742008-01-10T19:00:00.000-02:002008-01-10T20:30:50.884-02:00Põe na conta do aquecimento globalOutro dia recebi aqui em casa, gratuitamente, a edição de janeiro da revista mineira "Encontro".<br /><br />A "<a href="http://www.revistaencontro.com.br/janeiro08/janeiro08.asp">Encontro</a>" é uma revista até bem caprichada, com papel bom, diagramação decente, entrevistas com gente de peso (essa trazia o ministro Ciro Gomes), <span style="font-style: italic;">muita</span> propaganda do governo estadual e <span style="font-style: italic;">muitas</span> colunas sociais. Sempre a vejo aos montes em cafés e consultórios de dentistas aqui por BH.<br /><br />Então ali estava eu, folheando casualmente a "Encontro" e pensando comigo que papel eu tinha assinado para receber a revista de graça, quando descobri o suplemento que vinha junto com ela, chamado "Encontro Ambiental". Na capa deste uma pequena manchete chamou minha atenção: "<span style="font-weight: bold;">Clima Ruim -- Aquecimento Global faz Mal para a Saúde</span>". O que veio a seguir, meus amigos, foi a pior peça jornalística que eu vi em muito tempo. Eis como tudo começava:<br /><br /><blockquote> <span style="font-style: italic;">O último relatório de avaliação do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU mostra que as temperaturas mundiais poderão sofrer, até o fim do século, um aumento de 1,4 a 5,8 graus celsius. A variação aponta para consequências nada animadoras como furacões, <span style="font-weight: bold;">terremotos</span>, inundações em algumas partes e desertificação em outras, extinção de espécies, fome, doenças, miséria...</span></blockquote><br />Alguém pode me explicar como o aumento da temperatura pode causar <span style="font-style: italic;">terremotos</span>!? Parece mais que a autora, sem fazer pesquisa nenhuma, jogou todas as catástrofes que pôde imaginar numa mesma enumeração. Faltaram apenas o impacto de um asteróide gigante e o Godzilla.<br /><br />Ainda assim, desconfiado de tanta tragédia junta procurei o <a href="http://www.greenhouse.gov.au/education/factsheets/planet.html">resumo</a> do relatório do IPCC que a autora cita. Pelo que li, no caso dos furacões, o IPCC reconhece que não existe nenhuma evidência nos poucos dados disponíveis de que eles vêm se tornando mais <span style="font-style: italic;">freqüentes</span> por causa do aumento da temperatura dos oceanos. Diga-se de passagem que, segundo o IPCC, no hemisfério sul a temperatura dos oceanos não aumentou nem um tiquinho no último século.<br /><br />Mais alguns parágrafos, todos muito ruins, e vinha o seguinte:<br /><br /><span style="font-style: italic;"></span><blockquote><span style="font-style: italic;">"O aquecimento global também traz preocupação quando o assunto são as doenças vetoriais, como a dengue e a malária. (...) prevê que o aquecimento possa provocar epidemias das duas doenças, com efeitos catastróficos. (...) Em todo o país, o número de casos de dengue notificados até meados deste ano superou em 20% o total do mesmo período de 2006. <span style="font-weight: bold;">Pode ser por causa do aquecimento global</span> que favorece a multiplicação do mosquito durante todo o ano."</span> </blockquote><br />Pode ser, mas não é. O verdadeiro motivo para o aumento do número de casos da doença não só no Brasil, mas nos outros países subdesenvolvidos, é que aparentemente o <span style="font-style: italic;">Aedes Aegypti</span> evoluiu e desenvolveu imunidade ao veneno tradicionalmente usado para combatê-lo; para piorar o danado agora é capaz de se reproduzir também em água suja e <a href="http://www.lowyat.net/v2/latest/dengue-carrying-mosquito-evolves-super-resistance-report-3.html">até sem água</a>.<br /><br />De qualquer maneira colocar a culpa no aquecimento global por alguma coisa só comparando os dados de um ano com o anterior é o pior exercício de estatística que eu já vi. Ainda mais que a autora nem se preocupou em saber se 2007 foi <span style="font-style: italic;">mesmo</span> mais quente que 2006.<br /><br />E a jornalista seguia colocando vítimas na conta do aquecimento global:<br /><br /><blockquote> <span style="font-style: italic;">"Mais: estudos mostram que, com as mudanças climáticas, cerca de 20 a 30% dos vegetais e animais poderão ser extintos. <span style="font-weight: bold;">Com isso haverá redução do alimento</span>. Menos alimento, mais fome, mais desnutrição e morte. Sabe-se também que a água potável vai ficar mais escassa. Menos água, mais desidratação e morte. E o efeito cascata está formado."</span></blockquote><span style="font-style: italic;"></span><br />Eu não sei de onde a autora tirou esses dados, mas as pesquisas <a href="http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/us_and_americas/article2500311.ece">têm mostrado</a> que tanto as florestas tropicais quanto a agricultura estão na verdade se <span style="font-style: italic;">beneficiando</span> do aquecimento global, já que com mais CO2 no ar e mais tempo de luz solar -- que compensa a quantidade menor de chuvas na época da seca -- a fotossíntese é favorecida. Graças a isso, <span style="font-style: italic;">no geral,</span> a produção de alimentos deve aumentar com o aquecimento global, não o contrário.<br /><br />A extinção de até 1/4 das espécies animais e vegetais, que de fato é apregoada por alguns cientistas, é uma coisa terrível sem dúvida, mas <span style="font-style: italic;">de fome</span> só vão morrer por causa disso as pessoas que tiverem uma dieta baseada em ursos polares, lêmures, algumas espécies raras de sapos e certas aves (que não o frango).<br /><br />O quadro de desidratação e morte que a autora pinta tampouco é verdadeiro, embora nesse caso ela seja apenas mais uma indolente vítima da eco-paranóia que predomina na mídia. O próprio IPCC afirma que não vai faltar água em toda a parte. As regiões mais afetadas por secas serão aquelas onde o líquido provém exclusivamente das chuvas; nas regiões mais altas, que dependem do degelo das montanhas, como boa parte da Ásia, vai haver <span style="font-style: italic;">mais</span> água, não menos.<br /><br />Quando eu achava que já estava preparado para tudo, o texto continuava assim:<br /><br /><blockquote> <span style="font-style: italic;">"Hoje se tem uma série de alterações por causa do clima. Este ano, por exemplo, <span style="font-weight: bold;">devido ao clima frio</span></span> e seco, <span style="font-style: italic;">aumentou muito o índice das doenças de inverno, como pneumonias, asma e descompensação de doença pulmonar obstrutiva crônica."</span>.<span style="font-style: italic;"><br /></span></blockquote><br />Me corrijam se eu estiver errado mas se no <span style="font-style: italic;">aquecimento</span> global o planeta fica mais <span style="font-style: italic;">quente</span>, por que deveríamos temer as doenças de <span style="font-style: italic;">inverno</span>? Eu não sou médico nem nada, mas pelo que eu entendi vão haver <span style="font-style: italic;">menos</span> casos de pneumonias, asmas e descompensação de doença pulmonar obstrutiva crônica se os invernos forem mais moderados, não é?<br /><br />O trecho acima vinha acompanhado da figura de um menininho fazendo uso de um inalador, com a seguinte legenda:<br /><br /><blockquote><span style="font-style: italic;">"O clima seco favorece o crescimento de casos de doenças respiratórias nas crianças."</span><br /></blockquote><br />É difícil entender como a autora chegou a conclusão nada óbvia (e até anti-intuitiva; o que é estranho já que intuição é tudo o que ela parece ter usado para escrever) de que o clima vai ficar mais seco com o aquecimento global.<br /><br />Como a capacidade do ar de reter o vapor de água aumenta exponencialmente com a temperatura, a umidade específica <a href="http://web.sfc.keio.ac.jp/%7Emasudako/memo_en/precip_evap_warming.html">deverá <span style="font-style: italic;">aumentar</span></a> com o aquecimento global, não diminuir. Como com isso aumentam também a evaporação e a precipitação, aumentam junto o risco de chuvas torrenciais e inundações.<br /><br />Não correu muita tinta e a autora conseguia dizer mais uma bobagem:<br /><br /><span style="font-style: italic;"><blockquote>"O professor (...) afirma que teoricamente as doenças de pele serão mais incidentes. 'Principalmente as relacionadas ao verão, como câncer de pele, assaduras, micoses e foto-envelhecimento' exemplifica. Os raios ultravioleta também podem ser maléficos aos olhos. Segundo o oftalmologista (...) quanto mais a pessoa ficar exposta ao sol, principalmente sem proteção de óculos escuros, maiores as chances de desenvolver problemas oculares, como a catarata."</blockquote></span><br />O aumento da exposição aos raios ultravioleta, que causa todos os males citados acima, com exceção das micoses e assaduras, são uma conseqüência de outro efeito que nada tem a ver com o aquecimento global: o <span style="font-weight: bold;">buraco na camada de ozônio</span>.<br /><br />O buraco na camada de ozônio é uma diminuição da concentração de ozônio da atmosfera causada pela emissão de <span style="font-style: italic;">clorofluorcarbonetos</span> (CFC), presentes principalmente em aerossóis e equipamentos de refrigeração (diferentemente do CO2 que causa o aquecimento global, só o homem produz CFC, então não dá pra dizer que não foi a gente que estragou o planeta ou, como diria o Homer Simpson, que já estava assim quando chegamos...). Como o ozônio é responsável pela absorção da maior parte dos raios ultravioleta do sol, acredita-se que sem esta camada protetora a vida na Terra estaria mais sujeita aos efeitos nocivos da radiação (embora, pela falta de dados históricos, ainda não seja possível afirmar que houve realmente algum aumento na incidência de raios ultravioleta).<br /><br />E como <i style="font-style: italic;">pièce de résistance<b></b></i>:<br /><br /><blockquote style="font-style: italic;">"A temperatura mais quente propicia ainda o aparecimento nos pés, de frieiras e micoses de unha. (...) Outra consequência, na opinião da especialista, é o distúrbio da sudorese. 'Ora a pessoa vai transpirar muito, ora transpirar pouco. Isso pode levar ao distúrbio da sudorese, que causa o aparecimento de cravos plantares.' "</blockquote><br />Ou seja, por causa do aquecimento global as pessoas vão suar mais. Tudo bem, de alguma maneira eu já esperava por isso. Agora culpar o aquecimento global por... frieiras? Aquele negócio que se evita com uma toalha seca e um pouquinho de higiene?<br /><br />Errado não está, mas eu me pergunto: se alguém estivesse compilando uma lista das coisas ruins causadas pelo aquecimento global, começando por "aumento do nível dos oceanos" bem no topo, seguido de "proliferação de malária e dengue", "inundações" e "extinção de espécies" logo abaixo, será que haveria realmente espaço nessa lista para "aumento da incidência de frieiras"?<br /><br /><br />Discutir os efeitos do aquecimento global e o papel do homem nele é uma tarefa espinhosa, com argumentos mais políticos do que científicos de ambos os lados (argumentos que eu não estou preparado para endossar ou refutar nesse momento). Compreensivamente os jornalistas que embarcam nessa tarefa quase sempre abraçam por <span style="font-style: italic;">default</span> este irresistível discurso eco-paranóico pré-apocalíptico. Neste sentido a única novidade do artigo da revista "Encontro" foi saber que caminharemos para o Armagedon com os pés cheios de frieira...Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com31tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-2023782853995323692008-01-07T20:00:00.002-02:002008-03-02T20:01:15.040-03:00O Guia Cético para assistir a "O Segredo" - Parte 3Este é o derradeiro final de "O Guia Cético para Assistir a 'O Segredo'". Talvez antes de continuar você queira conferir as partes <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2007/11/o-guia-ctico-para-assistir-o-segredo.html">1</a> e <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2007/12/o-guia-ctico-para-assistir-o-segredo.html">2</a>.<span style="font-weight: bold;"><br /><br /><br />00:44:15</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyXOQEMa6GAofQ4TpGLc4q-PnC3a9mcss-TGpgJvhvhohptpXFJWNvsr_Uxl-5XOJ2LTd1hr44K6tued3gAA7SkvWSbG6fTzQ85VuQMB7z55_k6G1ZLSr4KfBaq6IHN5l7NvXE/s1600-r/Picture+44+15.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAfNV0aaoAWNQi6Ek2ook7YT8CpDnfzDYmrzK0WtkCGVt34oUtbfHK4ZOhl9P5Nk5hNQYXsRG-g8Uy-X3H7nL5o5aSZbE-f6v-F_WzWRxkjvdUlSehsa_6aMLQl8TI6MdLEeyo/s320/Picture+44+15.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139412315786621170" border="0" /></a><br /><span style="font-style: italic;">"Imaginação é tudo. Ela é a prévia daquilo que a vida atrai."</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Albert Einstein</span><br /></blockquote><br />Esta frase de Einstein de fato está disseminada pela Internet, então não se pode acusar Rhonda Byrne de tê-la inventado ou retirado do contexto como as outras. Mas assim como a frase de Emerson que abriu o filme, esta também não é encontrada em nenhum dos livros ou discursos do físico. Considerando-se ainda que o estilo é um pouco moderno demais, o mais provável é que esta seja mais uma das inúmeras <a href="http://en.wikiquote.org/wiki/Talk:Albert_Einstein">citações bastardas</a> que fazem parte do folclore relacionado a Einstein.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:58:55</span><br /><br /><span style="font-style: italic;"><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5SvDlw-a15LZDKxJZsKVz8W3CQHUQEajMvxt7CFCMgVmxrGqWve65TklU4GTMHDvXeV-DAwuNZ6jYrYXKT_EzYQ7zlUp8uurrut38QrvZyS5jWVCMWgwaywFGmsmHplcw2z4P/s1600-h/Picture+58+56.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5SvDlw-a15LZDKxJZsKVz8W3CQHUQEajMvxt7CFCMgVmxrGqWve65TklU4GTMHDvXeV-DAwuNZ6jYrYXKT_EzYQ7zlUp8uurrut38QrvZyS5jWVCMWgwaywFGmsmHplcw2z4P/s200/Picture+58+56.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140648965720158770" border="0" /></a>"É importante reconhecer que nosso corpo é realmente o produto dos nossos sentimentos. (...) Nós conhecemos o efeito placebo: o placebo é alguma coisa que supostamente não tem nenhum efeito em nosso corpo, como uma pílula de açúcar. Você diz ao paciente que ele é uma droga verdadeira e o que acontece é que o placebo tem o mesmo afeito, se não maior às vezes, do que o medicamento que seria indicado. Assim eles descobriram que <span style="font-weight: bold;">a mente humana é o maior fator de cura na arte de curar</span>."</blockquote></span><br />Surpreendentemente, neste ponto "O Segredo" <span style="font-style: italic;">quase</span> acerta. Se não fosse pelo que está tentando sugerir nas entrelinhas, John Hagelin teria finalmente acertado a mão.<br /><br />Realmente o placebo apresenta resultados formidáveis em algumas situações: <span style="font-style: italic;">aparentemente </span>funciona em cerca de 30% dos casos de dor, em 40% dos casos quando o paciente acha que está tomando Viagra e em até 50% quando usado no lugar do Prozac (alguns pesquisadores chegam a dizer que todas as drogas contra a depressão funcionam pelo efeito placebo).<br /><br />John Hagelin portanto está certo em uma coisa: <span style="font-weight: bold;">a disposição mental de um paciente, suas esperanças e crenças, são sim um fator poderoso em qualquer tratamento médico</span>. Se bem que isso nunca foi nenhum Segredo...<br /><br />Agora vêm os "poréns". <span style="font-style: italic;"><br /><br />Porém Um</span>: é muito difícil dizer qual <a href="http://pubs.acs.org/hotartcl/mdd/99/aug/mysterious.html">a extensão real</a> do efeito placebo. Existe um monte de doenças que se curam espontaneamente, ou que vão e vêm em ciclos, como alergias, dores musculares, enxaquecas, crises de depressão e outras (existem doenças que o paciente nem sequer tem, são fruto de sua imaginação, como no caso extremo dos hipocondríacos). Outras doenças têm um componente psicológico tão grande que se resolvem só com um pouco de atenção e cuidado genuíno do médico (coisa cada vez mais rara) ou com o ritual mágico de um curandeiro (coisa cada vez mais comum). E na maioria das vezes o que placebo faz é estimular uma mudança saudável de hábitos e um empenho maior no tratamento. A cura nesse caso não vem do placebo mas da confiança que se deposita nele.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Porém Dois</span>: em muitos casos o placebo simplesmente não funciona. Trate um diabético com soro fisiológico em vez de insulina e ele definhará, por maior que seja sua crença no tratamento; dê um anticoncepcional de farinha a uma mulher e ela terá as mesmas chances de engravidar do que outra que não tomou nada.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Porém Três</span>: o efeito do placebo nunca é maior do que o efeito do medicamento de verdade. É justamente assim que se sabe quando uma droga funciona mesmo, comparando-a com o placebo. Se chá de catuaba misturado com pó de chifre de rinoceronte incrementa a ereção de alguém tanto ou menos do que uma pílula azul de açúcar então a beberagem também é um placebo.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:00:54</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4WLuND-ekJAYs4uiKF4NjW-zys_5IMcq39O5nZErCDvA4OYGYWYcVAaeKO0oiu-RVwvpmRl8ULGOxEkTZYtNHAAYekb9mti4T4xo8RnYDOYNd2hAeSWLhr9Eij2RtvPfJ0y7G/s1600-h/Picture+11.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4WLuND-ekJAYs4uiKF4NjW-zys_5IMcq39O5nZErCDvA4OYGYWYcVAaeKO0oiu-RVwvpmRl8ULGOxEkTZYtNHAAYekb9mti4T4xo8RnYDOYNd2hAeSWLhr9Eij2RtvPfJ0y7G/s200/Picture+11.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140649511181005378" border="0" /></a>"Nós temos milhares de doenças lá fora. Elas são apenas o elo fraco da corrente. <span style="font-weight: bold;">Elas são todas o resultado de uma coisa apenas: stress.</span> Quando você coloca tensão na corrente você coloca tensão no sistema e um dos elos se parte. <span style="font-weight: bold;">Nossa fisiologia cria doenças </span>para nos dar feedback,<span style="font-weight: bold;"> para nos fazer saber que estamos desbalanceados, que não estamos amando, que não somos gratos</span>. Por isso os sinais corporais e sintomas [de uma doença] não são algo terrível.<br /><br />A questão que é freqüentemente perguntada é: quando uma pessoa manifesta uma doença no templo do seu corpo, ela pode ser curada através do pensamento positivo? A resposta é absolutamente sim!"<br /></blockquote><br />Realmente existem evidências bastante fortes mostrando relação entre <span style="font-style: italic;">stress</span> e doenças como depressão, síndrome do pânico, asma, herpes, doenças do coração, obesidade, problemas estomacais etc. Mas daí a culpar o <span style="font-style: italic;">stress</span> por todas as disfunções psicológicas, síndromes, infecções, viroses, doenças degenerativas, congênitas etc é um exagero que não têm respaldo da <a href="http://www.medpagetoday.com/Psychiatry/AnxietyStress/tb/6926">literatura científica</a>.<br /><br />Pior que dizer que <span style="font-style: italic;">todas</span> as doenças são causadas por stress é afirmar que desenvolvemos doenças por sermos mal agradecidos ou por não estarmos enamorados com o Universo. Ninguém precisa pensar muito para ver que há alguma coisa errada nessa idéia. Afinal bebês recém nascidos, novos demais para serem tanto estressados quanto ingratos, também adoecem. De fato, a maior incidência de câncer em crianças ocorre entre zero e quatro anos de idade.<br /><br />E para quem insistir nessa idéia eu tenho uma novidade: <span style="font-style: italic;">animais</span> também ficam doentes! Galinhas ficam gripadas, gatos têm diabetes, peixinhos dourados têm cálculo renal, chimpanzés contraem HIV da mesma maneira que a gente, e a taxa de incidência de câncer entre os cães é quase a mesma que entre os humanos. Tudo bem que um animal pode ficar tão ou mais estressado que um homem, mas acho que ninguém acredita que a fisiologia canina cria doenças para que os cães saibam que precisam ser mais gratos por sua ração.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:02:36</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJYUsEUX0UM_1FZIKjrVl6xK9AheiZECinPOZM4guk6CeZ61DSNiK8ukDlSmU68-jvrvjqWs90f2xQeydbcMalU8waXf6ioVS_5MSqBDybvmlm8ztee-V0ZBo2V5LEYQ4zAgC_/s1600-h/Picture+12.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJYUsEUX0UM_1FZIKjrVl6xK9AheiZECinPOZM4guk6CeZ61DSNiK8ukDlSmU68-jvrvjqWs90f2xQeydbcMalU8waXf6ioVS_5MSqBDybvmlm8ztee-V0ZBo2V5LEYQ4zAgC_/s200/Picture+12.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140651886297920082" border="0" /></a>"Nós nascemos com um programa básico, chamado auto-cura. Se você tem um ferimento ele sara; se você pega uma infecção seu sistema imunológico entra em ação, elimina aquela bactéria e se cura<span style="font-weight: bold;">. O sistema imunológico é feito para se curar. A doença não pode viver num corpo que está num estado emocional saudável.</span> Seu corpo está criando milhões de células a cada segundo. Na verdade, partes inteiras do seu corpo são trocadas literalmente a cada dia. Outras partes levam alguns meses, ou anos para serem trocadas, mas dentro de alguns poucos anos nós temos um corpo inteiramente novo!"<br /></blockquote><br />Não, nosso corpo não <span style="font-style: italic;">foi feito</span> para se curar e não, você não tem um corpo novo a cada temporada.<br /><br />Mesmo que uma vida emocionalmente regrada operasse milagres isso não poderia curar nem <span style="font-style: italic;">doenças degenerativas do cérebro</span>, como o mal de Alzheimer, nem <span style="font-style: italic;">distrofias musculares</span>, uma vez que, diferentemente das células de outros tecidos, as células do sistema nervoso e as dos músculos <span style="font-style: italic;">nunca</span> se renovam (é verdade que estudos mais novos têm mostrado que a neurogênese é sim possível em <span style="font-style: italic;">certas regiões específicas</span> do cérebro, ao contrário do que se acreditava, mas isso não quer dizer que estas células têm um ciclo de renovação como o filme afirma).<br /><br />Quanto à alegação de que pessoas emocionalmente saudáveis não ficam doentes, existem tantas maneiras de testá-la que é até difícil escolher uma. Nós poderíamos por exemplo fazer com que a Pessoa Mais Feliz do Mundo ingerisse uma cápsula com o vírus Ebola tratando-a unicamente com musicais da Disney, tipo o "<span style="font-style: italic;">High School Musical"</span>. Como normalmente menos de 10% das pessoas infectadas pelo Ebola sobrevive, será relativamente fácil verificar se a felicidade pode realmente expulsar o vírus.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:03:49</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF9cy1rV34sDYCP6ZGyqx_eZECkIzdBWZJRCqaHVmPcACg2BQ5-mpyKdrNe3T0vShhbTVod0suDpY7AihElpEnB3aHP4e1RAwijk-YjE8Ioy_UTL6LYd4GelTR1-YTp-dPQ4sj/s1600-h/Picture+13.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF9cy1rV34sDYCP6ZGyqx_eZECkIzdBWZJRCqaHVmPcACg2BQ5-mpyKdrNe3T0vShhbTVod0suDpY7AihElpEnB3aHP4e1RAwijk-YjE8Ioy_UTL6LYd4GelTR1-YTp-dPQ4sj/s200/Picture+13.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140652388809093730" border="0" /></a><span style="font-style: italic;"> "<span style="font-weight: bold;">Pensamentos alegres levam a uma bioquímica alegre</span>, um corpo mais feliz, mais saudável. Pensamentos negativos, stress, degradam seriamente o corpo e o funcionamento do cérebro."</span><br /></blockquote><br />O que é uma <span style="font-style: italic;">bioquímica alegre</span>? Só uma figura de linguagem infeliz, do tipo que abunda na Superinteressante, ou realmente enzimas saltitantes cantarolando "Age of Aquarius" enquanto processam carboidratos no ciclo de Krebs? Exagero meu talvez, mas não se esqueça que John Hagelin estava naquele <span style="font-style: italic;">outro</span> filme, que mostrou ao mundo células dançando <span style="font-style: italic;">polka</span> numa festa de casamento...<br /><br />Até onde se sabe pensamentos alegres <a href="http://content.karger.com/produktedb/produkte.asp?typ=fulltext&file=NIM2005012004195">não disparam alterações</a> bioquímicas no corpo, em vez disso eles estimulam o cérebro a produzir certas substâncias associadas ao prazer como dopamina e endorfinas, que têm o feliz efeito de provocar alívio de dores e atenuação dos sintomas de algumas doenças.<br /><br />É claro que pensamentos negativos não são bons para ninguém, mas sozinhos não podem ser culpados por provocar doenças. Se fosse assim os hipocondríacos -- pessoas que pensam o tempo todo que estão doentes e não acreditam quando o médico lhes diz o contrário -- manifestariam doenças reais e não imaginárias, como é quase sempre o caso.<br /><div><br /><span style="font-weight: bold;">01:04:09</span><br /><br /><span style="font-style: italic;"><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzGNCtgRQYkGma8jRuAa-lpCM0QpKcPMc4NTlmP_UTNYmCxE7tO304mIihqkdDRhR54430JeLJqeI37JTvbxy1KqDUQociXJmUSkDUCSXwU-Ecfd_fmuZ45otNugClScLA3oeO/s1600-h/Picture+20.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzGNCtgRQYkGma8jRuAa-lpCM0QpKcPMc4NTlmP_UTNYmCxE7tO304mIihqkdDRhR54430JeLJqeI37JTvbxy1KqDUQociXJmUSkDUCSXwU-Ecfd_fmuZ45otNugClScLA3oeO/s200/Picture+20.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5152412318634759330" border="0" /></a>"Remova o stress fisiológico do corpo e o corpo faz o que ele foi <span style="font-weight: bold;">projetado</span> para fazer: ele se cura."</blockquote></span><br />A não ser que você acredite que o homem foi feito de barro no sexto dia de uma semana bem movimentada, esqueça essa idéia de que nosso corpo vem com um mecanismo de cura universal projetado por um <span style="font-style: italic;">designer</span> cósmico.<br /><br />Repetindo: nosso corpo não <span style="font-style: italic;">foi feito</span> para se curar. O único motivo das pessoas hoje não morrerem aos milhões com um simples resfriado é porque... as pessoas já morreram aos milhões <span style="font-style: italic;">no passado</span> com um simples resfriado! É assim que funciona a <span style="font-weight: bold;">evolução pela seleção natural</span>: aqueles que sobrevivem a uma praga por serem naturalmente resistentes a ela têm uma boa chance de passar esta imunidade aos seus descendentes. Esta é a <span style="font-style: italic;">sobrevivência do mais apto</span>, de que falava Darwin.<br /><br />Por exemplo, os índios da América não morreram como moscas quando os europeus invadiram suas praias por causa de uma crise de depressão coletiva (que seria até justificável se eles soubessem que seriam convertidos ao catolicismo à ferro e a fogo e depois de alguns séculos estariam vendendo miçangas nas estradas....). Morreram porque foram expostos a novos tipos de vírus -- principalmente Influenza (o vírus da gripe) e varíola -- para os quais não tinham ainda imunidade (sobre isso recomendo o excelente livro "<span style="font-style: italic;">Armas, Germes e Aço</span>" de Jared Diamond). O mesmo aconteceu mais tarde com a gripe espanhola, que matou 5% da população do planeta no início do século. Se um designer planejava nos projetar resistentes a todas estas doenças desde a versão 1.0 ele fez um péssimo trabalho de engenharia...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:11:01</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeIX17IR7VThZdCaP0hhcEXgRUBPLxop5dnB7U_isnPyj6rrCBtZIjmdSwUrd2gCedk_JIm4HssB2w30P2J4h9kkkEfJfiDtTqz6OaeGmL3yhOuy3spQaIqSxUXNwHuRnD1wiG/s1600-h/Picture+2.png"></a><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeIX17IR7VThZdCaP0hhcEXgRUBPLxop5dnB7U_isnPyj6rrCBtZIjmdSwUrd2gCedk_JIm4HssB2w30P2J4h9kkkEfJfiDtTqz6OaeGmL3yhOuy3spQaIqSxUXNwHuRnD1wiG/s1600-h/Picture+2.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeIX17IR7VThZdCaP0hhcEXgRUBPLxop5dnB7U_isnPyj6rrCBtZIjmdSwUrd2gCedk_JIm4HssB2w30P2J4h9kkkEfJfiDtTqz6OaeGmL3yhOuy3spQaIqSxUXNwHuRnD1wiG/s200/Picture+2.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5151408249770234978" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"Uma das questões que eu recebo quase todo o tempo e que provavelmente está na sua cabeça agora é 'bem, se todo mundo usa o segredo e todos tratam o universo como um catálogo nós não vamos acabar com tudo? se todo mundo for ao caixa ao mesmo tempo isso não vai quebrar o banco?'</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ1WpOoqky5M_5XB7ayQLvrgYnOU4KCzm_vEZKn66B_wR3LyASyehthwqVaE01Yz3pvaBciI598BlWG2M3-um16dOu4LnNQmXQc1Dy9wpObQB0m4DyZWVCkQGNFlDoJyQxqSLx/s1600-h/Picture+1.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ1WpOoqky5M_5XB7ayQLvrgYnOU4KCzm_vEZKn66B_wR3LyASyehthwqVaE01Yz3pvaBciI598BlWG2M3-um16dOu4LnNQmXQc1Dy9wpObQB0m4DyZWVCkQGNFlDoJyQxqSLx/s200/Picture+1.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5151408653497160818" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"A beleza do ensinamento de o segredo é que há mais do que o bastante para todo o mundo. Existe esta mentira, que age como um vírus na mente da humanidade, e esta mentira é que 'não há o bastante para todo mundo'; que há falta, que há limitação, que não há suficiente. Esta mentira faz com que as pessoas vivam com medo, ganância, avareza e estes pensamentos se tornam sua experiência. Assim o mundo tomou essa pílula do pesadelo </span>[aqui o filme mostra um contigente militar indo à guerra]<span style="font-style: italic;">. Mas a verdade é que há o bastante para todo mundo; <span style="font-weight: bold;">há mais do que o bastante de idéias criativas, há mais do que o bastante de amor, há mais do que o bastante de alegria</span>."</span></blockquote><br />Idéias criativas e amor, <span style="font-style: italic;">uma ova</span>! Citando os Beatles, as melhores coisas da vida são de graça, mas você pode deixar isso para os pássaros e abelhas; agora me dá meu dinheiro que é isso é o que quero!<br /><br />É um (triste) fato, não uma mentira ou um vírus: não há recursos naturais suficientes no planeta para sustentar indefinidamente as atuais taxas de crescimento econômico, tomando como base o padrão de consumo americano. Na verdade, os economistas <a href="http://www.culturechange.org/cms/index.php?option=com_content&task=view&id=124">estimam</a> que se toda a população do mundo de repente começasse a consumir e gerar lixo nas mesmas quantidades que os EUA, seria necessário que nosso planeta fosse <span style="font-style: italic;">seis</span> vezes maior.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:12:19</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgLvjF04lA7ni26rXXC5yrg2Py9Z3-O9ra6sA372hcjuLGisidmye83VjbtEBt1wUNP2EobGJDcm9X5BB86j9h3uLNsQNvVPNVpbfgIVygIOAmhjx0oifobGldxpex0Y4PpDkM/s1600-h/picture+100.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgLvjF04lA7ni26rXXC5yrg2Py9Z3-O9ra6sA372hcjuLGisidmye83VjbtEBt1wUNP2EobGJDcm9X5BB86j9h3uLNsQNvVPNVpbfgIVygIOAmhjx0oifobGldxpex0Y4PpDkM/s200/picture+100.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5152140309765969042" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"Todo grande mestre que já andou por este planeta nos ensinou que a vida deveria ser abundante. E assim, toda vez que nós pensamos que os recursos estão acabando, nós achamos novos recursos para fazer a mesma coisa."</span><br /></blockquote><br />Pode ser, pode não ser. Mas provavelmente no tempo dos grandes mestres nem todo mundo sonhava em ter banheiras de hidro-massagem em casa ou Hummers na garagem.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:14:21</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-io8JtlMUAPoz07-lLt-ed69xV0tejHEpKRtDt-_eBL6hVAmmeXC4dyyTn8pQ16LTPsJi_uSuXGexbPChDyeXlhBu3tZ7Iuudl-tyYcyW5vQ9oEPnSLLukNvz9NVoIHwZIo06/s1600-h/Picture+99.jpg"></a><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-io8JtlMUAPoz07-lLt-ed69xV0tejHEpKRtDt-_eBL6hVAmmeXC4dyyTn8pQ16LTPsJi_uSuXGexbPChDyeXlhBu3tZ7Iuudl-tyYcyW5vQ9oEPnSLLukNvz9NVoIHwZIo06/s1600-h/Picture+99.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-io8JtlMUAPoz07-lLt-ed69xV0tejHEpKRtDt-_eBL6hVAmmeXC4dyyTn8pQ16LTPsJi_uSuXGexbPChDyeXlhBu3tZ7Iuudl-tyYcyW5vQ9oEPnSLLukNvz9NVoIHwZIo06/s200/Picture+99.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5152428287323165874" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"Pense nisso por um instante: pegue sua mão e olhe para ela. Sua mão parece sólida mas não é. Se você a colocar num microscópio apropriado verá uma massa de energia vibratória".<br /></span></blockquote><br />É difícil entender aonde o sujeito que disse que não sabia o que era a eletricidade quer chegar, mas mesmo que você metesse a sua mão debaixo de um Microscópio Eletrônico de Tunelamento (o que a rigor não seria possível de qualquer maneira, mas aqui eu estou sendo apenas chato), você poderia no máximo resolver os átomos que compõe a superfície da sua mão, nunca veria alguma coisa parecida com uma "massa de energia vibratória".<br /><br />Só para constar: energia não é uma entidade que pode ser observada, no sentido em que se observa uma pedra caindo ou um átomo. <span style="font-style: italic;">Mal comparando</span> é como observar o vento, você não o vê diretamente, apenas vê o seu efeito nas coisas.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:14:33</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4bRmJ6Z7H47-I_QB-Y4wTuCTfT5ZNr2JfjaPAdnFavKbXBSqQCly1yz5t4gOhXJikKkwa9-2s2tn7hX62aqxqNnWZY1RSbtLMuvCg59EtfS5aBExS7zKx4oRV-9dMm6fEWTls/s1600-h/Picture+14.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4bRmJ6Z7H47-I_QB-Y4wTuCTfT5ZNr2JfjaPAdnFavKbXBSqQCly1yz5t4gOhXJikKkwa9-2s2tn7hX62aqxqNnWZY1RSbtLMuvCg59EtfS5aBExS7zKx4oRV-9dMm6fEWTls/s200/Picture+14.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140675753431183986" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"Tudo é feito exatamente da mesma coisa, seja sua mão, seja o oceano ou uma estrela. Tudo é energia. E deixa eu te ajudar a entender isso: existe o Universo é claro, e nossa galáxia e nosso planeta, e então tem as pessoas e </span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikcLEpDCglUo2AWSAuL7NqsxEdOSMHjHVuiI1bfE8P0O46_E49r4XSLaeS9ISPyLK-ygj3DoRMvq4-wSpataVv6M1y-Wba9zkBHgVOEdX1b7pGlQDhnkx0bpREt5vb-GtZSzQs/s1600-h/Picture+3.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikcLEpDCglUo2AWSAuL7NqsxEdOSMHjHVuiI1bfE8P0O46_E49r4XSLaeS9ISPyLK-ygj3DoRMvq4-wSpataVv6M1y-Wba9zkBHgVOEdX1b7pGlQDhnkx0bpREt5vb-GtZSzQs/s200/Picture+3.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5152456058581701842" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">dentro delas, o orgãos, e as células e então vêm as moléculas, e os átomos e dentro deles há energia. </span><span style="font-style: italic;">Logo, há um monte de níveis sobre os </span><span style="font-style: italic;">quais falar, mas no final tudo no universo é energia."<br /><br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJQ09a8yAS8YgeUTCQKX_jrvrIlmtWje7ZYkl9m-d7sPvqQ_EJUfaNFYXJ8XS0-L7CskH23dEhIBkgmRIU-wvl8G4gk-3mFn7xJLTjH-oX8YyCN3ZKxUtbF-mxwoFjtGXz0YEB/s1600-h/Picture+4.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJQ09a8yAS8YgeUTCQKX_jrvrIlmtWje7ZYkl9m-d7sPvqQ_EJUfaNFYXJ8XS0-L7CskH23dEhIBkgmRIU-wvl8G4gk-3mFn7xJLTjH-oX8YyCN3ZKxUtbF-mxwoFjtGXz0YEB/s200/Picture+4.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5152456707121763554" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"<span style="font-weight: bold;">Não importa em qual cidade você vive</span>, você tem energia em seu corpo, energia potencial, para iluminar uma cidade inteira por aproximadamente uma semana"</span></blockquote><br />Vamos começar pelo final, que parece alguma coisa que o Morpheus disse em Matrix enquanto segurava uma pilha Duracell. O Brasil <a href="http://www.nationmaster.com/graph/ene_ele_con_percap-energy-electricity-consumption-per-capita">consome</a> aproximadamente 2.000 kWh por pessoa anualmente (este número é seis vezes maior nos EUA). Fazendo as contas para quanto uma cidade de 1 milhão de habitantes consumiria em uma semana, dá mais ou menos 40 milhões de kWh. Deixa eu ver... <span style="font-style: italic;">nop</span>, não há como extrair essa energia elétrica de um único corpo humano (a não ser é claro que você se lance dentro de um reator de fissão nuclear, mas eu acho que pouca gente está disposta a fazer isso).<br /><br />A NASA, que por motivos óbvios tem o maior interesse em conseguir aproveitar a energia corporal nas viagens espaciais, <a href="http://www.space.com/businesstechnology/technology/body_power_011128-1.html">calcula</a> que uma pessoa dormindo pode gerar até 81 W de energia aproveitável, uma pessoa andando 163 e um maratonista 1048, o que daria no geral, calculam, uns 11 kWh por dia. Isso dá menos de 80 kWh em uma semana (na prática esse número seria <span style="font-style: italic;">muito</span> menor pois é impossível com os meios atuais transformar a energia corporal em eletricidade com 100% de eficiência; por exemplo, os materiais termoelétricos existentes hoje só conseguem converter 3% do calor do corpo), muito abaixo dos 40 milhões necessários para manter uma cidade.<br /><br />O outro erro é dizer que a energia está <span style="font-style: italic;">dentro</span> dos átomos. Como Einstein mostrou com sua famosa expressão <span style="font-style: italic;">E=mc^2</span>, <span style="font-weight: bold;">matéria </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">é</span> <span style="font-weight: bold;">energia</span>. O que isto quer dizer é que a massa pode ser <span style="font-style: italic;">considerada</span> como uma forma de energia (mas não o contrário); isto <span style="font-style: italic;">não</span> quer dizer que se você observar a matéria em um microscópio muito poderoso chegará ao ponto em que <span style="font-style: italic;">verá</span> a energia.<br /><br /><span style="font-style: italic;">[Atualização] Realmente a Teoria das Cordas ("String Theory") ou como é mais comumente chamada hoje em dia, Teoria do Tudo ("Theory of Everything" ou "TOE"), defende a idéia de que a matéria é constituída não de partículas, mas de absurdamente minúsculos campos de energia vibratórios (as tais "cordas"). Infelizmente esta teoria, apesar de sedutora por unificar a teoria da relatividade e a teoria quântica, ainda não foi comprovada experimentalmente (alguns duvidam que possa ser um dia) nem fez nenhuma predição que pudesse ser observada, por isso continua à margem da física.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">1:17:38</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgphN_zfwF15AAQWJTWJhtYgcV-TVshF_Ezwtj1LR5rTxjxb3OnfqP-dFexOYMX5VKnoihaIiJzdvF91SM1CgZ7zYJpTk4Ab2p8kSnR4-x_91C40b_5qLM0nsqUDE08xPfPWEWo/s1600-h/Picture+17.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgphN_zfwF15AAQWJTWJhtYgcV-TVshF_Ezwtj1LR5rTxjxb3OnfqP-dFexOYMX5VKnoihaIiJzdvF91SM1CgZ7zYJpTk4Ab2p8kSnR4-x_91C40b_5qLM0nsqUDE08xPfPWEWo/s320/Picture+17.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140676182927913602" border="0" /></a><br /><br /><span style="font-style: italic;">"Todo o poder vem de dentro e portanto está sob seu controle." </span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Robert Collier</span><br /></blockquote><br />Depois de Einstein, Buda e Graham Bell você poderia se achar na obrigação de conhecer esse tal de Robert Collier. Fique tranquilo: Collier é somente mais um autor de livros de auto-ajuda bem conhecido pelos íntimos do Novo Pensamento. Citá-lo tem mais ou menos o mesmo valor que citar a própria autora de "O Segredo".<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:20<br /><br /></span><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLFGUZPknD2s-Y1asfeBi0VJoo2H7M9aqIcvtjITVLMmdnA5QHaUkSHNudFMeMJ1BCNZrivJS1PJ5qAdCjngWoBcsPlBUEQxj106LNAaoaI1hyh-dxeRIRDC6RtgX5uXEFK7_5/s1600-r/Picture+1+20+00.png"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3kgrNehyu5i2v2T6uL34dE7PeqZDo-DVnSTzoAcjoGiC0ifgg51d0BUvDJZv48q_kRANLGJLGgOv66FBExPxZ1hVpp_9ol7XwJBb8k0NMiaz9XzAoKi-QykDocBVvktA7WcyI/s320/Picture+1+20+00.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139430651002007826" border="0" /></a><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2fx2KtJMrfuwFNVPtb-hBruKM64oFCyUMbHUCJQDLy2Yt4RuiijPNQK5GD1b2UlLlNwNJNBrdz6AuvJfEUGpWj5cblqlNtF1Vtyrr8T5KhSF6_ZTqJu1hgGMpXffuWNaPnv5u/s1600-r/Picture+4.png"><img style="cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Mzq4O6AwBeN6dutrbxlzK_ewkF62lpwaY8yImIouS9byuLXiit9jCtX0TEyvtwp8dCzYorAJr-xvWJy-aLrX0K7B1_Q91tent7pF1c97Pp2CJfwcx9SwVFo8GjZk9A3WpUtG/s320/Picture+4.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139430522152988930" border="0" /></a><br /></blockquote><br />Novo festival de caretas do Fred. Parece que alguém está precisando se alinhar ao Universo ou não vai ganhar filme novo esse ano...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:24:08</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6twaN4v6y0L21zYSYydx63K_yqiIe3NZggnSc9VziSGyiLqnZ5kh40BxZOX3SnoKW-vRd9dMFURuPT2D6XGOmdP0hAY8drxzZRCRo_1tOYoGmpKLkeep2HEyW0RJe48CGVrz0/s1600-h/Picture+18.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6twaN4v6y0L21zYSYydx63K_yqiIe3NZggnSc9VziSGyiLqnZ5kh40BxZOX3SnoKW-vRd9dMFURuPT2D6XGOmdP0hAY8drxzZRCRo_1tOYoGmpKLkeep2HEyW0RJe48CGVrz0/s200/Picture+18.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140676913072353938" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"Lembre-se que nós usamos somente 5% do potencial da mente humana. Cem por cento podem ser alcançados com treinamento adequado. Agora imagine um mundo em todas as pessoas usam totalmente seu potencial mental e emocional. Nós poderíamos ir a qualquer lugar, fazer qualquer coisa, conseguir qualquer coisa."</span> </blockquote><br />Já chegando ao final do filme John Hagelin lança mão do batido mito de que o homem só usa 5 ou 10% do cérebro (eu estava esperando que isso viesse mais cedo, afinal este é o maior suporte para as teorias mirabolantes sobre poder da mente).<br /><br />O maior problema deste tipo de mito é que para dizer que alguém usa apenas 5 ou 10% do <span style="font-style: italic;">potencial</span> da mente humana é preciso estabelecer quanto é 100% e ninguém imaginou ainda uma maneira de fazer isso. Por exemplo, como você vai virar para o Pelé e dizer que ele só usava 5% do <span style="font-style: italic;">potencial</span> da mente dele para jogar futebol? Ou dizer pro Beethoven que ele só estava usando 10, ou 20, ou <span style="font-style: italic;">x</span> porcento do potencial da mente dele quando compôs a Nona Sinfonia?<br /><br />Em outras palavras, qualquer medida do potencial da mente humana será sempre arbitrária. John Hagelin por exemplo arbitrou vagamente que com 100% nós "<span style="font-style: italic;">poderíamos </span><span style="font-style: italic;">ir a qualquer lugar, fazer qualquer coisa</span>". Se isso incluir a capacidade de se teletransportar para outro planeta então acho que estamos ainda muito aquém dos 5%...<br /><br />O Alexandre Taschetto escreveu um <a href="http://projetoockham.org/boatos_cerebro_1.html">ótimo artigo</a> sobre este mito no <span style="font-weight: bold;">Projeto Ockham</span>.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">1:27:41</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4K79iSI2GiSYn7623ndhfeivCD0YK5cQxvckMC9TSRjkhu0DND-2JgRasyFTnWjvvfOA6aQYdL1L1hhmL-SjdsRANJxMvOC180e9p6HHlkJO4TNjDFUG9Mf69_u8k_avsUfWJ/s1600-h/Picture+1.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4K79iSI2GiSYn7623ndhfeivCD0YK5cQxvckMC9TSRjkhu0DND-2JgRasyFTnWjvvfOA6aQYdL1L1hhmL-SjdsRANJxMvOC180e9p6HHlkJO4TNjDFUG9Mf69_u8k_avsUfWJ/s200/Picture+1.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5152865098382071026" border="0" /></a><br /><br />"Sinta-se bem."</blockquote><br /><br /><br /><br />Agora que o filme acabou eu me sinto bem melhor, obrigado.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Conclusão<br /></span><span style="font-style: italic;">Guaribas</span> no Piauí, escolhida como marco zero do programa Fome Zero, é um dos vilarejos mais miseráveis do mundo. Lá não tem água, energia elétrica, telefone público, um posto de saúde sequer, farmácia, e o esgoto corre a céu aberto.<br /><br />Em Guaribas as crianças não sonham com bicicletas, sonham com água. Se as crianças de Guaribas assistissem DVDs ou conseguissem ler livros de auto-ajuda, poderiam aprender com "O Segredo" que tudo o que precisam fazer para conseguir água -- em vez de andar 14 km, ida e volta, todos os dias, às vezes duas vezes por dia, até um açude lamacento -- é contemplar diuturnamente a foto de um balde d'água. Um dia, quem sabe, o Universo providenciará para que o próprio presidente da república apareça às suas portas saltando de um reluzente caminhão-pipa.<br /><br />Mas como as crianças de Guariba não sabem usar o Segredo nem têm o que comer e o que bebem é uma água barrenta infectada pelo lixo, a taxa de mortalidade infantil por lá só é comparável às das regiões mais pobres da África. A maior parte das mulheres de Guaribas já perdeu pelo menos um filho. Rhonda Byrne poderia dizer a estas mães que seus filhos ficaram doentes porque eles, ou elas, não estavam suficientemente gratos pelo que o universo lhes oferece.<br /><br />Extrapole este exemplo para qualquer rincão miserável do planeta e você verá qual o verdadeiro segredo de "O Segredo": que ele não passa de <span style="font-weight: bold;">uma filosofia cruel</span> que joga sobre os desafortunados, os doentes e miseráveis toda a responsabilidade por suas mazelas, enquanto libera os felizes, saudáveis e abastados da sua responsabilidade para com os primeiros.<br /><div> </div><div><br />E difícil entender porque uma filosofia tão egoísta veiculada em um filme tão ruim faz tanto sucesso, mesmo levando em conta sua massiva estratégia de marketing (que por aqui quer fazer da Ana Maria Braga a Oprah tupiniquim, com o livrinho "<span style="font-style: italic;">O Segredo por Ana Maria Braga</span>"). Pois se em "Quem Somos Nós" a enganação e a pseudociência ficavam muito bem escondidas do leigo pela edição alucinada, os problemas de "O Segredo" afloram à superfície de uma maneira que qualquer um minimamente escolarizado pode ver (tanto que eu sei que este Guia Cético nunca terá a mesma importância do outro, sobre "What a Bleep Do We Know").<br /><br />É claro que todo mundo (inclusive eu) quer saber como ganhar dinheiro sem trabalhar, emagrecer sem fazer dieta, conseguir um corpo bonito sem malhar, ficar inteligente sem estudar e ter cabelo sem fazer transplante capilar (tá, essa só eu e mais alguns). Mas só os fãs de "O Segredo" estão dispostos a não abandonar sua credulidade por coisas bobas como lógica e bom senso.<br /><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">The End.</span></div></div>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com63tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-8639371871388242542007-12-29T00:50:00.000-02:002008-02-04T11:50:40.621-02:00O Guia Cético para assistir a "O Segredo" - Parte 2<div>Antes de você começar a ler esta continuação do Guia Cético para Assistir a "O Segredo" deixa eu dizer que este foi um dos artigos mais difíceis que já escrevi para o Dragão da Garagem.<br /><br />Não que algum argumento de "O Segredo" tenha sido particularmente desafiador. Foi justamente o contrário. Comparado a "What a Bleep Do We Know", que fazia um bom trabalho tentando se disfarçar de documentário científico, "O Segredo" trata a ciência de forma tão <span style="font-style: italic;">infantil</span> que na maior parte das vezes eu me via sem saber nem como <span style="font-style: italic;">começar</span> a rebater as alegações do filme. Era como ter que explicar que não é um anão dentro da máquina de coca-cola que conta o dinheiro e coloca as latinhas na fenda.<br /><br />Além disso, enquanto "Quem Somos Nós" possuía um certo charme de filme <span style="font-style: italic;">trash</span> que ajudava a tornar, digamos, <span style="font-style: italic;">curiosa</span>, a experiência de assistí-lo (o hilário sotaque lemuriano de Ramtha, os efeitos especiais de propaganda de shampoo, as células com olhinhos e boquinhas sendo dizimadas por um bombardeio de peptídeos etc.),"O Segredo" é <span style="font-style: italic;">exatamente</span> tão interessante quanto pode ser uma convenção da AmWay ou da Herbalife (o que deve te dar uma boa idéia de quão insuportável foi assistí-lo até o fim).<br /><br />Bem, mas a missão está cumprida. No final das contas acabei extrapolando um pouco e comentando não só as enganações científicas mas também os problemas éticos que "O Segredo" levanta. Com isso esta continuação acabou ficando muito maior do que eu gostaria. Como pensando bem não existem muitas "dulogias" famosas por aí, achei uma boa idéia quebrar o post em duas partes mais. A boa notícia é que a terceira parte já está praticamente pronta e sai logo em seguida.<br /><br />Vamos então a segunda parte do Guia Cético para Assitir a "O Segredo".<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:03:32</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQCjzwC-EDUeiYyHrB__iOumkNJwAh0Vf4qNm9v34QkhjLle_L9xDdjtlBe54vbbTiUpOdmW-neq_lcu4Uczk8PPpVtjH3HXM_mW90Hlr4wLzfje7CuCsuOxTnywFYlC-LFDIE/s1600-r/picutre11.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139150065083527330" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe2I-jhLenbT9GCSqwUSkX6eArJetncNDutF7svlqSq2cEPt8Q3A4XvozMNwWwcakN8V-iQCDGN7BS88tiNTlpZ-uk3g26nGhZXo06faKWsKSQsNxB4WlXrVxqtPqlcOaLpJCh/s320/picutre11.jpg" border="0" /></a><br /><br /><span style="font-style: italic;">"O Segredo é a resposta para tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será."</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Ralph Waldo Emerson</span><br /></blockquote><br />Ralph Waldo Emerson, poeta e ensaísta americano famoso no século XIX pelos seus discursos abolicionistas, está para a literatura de seu país mais ou menos como Castro Alves está para a nossa. Quem vê uma figura literária do seu porte citando o Segredo assim, tão explicitamente, é até capaz de acreditar no <span style="font-style: italic;">causo</span> do segredo ancestral desenterrado por Templários que foi transmitido só a alguns iniciados até ser acobertado por uma conspiração malvada.<br /><br />O problema é que tudo indica que Emerson nunca disse as palavras acima. Se você fizer uma busca na internet verá que todo mundo que atribui a frase à Emerson cita "O Segredo" como fonte.<br /><br />Por exemplo, Julia Rickert, jornalista do jornal on-line <a href="http://www.chicagoreader.com/">Chicago Reader</a>, foi uma das que <a href="http://www.chicagoreader.com/features/stories/springbooks07/thesecret/">procurou</a> a fonte original da frase de Emerson. Depois que nem mesmo os especialistas na obra de Emerson conseguiram ajudá-la, Julia decidiu contactar a editora de "O Segredo" e perguntar de onde Rhonda Byrne havia tirado a citação. Tudo o que conseguiu, além de uma mensagem padrão isentando a editora da responsabilidade pelo conteúdo do livro, foi a promessa de que a questão seria endereçada à autora.<br /><br />Ou Rhonda Byrne descobriu alguma obra inédita de Emerson enterrada sob uma pirâmide durante todo o último século, ou ela simplesmente inventou a frase.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:03:38</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUSzkzPIvTjaz1ZKyvLKZMUxUw9de3wF9ICmKE-61cvCmYGu0Gx9z87P14HWLDjktQrU7G0hbZ81eeXrKMQnH6X5oizcXY3r_CMJtzz1QHp5MKoE6ABIwc03ME0p1j3GkPCAov/s1600-h/Picture+6.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140641080160203090" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUSzkzPIvTjaz1ZKyvLKZMUxUw9de3wF9ICmKE-61cvCmYGu0Gx9z87P14HWLDjktQrU7G0hbZ81eeXrKMQnH6X5oizcXY3r_CMJtzz1QHp5MKoE6ABIwc03ME0p1j3GkPCAov/s200/Picture+6.png" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"Você provavelmente está sentado aí pensando "O que é o Segredo"? Eu vou lhe dizer como eu vim a entendê-lo. </span><span style="font-style: italic;">Todos nós estamos submetidos</span><span style="font-style: italic;"> a uma força infinita. Todos nos guiamos exatamente pelas mesmas leis. As leis do universo são tão precisas que nós não temos nenhuma dificuldade para construir naves espaciais que levam pessoas à Lua. E nós podemos dizer a hora do pouso na Lua com a precisão de uma fração de segundo.</span><span style="font-style: italic;"> </span><span style="font-style: italic;">Não importa se você está na Índia, Austrália (...) [uma lista enorme de países], todos nós estamos submetidos a uma única força, uma única lei: A Atração. O Segredo é a Lei da Atração."</span></blockquote><br />Aqui o sr. <span style="font-weight: bold;">Bob Proctor</span> afirma que a lei da atração é uma lei da natureza, tão precisa e prevísivel quanto a lei da gravidade. Aparentemente o gancho para essa alegação extraordinária é simplesmente o fato de que ambas têm o nome de "lei".<br /><br />Uma <span style="font-weight: bold;">lei da natureza</span> é uma representação <span style="font-style: italic;">simples</span>, geralmente matemática, de um comportamento da <span style="font-style: italic;">natureza</span>. Por exemplo, a <span style="font-weight: bold;">lei da gravidade</span> diz que os <span style="font-style: italic;">corpos se atraem com uma força proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles</span>. Essa é uma lei da natureza porque os físicos acreditam que ela é <span style="font-style: italic;">universal</span> e <span style="font-style: italic;">imutável</span> (e obviamente independente da existência humana). É assim que devem ser as leis da natureza.<br /><br />Mas nem tudo o que tem o nome de "lei" é uma lei <span style="font-style: italic;">da natureza</span>. Por exemplo, nas outras áreas de conhecimento você pode chamar de lei qualquer regra empírica que pareça se aplicar com uma certa (e maleável) regularidade. Assim temos, por exemplo, a <span style="font-weight: bold;">lei de Moore</span> segundo a qual "<span style="font-style: italic;">a cada dois anos a capacidade de processamento dos microprocessadores dobra</span>", e a <span style="font-weight: bold;">lei da oferta e da procura</span> que diz mais ou menos que "<span style="font-style: italic;">quanto menor a oferta e maior a demanda de um produto mais caro é o preço cobrado por ele"</span>. Mas é claro que estas não são leis no sentido estrito que a ciência lhes dá, afinal ninguém espera que elas sejam universais nem atemporais, e isso vale também para a lei da atração.<br /><br />Tudo bem, você está disposto a reconhecer que a lei da atração não é uma lei da natureza só porque tem a palavra "lei" no nome. Mas e daí? será que a lei da atração realmente não é previsível o suficiente para ser comparada a uma lei da natureza (o que afinal de contas é o quer provar o filme)? Bem, se tudo o que eu disse sobre os furos da lei da atração na primeira parte deste Guia não foram suficientes para responder esta pergunta, talvez a gente possa tentar uma outra abordagem. Para isso vamos pensar numa outra lei muito parecida com a lei da atração: a <span style="font-weight: bold;">lei de Murphy</span>.<br /><br />A lei de Murphy diz que "<span style="font-style: italic;">tudo o que pode dar errado vai dar errado no pior momento e de maneira que cause o maior dano possível</span>" e cá entre nós, ela "funciona" muito melhor do que a lei da atração (ou vai dizer que seu computador nunca deu pau quando você mais precisava dele? ou que justamente nos dias em que você esquece o guarda-chuva caem as maiores tempestades!?). E se a lei de Murphy não <span style="font-style: italic;">atrai</span> coisas, como a lei da gravidade, pelo menos se encarrega de fazer como que as torradas sempre caiam com a manteiga para baixo... (aplicação de um corolário da lei de Murphy conhecido por "gravitação seletiva" que faz com que as coisas caiam de forma a causar sempre o maior estrago possível).<br /><br />Tanto a lei de Murphy quanto a lei da atração nos dão a sensação de que "funcionam" porque temos a tendência de colher seletivamente os exemplos da sua eficácia (o tal "<span style="font-style: italic;">wishfull thinking")</span>. Enquanto na lei da atração geralmente pinçamos as casualidades fortuitas e os desejos realizados para nos convencer que ela dá certo, na lei de Murphy é quando as coisas dão errado apesar de todos os nossos esforços, que a lei se confirma uma vez mais (aí só resta usá-la como desculpa: "sabe como é chefe... é a lei de Murphy...").<br /><br />Oposta na finalidade mas igual no mecanismo, a lei da Murphy é apenas uma gozação global com a mania humana de enxergar padrões onde eles não existem. Por outro lado sua <span style="font-style: italic;">nêmesis</span>, a lei da atração, aspira ser equiparada a uma lei da natureza...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:06:11 <span style="font-style: italic;">[atualizado]</span></span><br /><br /><span style="font-style: italic;"><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEjM11VJ-rZTFoHRIh_moyRqkEtQoHPUQjqqvAuBC0Hr6GcrLP7zdjxc989lMV_w40q08gyAIL08LbMw9ViXmHIDqF9ImTARGt-emxaNu477oI0A8f-kDvnckuoKfU_ckNrLFx/s1600-h/Picture+8.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140641651390853474" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEjM11VJ-rZTFoHRIh_moyRqkEtQoHPUQjqqvAuBC0Hr6GcrLP7zdjxc989lMV_w40q08gyAIL08LbMw9ViXmHIDqF9ImTARGt-emxaNu477oI0A8f-kDvnckuoKfU_ckNrLFx/s200/Picture+8.png" border="0" /></a>"O que a maioria das pessoas não percebe é que um pensamento tem uma freqüência. <span style="font-weight: bold;">Nós podemos medir um pensamento</span>. É como se você estivesse pensando uma mesma coisa repetidamente, ou como se você estivesse imaginando ter um carro novo em folha, conseguir o dinheiro que precisa, encontrar sua alma gêmea. Quando você faz isso está emitindo aquela freqüência. <span style="font-weight: bold;">Pensamentos estão enviando aquele sinal magnético </span><span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">para fora da sua mente</span> </span>e este sinal está atraindo o sinal correspondente de volta para você. Veja a si mesmo em abundância e você vai atrair isso para você. Funciona sempre e funciona com qualquer pessoa."</blockquote></span><br />Aqui "O Segredo" nos dá duas opções, ambas incorretas é claro: ou o filme fala em sinal magnético querendo dizer na verdade sinal <span style="font-style: italic;">eletromagnético</span> (como uma onda de rádio, por exemplo, opção reforçada pela associação com a palavra "freqüência"), ou se refere mesmo a um campo magnético, o que é meio difícil de entender já que os campos magnéticos atraem o seu <span style="font-style: italic;">oposto</span>, como fazem os imãs, não o seu semelhante -- como teoricamente faria a lei da atração. Como tudo é possível tratando-se desse filme, vamos analisar as duas opções.<br /><br />Primeiramente é preciso esclarecer a diferença entre uma <span style="font-style: italic;">onda eletromagnética</span> e um <span style="font-style: italic;">campo magnético</span>. Um campo magnético é um campo de forças distribuído no espaço que faz, por exemplo, com que os pólos opostos de um imã se atraiam. Agora, quando um campo magnético e um campo <span style="font-style: italic;">elétrico</span> oscilantes se propagam juntos no espaço (perpendicularmente um ao outro) dão origem a uma onda eletromagnética, como as ondas de rádio e a luz visível por exemplo. Fisicamente falando, uma onda eletromagnética não atrai coisa alguma só porque tem "magnética" no nome; em vez disso ela carrega energia, como no caso da luz solar.<br /><br />Um pensamento é uma reação química que produz eletricidade, e como toda corrente elétrica, produz um campo magnético na sua vizinhança (por isso mandam a gente desligar os aparelhos eletrônicos no avião). Só que o campo magnético produzido pelo cérebro é tão pequeno que só pode ser medido por um dispositivo extremamente sensível numa sala completamente blindada contra interferências magnéticas. Para ser mais <a href="http://luem42.com/shame.html">exato</a> o campo magnético produzido pelo cérebro é <span style="font-style: italic;">10 bilhões de vezes</span> menor que o campo magnético da Terra e como sua intensidade é inversamente proporcional ao quadrado da distância da fonte, ele decai rapidamente à medida que se afasta do cérebro, tornando desprezível o que já era ínfimo. Por isso não há sentido prático em dizer que um pensamento envia "um sinal magnético para fora da sua mente".<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:12:19</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisUB0T4GYIUwBUi4UpKV8QGoNS1Qy5R72E6T3BB4PEyPZj-rEMrVCvt1SiVdP84zRsSrAkXd9vTYSQSwg3xEytt5vDBtVIUuJ-54yNXK0fyWbP9U43AgSf2NSudxBVWOvBne9F/s1600-r/Picture+05.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139150696443719890" style="cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgs0nCOMSTnjwAtWzCly7pE9cC0wuZ7iS2dDDrUpUNEGwlT-f60px-CTehrqbDJdOHlCqHoGaP9WJ_t2SQYeeC8oS1LjBvpsOBwf-bBGHe_7yE9qYQstHRpraFmCtmnnG5Yi78s/s320/Picture+05.png" border="0" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2cPFiUUZMwxeSdsAct4nvcncikPQrp9iOn930hWH4FtnLDDMUrGSdyWjFfm5CybBkG52qgC1gN2WXwBzA9Xacx5vgZeCUZ6DlzpO9uLIiV8fGFS0d7NtEGWHsuqXVruD3Rif_/s1600-r/Picture+8.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139150584774570178" style="cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8XnFf_14PhfCssOiKhSGSSw6P0pOi-Fln9ljZV3aEgnu85GIhuLYEIHRpalXH5A9HYOZ-teZFVxXdkUAXCTxH9DlCJGHTT5bp0WGEi0TFE_9KRMpPxS38DUP0ToRGQ0GZimmW/s320/Picture+8.png" border="0" /></a><br /><span style="font-style: italic;"><br />"Eu quero dizer, eu não estou falando somente do ponto de vista de a-cre-di-tar-só-por-que-rer, </span><span style="font-style: italic;">ou i-ma-gi-na-ção... lou-cu-ra... </span>[Fred soletra estas palavras com muitas caras e bocas]<span style="font-style: italic;"> Eu estou falando do ponto de vista de um conhecimento mais profundo. A física quântica realmente começa a apontar para esta descoberta: ela diz que você não pode ter o universo sem a mente fazendo parte dele. A mente está na verdade moldando as coisas que percebemos.</span>"<br /></blockquote><br />Aqui <span style="font-weight: bold;">Fred Allan Wolf</span> aparece fazendo seu papel de ligar o Segredo à Física Quântica.<br /><br />O trecho poderia ser apenas uma sobra ruim das gravações de "What a Bleep Do We Know" (já devidamente refutado no nosso outro Guia Cético) se não fosse por um detalhe engraçado. Em "What a Bleep" Fred se projetava como um velhinho gente boa, sempre sorridente, o tipo de sujeito que a gente adoraria que ensinasse física para os nossos filhos. Mas em "O Segredo" ele parece ter decidido adotar a tática de que o ataque é a melhor defesa. Neste trecho por exemplo, ele se antecipa aos seus críticos e soletra com deboche e muitas caretas as palavras "<span style="font-style: italic;">wishfull thinking"</span>, "<span style="font-style: italic;">imaginary</span>" e "<span style="font-style: italic;">craziness</span>".<br /><br />Ou seja, "<span style="font-style: italic;">No more Mr. Nice Physicist</span>"...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:12:55<br /></span><span style="font-style: italic;"><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFbKJ6xcv653zkftWrRqMLiyhs-uPc83JNWbCDnZOX57xQcfyilhxM3uhZv8xAEFnhypLOKJHG0oJ3MgpOmuhvztGj-qFnQPq0wi9Lyiahn9Z5FdGY1aLu_xFqne7-SY3yYyel/s1600-h/Picture+9.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140642076592615794" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFbKJ6xcv653zkftWrRqMLiyhs-uPc83JNWbCDnZOX57xQcfyilhxM3uhZv8xAEFnhypLOKJHG0oJ3MgpOmuhvztGj-qFnQPq0wi9Lyiahn9Z5FdGY1aLu_xFqne7-SY3yYyel/s200/Picture+9.png" border="0" /></a>"Veja, se você não entende uma coisa não significa que você deve rejeitar essa coisa. Você não entende direito a eletricidade. Antes de mais nada, ninguém nem sequer sabe o que é a eletricidade. Assim mesmo você se beneficia dela. Você sabe como ela funciona? Eu não sei! Mas eu sei o seguinte: você pode fritar a comida de uma pessoa com eletricidade e você também pode fritar a própria pessoa com ela."<br /></blockquote></span><br />Ai, ai... Não engula essa conversa fiada. Nós conhecemos a eletricidade muito bem, o suficiente para construir fogões e cadeiras elétricas e também células solares, geradores, microprocessadores, supercondutores, motores elétricos, televisões, rádios, telefones, iPhones, aparelhos de raios-x... preciso continuar?<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:13:28</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdnlOblIg_7Fe8BPuQ6W7gVaEPSpyFHCRMRT8oufwGGWso2dB26CfxYLqrd0oHXzAYEICWtDRP_mS9g4Jc4teeLVMTp-urny0AZszQAnJiNFfRE7pgLCWNkDx3Pu6tRiq746hQ/s1600-h/Picture+10.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140642591988691330" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdnlOblIg_7Fe8BPuQ6W7gVaEPSpyFHCRMRT8oufwGGWso2dB26CfxYLqrd0oHXzAYEICWtDRP_mS9g4Jc4teeLVMTp-urny0AZszQAnJiNFfRE7pgLCWNkDx3Pu6tRiq746hQ/s200/Picture+10.png" border="0" /></a>"Duas coisas das quais você precisa estar ciente. Primeira: está provado cientificamente que um pensamento afirmativo é centenas de vezes mais poderoso que um pensamento negativo."</blockquote><br />Este homem é um visionário. Não, sério, esta é a credencial dele; está escrito "Visionário" ali, logo abaixo do seu nome.<br /><br />Mas o Visionário é na verdade um Embromador. Juntou a palavra "cientificamente" com termos calculadamente imprecisos (o que é um pensamento "poderoso", afinal?) e não disse absolutamente nada. O pobre espectador não entende nada porque não tem nada mesmo para entender, mas sai com as palavrinhas "provado cientificamente" na cabeça...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:13:41</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimayexT2Ag5yYa39dZYKHkm28jcU0kqFii3P8-tZNXNVzFfUnbJU90K_WY9Dllks9xYC9USo7xVopJQ9VHS4nhu4dDCQecIANTZUf_v1C7aC2bV3TRiHTTAf_p8_15hhc4B8iv/s1600-h/Picture+5.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140640173922103618" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimayexT2Ag5yYa39dZYKHkm28jcU0kqFii3P8-tZNXNVzFfUnbJU90K_WY9Dllks9xYC9USo7xVopJQ9VHS4nhu4dDCQecIANTZUf_v1C7aC2bV3TRiHTTAf_p8_15hhc4B8iv/s200/Picture+5.png" border="0" /></a>"Você vive numa realidade em que há um buffer de tempo. E isso funciona a seu favor. Você não quer viver em um mundo em que seus pensamentos se manifestam imediatamente."</blockquote><br />Esse discurso acompanha a cena em que um sujeito vê a figura de um elefante em um cartão postal, pensa na coisa por alguns segundos (provavelmente desejando ter o bicho para si) e o animal se materializa bem na sua frente. Seria engraçado se eles não estivessem falando sério...<br /><br />A rídicula cena responde a uma pergunta que o filme faz aqui pela primeira vez: se a lei da atração é uma lei da natureza e como tal funciona <span style="font-style: italic;">sempre</span> e para <span style="font-style: italic;">qualquer</span> um, por que os pedidos não se materializam <span style="font-style: italic;">imediatamente</span> depois que pensamos neles?<br /><br />Para isso, "O Segredo", oferece duas explicações (diferentes) e a primeira delas é esta aqui: o universo possui um "buffer de tempo" que atrasa a entrega do pedido até que seja mais conveniente recebê-lo. Afinal, imagine que desagradável seria pensar em um elefante e o paquiderme se materializar na mesma hora na sua sala de estar? (eu posso pensar em umas duas dúzias de exemplos mais embaraçosos do que esse, a maioria envolvendo alguma situação sexual...).<br /><br />É ou não é a coisa mais estúpida que você já viu num comercial desde aquela propaganda do sofá inflável <span style="font-style: italic;">Air-O-Space</span>?<br /><br />Só para início de conversa não é assim que um <span style="font-style: italic;">buffer</span> funciona. Um buffer é um <span style="font-style: italic;">reservatório</span> que tem a finalidade de acelerar o acesso ou manter constante o fluxo de alguma coisa; uma caixa d'água por exemplo, ou o mecanismo anti-choque dos CDs de carro (eles mantém armazenados alguns segundos adiante da música para que não haja pausas no caso de um chacoalhar mais violento). Tudo bem, eu sei que isso é apenas picuinha. O problema real é que é bastante óbvio que esta é apenas uma rídicula explicação <span style="font-style: italic;">ad hoc</span> (um "remendo") para explicar porque a lei da atração <span style="font-style: italic;">não se comporta</span> como uma lei da natureza mesmo que insistam que ela é uma. Tanto que ao final do filme eles oferecerão uma outra explicação completamente diferente para o motivo da lei da atração demorar ou mesmo nunca funcionar.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:14:53</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEqrvK7-CvNlHSakZZ7pDHqWkidtwPXxgCwx4qv2o_EwvxxcQHY8gBCcW4z9d5FsUPBG3OK0u9toPgmNqYhIYDqfW520gf_eW_QfYWCvs7DI3-QqJojvqfQsgkShK3ZQfAH-Ey/s1600-h/Picture+11.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140643708680188306" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEqrvK7-CvNlHSakZZ7pDHqWkidtwPXxgCwx4qv2o_EwvxxcQHY8gBCcW4z9d5FsUPBG3OK0u9toPgmNqYhIYDqfW520gf_eW_QfYWCvs7DI3-QqJojvqfQsgkShK3ZQfAH-Ey/s200/Picture+11.png" border="0" /></a>"Nós vivemos em um Universo onde há leis, assim como a Lei da Gravidade. Se você cair de um edíficio não importa se você é bom ou mau, você vai atingir o solo. Tudo o que cerca você em sua vida, incluindo as coisas das quais você reclama, você atraiu. (...)"</blockquote><br />Aqui "O Segredo" tenta nos convencer que a lei da atração, como uma boa lei da natureza, é tão "impessoal" quanto a lei da gravidade. Ou seja, para conseguir realizar seus desejos você não precisa ser bom, habilidoso, estudioso, competente, esforçado... Para o universo você é apenas um corpo de massa <span style="font-style: italic;">m</span>; ele não quer saber se você é um corpo de massa <span style="font-style: italic;">m</span> bonzinho e esforçado.<br /><br />E onde você leu "Trabalhe" no trinômio "Peça, Acredite e Receba" mesmo?...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:17:33</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLPCFv3T6xu_Zi0oC-Z8wOjFlL7tZsOHFgLGRcCgk2A6003b8GiJpXebkgFMjwgKk9E_6JP3i52tGhHdEOoVNE9SpSg4cjchTK8vUxjV0J2x76zUhP6J0zHaeOz4rVYpa3Idzo/s1600-h/Picture+13.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140644619213255090" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLPCFv3T6xu_Zi0oC-Z8wOjFlL7tZsOHFgLGRcCgk2A6003b8GiJpXebkgFMjwgKk9E_6JP3i52tGhHdEOoVNE9SpSg4cjchTK8vUxjV0J2x76zUhP6J0zHaeOz4rVYpa3Idzo/s200/Picture+13.png" border="0" /></a>"O que eu estou atraindo agora mesmo? Como eu me sinto? Me sinto bem? <span style="font-weight: bold;">Então continue fazendo o que você está fazendo!<br /><br /></span><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1phkfMAOnW7K2a0wQZXx8I1heDwRBwhej_Z1ruNXBhW-CVdThNHOtwtT2WoRZD1dg_nwyoikfIL-Y5u2d5I8BCK8K_7y_STmEDWGTjg7fA8y_qH_pAaZrqchItOhsVwtPjs11/s1600-h/Picture+12.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140644374400119202" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1phkfMAOnW7K2a0wQZXx8I1heDwRBwhej_Z1ruNXBhW-CVdThNHOtwtT2WoRZD1dg_nwyoikfIL-Y5u2d5I8BCK8K_7y_STmEDWGTjg7fA8y_qH_pAaZrqchItOhsVwtPjs11/s200/Picture+12.png" border="0" /></a>"Nossos sentimentos são o feedback para saber se estamos alinhados ou não, se você está no curso certo ou não. <span style="font-weight: bold;">Quanto melhor você se sentir mais alinhado está</span> [com o universo]. Quanto pior você se sentir, mais desalinhado está."</blockquote><br />Isso é tudo o que queriam ouvir vizinhos espaçosos, fumantes abusados, pessoas que sentem prazer em dirigir perigosamente, viciados em drogas, pedófilos, terroristas ansiosos pelas virgens de seios fartos do paraíso islâmico, <span style="font-style: italic;">serial killers</span> que simplesmente <span style="font-style: italic;">curtem</span> matar e basicamente qualquer outro tipo de ser humano que sinta prazer às custas da infelicidade alheia e não cultive nenhum remorso por isso. Continuem o bom trabalho pessoal.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:20:13</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7Ib02WptSPuvekLik98COD9p-U6XS3y9HND8xg05AlT4pY47p3WNcuDtdgGFRK_NDIeT26DaiR4Fz0uCwwLKaNxrwi2lZja5GMClyNqGk0FkWbTT0boUZB-oypYsELaHWGbEk/s1600-r/Picture+1.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5139151830315086050" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinr2yuGDVixXFj6qDv6t6R0PZ3mEF_lZpvUsG1BSAC5tcxZCQzwSPJhhyFyltnPwPZrZ5oNd0YmYI1kXnPvHuORw8Br4NdAXKqzXIRaAo7JdUCxk4sVl-zBnYleTbxqbEbNfuq/s320/Picture+1.png" border="0" /></a><br /><br />"Você cria seu universo à medida que percorre seu caminho."<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Winston Churchill</span><br /></blockquote><br />Essa a Rhonda Byrne não inventou; Churchill realmente escreveu isto em sua auto-biografia "Minha Mocidade". Mas vejamos o que dizia o <a href="http://www.amazon.com/gp/reader/0684823454/ref=sib_dp_srch_pop?v=search-inside&keywords=+You+create+your+own+universe&go.x=0&go.y=0&go=Go%21#">parágrafo completo</a> de onde o trecho foi extraído:<span style="font-style: italic;"><br /><br /><blockquote>"Alguns de meus primos, que têm a grande vantagem de serem educados em universidades, costumam me provocar com argumentos para provar que nada existe de verdade, a não ser as coisas que pensamos. Toda a criação não passa de um sonho; <span style="font-weight: bold;">você cria seu universo à medida que percorre seu caminho</span>. Quanto mais forte sua imaginação mais diverso é seu universo. Quando você pára de sonhar o universo deixa de existir. Estas divertidas acrobacias mentais são boas para se brincar. São inofensivas e sem utilidade nenhuma. Eu aviso aos meus jovens leitores para só tomá-las como uma brincadeira. Os metafísicos sempre terão a última palavra e desafiarão vocês a demonstrar o absurdo de suas proposições."</blockquote></span><br />Ou seja, Churchill estava dizendo justamente <span style="font-style: italic;">o oposto</span> do que prega "O Segredo"! Não é irônico? Agora, graças a "O Segredo", milhões de esotéricos enaltecem a Lei da Atração citando Churchill, sem saber que na verdade ele ridicularizava este tipo de pensamento metafísico.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:25:18</span><br /><blockquote><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg16eKkSlXt9d4gTAkb6kiSIODO7zBDWTI0tEQNfMIBls7lxFhkmehqWFjTS4EskBXgXW2FYQnskB-kiYW7w4x-km2uRysbz4ONnVL7_5HIGE3b7DslOpakB6zTNcFNuLUzUj7M/s1600-h/Picture+14.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140645405192270274" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg16eKkSlXt9d4gTAkb6kiSIODO7zBDWTI0tEQNfMIBls7lxFhkmehqWFjTS4EskBXgXW2FYQnskB-kiYW7w4x-km2uRysbz4ONnVL7_5HIGE3b7DslOpakB6zTNcFNuLUzUj7M/s200/Picture+14.png" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"Se você fizer uma pequenina pesquisa verá que todos aqueles que já conquistaram algum feito não sabiam como o fariam, apenas sabiam que conseguiriam."<br /></span></blockquote><br />Claro. Esqueça todo o estudo e planejamento minucioso. Quando Amir Klink se prepara para mais uma travessia pelo Atlântico ou outra circunavegação ao redor da Antártica ele apenas joga aleatoriamente alguns mantimentos e cartas geográficas pelo primeiro barco que vê e parte. Do resto cuida a Lei da Atração...<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl9R-aAcAa-XcIg3widrAMBa6pVugjoj4sNp7r9LVc3Haa6O_QSwQFczigDLBgcfD3qvT4rQfdigyIe56GJcmJlWtFhfy9eZPfxo_9dqpQQ2Fc47wKnpRn_oKHxoELnQM34LRL/s1600-h/Picture+26+14.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5142087420658044274" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl9R-aAcAa-XcIg3widrAMBa6pVugjoj4sNp7r9LVc3Haa6O_QSwQFczigDLBgcfD3qvT4rQfdigyIe56GJcmJlWtFhfy9eZPfxo_9dqpQQ2Fc47wKnpRn_oKHxoELnQM34LRL/s200/Picture+26+14.png" border="0" /></a>Neste ponto tem início a história do menininho que ganha uma bicicleta do pai aplicando a Lei da Atração. O garoto recorta uma foto da bicicleta dos seus sonhos e olha para ela todos os dias. Leva a foto para a beira do lago, para a escola, para debaixo da colcha e olha, olha e olha. O menino não pensa num <span style="font-style: italic;">plano</span> para juntar dinheiro e comprar a bicicleta; talvez trabalhar meio expediente engraxando sapatos ou cortar a grama do vizinho ou fazer uma rifa... ele só... olha. Até que um dia o Universo surge paternal à sua porta com seu objeto do desejo em mãos.<br /><br />A moral da história é clara, mesmo porque vem sendo martelada desde o início do filme: <span style="font-style: italic;">você não precisa se esforçar para conseguir o que quer</span>. Basta contemplar obssessivamente o objeto do seu desejo e o universo o providenciará para você.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd0boXRa_eh-KvJns_rJYG7x89CxdSE_Ph4bAAdUkJPxt0uQq1dUrJ63fhx7lp6V5X3_lZXEpnHnLJxlHt4yTl6DgG-cSYVVVtJRlB8t35lJO2ZBor1v9pUqGj6AHa3y7yiD6q/s1600-h/Picture+10.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5142147043394047362" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd0boXRa_eh-KvJns_rJYG7x89CxdSE_Ph4bAAdUkJPxt0uQq1dUrJ63fhx7lp6V5X3_lZXEpnHnLJxlHt4yTl6DgG-cSYVVVtJRlB8t35lJO2ZBor1v9pUqGj6AHa3y7yiD6q/s200/Picture+10.png" border="0" /></a>Apenas por curiosidade <span style="font-weight: bold;">Esther Hicks</span>, que aqui faz sua principal participação no filme (participação removida da segunda edição devido à desentendimentos a respeito do marketing de "O Segredo") é uma médium. Ela diz que seus livros são psicografados por um "espírito coletivo" (não, não me pergunte...) denominado <span style="font-weight: bold;">Abraham</span>. Cada filme tem o <span style="font-style: italic;">Ramtha</span> que merece...<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:30:05</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEWDoEdIiIgq2PQ94V46gFrVmwu7kY7a1KChyphenhyphenf6qoffY6dOhCyy-VL8pi0u65Un3_pvBecIi6yDj9ArxNESh3rVNWiDah2_TDyg5FR8vyAynnJpjb3R7-riVITqHqaMHobxgZ7/s1600-h/Picture+30+12.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140646036552462802" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEWDoEdIiIgq2PQ94V46gFrVmwu7kY7a1KChyphenhyphenf6qoffY6dOhCyy-VL8pi0u65Un3_pvBecIi6yDj9ArxNESh3rVNWiDah2_TDyg5FR8vyAynnJpjb3R7-riVITqHqaMHobxgZ7/s200/Picture+30+12.png" border="0" /></a>"Tamanho não importa para o Universo. Não é mais difícil atrair, cientificamente falando, algo que consideremos grande do que algo que consideremos infinitesimalmente pequeno."</blockquote><br />"Cientificamente falando" importa sim. Quanto maior a coisa (na verdade é uma questão de <span style="font-style: italic;">massa</span> não de volume) maior a força necessária para movê-la, atraindo ou não. É assim que funciona a segunda lei de Newton, essa sim uma lei da natureza. Agora se estamos falando da lei da Atração e não da lei de Newton, então... tudo bem... só que não estamos mais falando <span style="font-style: italic;">cientificamente</span>.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:30:16<br /><br /></span><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvDdEqwsecIBmIrcTuo3fSWzHg24LYW0CWViNFwY2UpZwf4Vu88lfXoh3uMJhtwZeYwRstFmRlBviR-ULJtqtt14za5oStrx652A6RfUcqHVrgnrwXrrr8zH8BcjqtN8oy4Y_D/s1600-h/Picture+15.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140646474639127010" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvDdEqwsecIBmIrcTuo3fSWzHg24LYW0CWViNFwY2UpZwf4Vu88lfXoh3uMJhtwZeYwRstFmRlBviR-ULJtqtt14za5oStrx652A6RfUcqHVrgnrwXrrr8zH8BcjqtN8oy4Y_D/s200/Picture+15.png" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">"O Universo faz tudo o que faz com esforço zero. A grama não se esforça para crescer, ela cresce sem fazer força. Este é o grande design."</span></blockquote><br />Isso é o mesmo que dizer que uma criança cresce com "esforço zero" e se você já teve que colocar comida na mesa de um adolescente em fase de crescimento sabe que não é verdade.<br /><br />Mas calma lá! crescer é um processo que ocorre <span style="font-style: italic;">naturalmente</span> não é? assim como a grama cresce de forma vagarosa mas certa (dadas as condições certas de solo, água e luz) nenhum adolescente precisa se <span style="font-style: italic;">dedicar</span> ao ato de fazer crescer seu esqueleto, não é?<br /><br />O problema é que ao usar a palavra "esforço" no sentido de "empenho", ou "dedicação", "O Segredo" está antropomorfizando o universo (atribuindo a ele características humanas). É o filme repetindo o velho truque de misturar os significados das palavras e embaralhar metáfora com sentido literal, como já fez com "lei", "atração", "frequência" e fará daqui a pouco com "energia".<br /><br />No final, esta foi mais uma tentativa de convencer o espectador de que ele pode obter qualquer coisa <span style="font-style: italic;">sem nenhum esforço</span>. Note também que pela primeira vez surge no filme a menção a um <span style="font-style: italic;">design</span>, o que implica na existência de um <span style="font-style: italic;">designer</span>, um projetista, do universo. Isto se repetirá algumas vezes mais.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:37:30<br /><br /></span><blockquote style="font-style: italic;">"O que é interessante sobre a mente é que você pega um atleta olímpico e o prende a um equipamento sofisticado que mede sua resposta biológica. E ao fazer com que imaginem estar disputando uma prova, incrivelmente os mesmos músculos são acionados, na mesma seqüência que se estivessem competindo pra valer. Por quê isso é assim? Porque a mente não consegue distinguir quando você está realmente fazendo algo ou quando é só imaginação."<br /></blockquote><br />Nós já passamos por isso antes, este é exatamente o mesmo argumento usado em "What a Bleep Do We Know". Na <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2007/05/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html">parte 3</a> daquele Guia Cético eu mostrei que existe uma enorme diferença quantitativa nas áreas do cérebro que são acionadas quando imaginamos alguma coisa e quando estamos realmente diante desta coisa (o que faz com que filmes <span style="font-style: italic;">gnósticos</span> como "O Vingador do Futuro", "Vanilla Sky" e "13o andar" permaneçam no campo da ficção científica).<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:38:00<br /></span><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvW3c0orwMaQInPiSVc8R9zmzgB2Gn7X-fBdMXq4YPNsk2aLeOo6DRizCAhgjKppyqvCyxTx0LTiubcfeSmawl-xhm_MFMjSCcK4zdwpMt8Hwv-_sbiWZ9NTiZ2S_Icyu6KszY/s1600-h/Picture+16.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140647599920558594" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvW3c0orwMaQInPiSVc8R9zmzgB2Gn7X-fBdMXq4YPNsk2aLeOo6DRizCAhgjKppyqvCyxTx0LTiubcfeSmawl-xhm_MFMjSCcK4zdwpMt8Hwv-_sbiWZ9NTiZ2S_Icyu6KszY/s320/Picture+16.png" border="0" /></a><span style="font-style: italic;"><br /><br />"Que força é essa eu não sei. O que sei é que ela existe".</span><br /><span style="font-weight: bold;">Alexander Graham Bell</span></blockquote><br />Mais uma vez "O Segredo" manipula a verdade. Leia de novo, agora com a frase inserida no contexto original:<br /><br /><blockquote><span style="font-style: italic;">"</span><span style="font-style: italic;">Eu havia colocado na cabeça que ia encontrar o que estava procurando, nem que isso custasse o restante da minha vida. Depois de inúmeras falhas, eu finalmente encontrei o princípio que estava procurando e fiquei surpreso por sua simplicidade. Outra coisa que descobri com minha busca é que que quando um homem se dispõe a produzir um resultado definitivo e finca o pé nesta disposição isso parece lhe conferir uma segunda visão, que o habilita a ver através dos problemas comuns. <span style="font-weight: bold;">Que força é essa eu não sei. O que sei é que ela existe</span> e fica disponível quando um homem está naquele estado mental no qual ele sabe exatamente o que quer e está totalmente determinado a não desistir enquanto não o alcançar."</span><br /></blockquote><br />É possível ver que Graham Bell não estava exaltando nenhuma força <span style="font-style: italic;">sobrenatural</span>, mas exaltando a perseverança, a obstinação e o <span style="font-weight: bold;">trabalho duro</span>, aliás <span style="font-style: italic;">completamente</span> o oposto do que "O Segredo" vem pregando.<br /><br />Uau! Rhonda Byrne conseguiria usar uma frase de Ghandi fora de contexto para defender a supremacia branca num documentário neo-nazista. Ela é boa assim.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">00:41:15</span><br /><blockquote><span style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrrwIcpLsJnnuWpcTsdv12VtW9dvpBFsyTvYL758SUEixJaDCbxK6tcaDksSe1l3Xu-GyX-YYFFVaG8H3R23ZObKDl6uZMaS0tCAdwnK1pMXHgu4sAyRXPc4Sb3KLoyajdOsFr/s1600-h/Picture+10.png"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140648613532840482" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrrwIcpLsJnnuWpcTsdv12VtW9dvpBFsyTvYL758SUEixJaDCbxK6tcaDksSe1l3Xu-GyX-YYFFVaG8H3R23ZObKDl6uZMaS0tCAdwnK1pMXHgu4sAyRXPc4Sb3KLoyajdOsFr/s200/Picture+10.png" border="0" /></a>"<span style="font-weight: bold;">A única diferença</span> entre as pessoas que realmente estão vivendo dessa maneira [em abundância] e as pessoas que não estão vivendo a <span style="font-weight: bold;">magia da vida</span> é que as pessoas que estã vivendo a magia da vida se habituaram a pensar dessa maneira [aplicando a lei da atração]. Elas se habituaram ao processo e a magia acontece onde quer que elas vão."</span><br /></blockquote><br />Aqui "O Segredo" separa os vencedores dos <span style="font-style: italic;">losers</span> entre aqueles que aplicam a lei da atração e os que não a aplicam.<br /><br />Este pensamento não é apenas maniqueísta. <span style="font-weight: bold;">Ele é cruel</span>. Como disse o blog <a href="http://www.skeptic.com/eskeptic/07-03-07.html">Skpetic</a>, você olharia nos olhos de cada um dos seis milhões de judeus momentos antes de serem exterminados e lhes diria que eles <span style="font-style: italic;">atraíram</span> para si mesmos a humilhação, o sofrimento e finalmente a câmara de gás? Você explicaria para os familiares das vítimas dos recentes acidentes áereos no Brasil que não foram os erros humanos, a incompetência e a ganância criminosas, mas sim os pensamentos (de todos eles, de alguns ou de apenas um dos passageiros?) que os vitimou? Porque eu duvido que mesmo o fã mais ardoroso de "O Segredo", aquele que mal pôde esperar o filme terminar para começar a contemplar mentalmente seu carro novo e sua TV gigante de tela plana, possa sustentar que uma criança desnutrida não vive a "magia da vida" só porque é incapaz de contemplar mentalmente sua comida.<br /><br /><br /><br />Por enquanto é só pessoal. Na terceira e última parte deste Guia veremos os trechos em que "O Segredo" fala sobre como aplicar a Lei da Atração à saúde, ao meu ver os mais manipulativos e nocivos de todo o filme.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;"><a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2007/12/o-guia-ctico-para-assistir-o-segredo_20.html">Terceira Parte >></a><br /></span></div>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com31tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-76434829422551572082007-11-25T14:00:00.000-02:002007-12-31T01:19:49.817-02:00O Guia Cético para assistir a "O Segredo" - Parte 1É tarde da noite, você não tem o que fazer a não ser <span style="font-style: italic;">zapear </span>preguiçosamente pelos canais da TV por assinatura. De repente, em um canal que não dá a mínima para o fato de que você está <span style="font-style: italic;">pagando</span> pela programação, você se depara com mais um daqueles famigerados comerciais que duram horas, anunciando coisas como a mangueira <span style="font-style: italic;">Flat Hose</span> ou o aparelho de abdominais <span style="font-style: italic;">Abtronic</span>. São os <span style="font-style: italic;">infomerciais</span>, comerciais que tentam se parecer com um programa normal nos fazendo esquecer que são só mais uma propaganda.<br /><br />A maioria dos infomerciais é involutariamente engraçada<span style="font-style: italic;"> </span>(um sofá inflável!? que vem com uma bomba para inflar "inteiramente grátis"!? ) e cheios de promessas que desafiam o bom senso na maior cara-de-pau, mas até que de vez em quando um ou outro nos faz pensar em botar a mão no cartão de crédito. Nos mais elaborados o apresentador conversa com a câmera como se estivesse num documentário ou num programa de auditório e alguns até trazem uns "especialistas" (a gente sabe na hora que eles são especialistas porque sempre vestem branco) para abalizar a eficácia daquele novo aparelho abdominal ou de algum "revolucionário" gel redutor de celulite.<br /><br />Bem, quando assisti a "O Segredo" para escrever este novo <span style="font-style: italic;">Guia Cético</span> a impressão que tive foi de estar diante não de um documentário, mas de um longuíssimo infomercial de duas horas anunciando o <span style="font-style: italic;">pensamento positivo</span> no lugar de facas Ginsu ou meias Vivarina.<br /><br />Faz todo o sentido. Se o <a href="http://www.tonylittle.com/">Tony Little</a> pode prometer uma barriga tanquinho com apenas 5 minutos de abdominais por dia, não ia demorar mesmo o dia em que alguém prometesse uma barriga sarada sem<span style="font-style: italic;"> nem um </span>abdominal sequer ("O Segredo" não menciona nada sobre abdominais esculturais, mas diz que você pode emagrecer comendo <span style="font-style: italic;">qualquer</span> coisa já que comida não engorda, pensamentos sim...). E você também não acha que a Oprah Winfrey está para "O Segredo" meio como o George Foreman está para suas <span style="font-style: italic;">Grelhas Redutoras de Gordura</span>? (essas eu tenho, e "funcionam mesmo!")<br /><br />Se você não assiste televisão, nunca viu o impagável infomercial do Tony Little e não faz idéia de quem é a Oprah, não se preocupe -- você deve estar gastando o seu tempo bem melhor do que eu. Esta introdução é apenas para que você saiba que o meu objetivo ao longo das duas partes deste Guia Cético será mostrar que "O Segredo" não passa de um <span style="font-style: italic;">produto de marketing</span> muito bem embalado que <span style="font-style: italic;">manipula</span> a ciência e o bom senso da mesma maneira absurda, e às vezes hilária, de um infomercial que vende meia-calça resistente à unhas de gato.<br /><br />Então sem mais delongas televisivas vamos ao mais que aguardado <span style="font-weight: bold;">Guia Cético para Assistir a "O Segredo" - parte 1</span>.<br /><br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpgw96CEvamyvHZdlXEB6kk4sx3QM_oAFiyOxF5kcRviG-UgpXXi376552wJG9gqUh_WD5LfFIqZvvwygaLjP1bjjfj2mSkp5AgTXhqJJ6DcSAhKu_po34JK0WHpud0Pwc7Bel/s1600-h/the-secret.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpgw96CEvamyvHZdlXEB6kk4sx3QM_oAFiyOxF5kcRviG-UgpXXi376552wJG9gqUh_WD5LfFIqZvvwygaLjP1bjjfj2mSkp5AgTXhqJJ6DcSAhKu_po34JK0WHpud0Pwc7Bel/s200/the-secret.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5109801793705561138" border="0" /></a>É inevitável começar a escrever sobre "O Segredo" sem compará-lo a "What a Bleep Do We Know"(Quem Somos Nós).<br /><br />Os dois filmes afirmam que a realidade pode ser fisicamente modificada pela força do pensamento e, para dar uma certa cientificidade a esta idéia, ambos utilizam conceitos distorcidos da ciência, especialmente da sempre maltratada física quântica. Os dois até mesmo dividem alguns de seus notáveis convidados tais como os físicos <span style="font-weight: bold;">Fred Alan Wolf</span> e <span style="font-weight: bold;">John Hagelin</span> , que praticamente reproduzem em "O Segredo" suas falas de "What a Bleep".<br /><br />Mas enquanto "What a Bleep Do We Know" foi um filme de baixo orçamento e pequenas expectativas -- o filme estreou em apenas duas salas de cinema nos EUA e se tranformou num sucesso acidental graças ao "boca-a-boca" nos fóruns e listas de e-mail -- "O Segredo" foi um <span style="font-style: italic;">produto</span> minuciosamente concebido para ser um <span style="font-style: italic;">best-seller</span>.<br /><br />E que <span style="font-style: italic;">best seller</span>! Tanto o DVD quanto o livro chegaram ao topo da lista dos mais vendidos em quase todos os países onde foram lançados. Só o livro já é considerado o maior sucesso editorial do gênero de auto-ajuda de todos os tempos. Nos EUA as vendas foram catapultadas às alturas depois que a apresentadora Oprah Winfrey, uma das personalidades mais influentes no país, dedicou dois programas inteiros e uma grande porção de seu <span style="font-style: italic;">web site</span> a "O Segredo".<br /><br />"O Segredo" é um filme sobre a <span style="font-weight: bold;">Lei da Atração</span>, o princípio segundo o qual nós sempre conseguimos exatamente o que desejamos, nem mais nem menos. De acordo com o filme, este ensinamento -- outrora gravado em pedra (aparentemente a famosa <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%83%C2%A1bua_de_esmeralda">Tábua de Esmeralda</a>, relíquia rosacruciana) -- era conhecido apenas por uns poucos iniciados até o dia em que alguém fez uma cópia ilegal da tábua em papiro e a enterrou sob a pirâmide de Gizé. Alguns séculos depois o papiro foi descoberto por <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQrmQKiVV4fB9Eqk1iw-uwRaNBDRzHGUSoQMPo82yDslwjWnHKbiXaw2R-NzWpmVicWHbsIYr8Nu2YOjm0DBLgIIEDAyRtQySuqeMi5pd6zOzI5QiYlVF7qYjklprP4-TT1lHQ/s1600-h/thesecret.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQrmQKiVV4fB9Eqk1iw-uwRaNBDRzHGUSoQMPo82yDslwjWnHKbiXaw2R-NzWpmVicWHbsIYr8Nu2YOjm0DBLgIIEDAyRtQySuqeMi5pd6zOzI5QiYlVF7qYjklprP4-TT1lHQ/s200/thesecret.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5133999928159402098" border="0" /></a>Cavaleiros Templários e confiado ao lendário alquimista Saint Germain, que o decodificou. Ao longo das eras O Segredo veio a ser revelado somente a algumas personalidades notáveis -- Leonardo Da Vinci, Isaac Newton, Buddha, Winston Churchil e outros -- até chegar às mãos da produtora de televisão australiana <span style="font-weight: bold;">Rhonda Byrne</span> (ao lado juntamente com a Oprah) que, a despeito do complô de grupos poderosos para mantê-lo secreto, decidiu transmiti-lo ao populacho na forma de DVDs, livros, áudio-livros, CDs e quinquilharias diversas.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">O Verdadeiro Segredo de "O Segredo"</span><br />A <span style="font-style: italic;">primeira coisa</span> que você precisa saber sobre "O Segredo" é que ele não conta segredo nenhum (e quando um filme já engana o espectador a partir do próprio título você já pode imaginar o que vem pela frente...).<br /><br />O pensamento positivo e a Lei da Atração já são<span><span> a carne-de-vaca do pensamento mágico </span></span>desde tempos bíblicos. O apóstolo São Marcos já tinha sua própria versão para o <span style="font-style: italic;">peça-acredite-receba</span> de "O Segredo" : "<span style="font-style: italic;">Tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis</span>"; a versão de Buda era quase a mesma coisa: "<span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">Tudo o que somos é o resultado do que pensamos</span>". Mas foi no século 19 que a Lei da Atração explodiu em meio a um movimento místico-religioso que se tornou conhecido por <span style="font-style: italic;">New Thought</span> (Novo Pensamento).<br /><br />O <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_do_Novo_Pensamento">Novo Pensamento</a>, assim como a <span style="font-weight: bold;">Nova Era</span>, têm em suas origens uma miscelânia de "ismos" metafísicos como espiritualismo, hinduísmo, budismo, panteísmo, mesmerismo etc. Mas o Novo Pensamento se diferencia da Nova Era por ser um movimento mais antigo e mais organizado, que cresceu e se mantém graças a centenas de cultos ao redor do mundo, como a <span style="font-weight: bold;">Igreja da Ciência Religiosa </span>(!)<span style="font-weight: bold;">,</span> também conhecida por Ciência da Mente, a <span style="font-weight: bold;">Igreja da Ciência Divina</span> (!!), a <a href="http://www.novopensamento.com/org/centro.htm">Igreja Metafísica do Novo Pensamento</a>, no Brasil, e o <span style="font-weight: bold;">Seicho No Ie</span>, ramificação oriental, de caráter mais ritualístico, do Novo Pensamento.<br /><br />Mas atualmente o maior expoente mundial do Novo Pensamento é a <span style="font-weight: bold;">Igreja Unitária</span> (<a href="http://www.unityonline.org/"><span style="font-style: italic;">Unity Church</span></a>), também conhecida por Escola Unitária do Cristianismo (<span style="font-style: italic;">Unity School of Christianity</span>), fundada em 1889 pelo vendedor <span style="font-weight: bold;">Charles Fillmore</span><span><span>. </span></span>Com mais de 2 milhões de membros e centenas de templos em todo o mundo não se pode dizer que a Igreja Unitária está tentando guardar algum segredo... Fillmore costumava dizer ter pegado o melhor de cada religião e unificado tudo em uma verdade "simplificada" que todos poderiam entender, algo que ele chamava de "cristianismo pragmático". Em outras palavras fez uma mistureba de religião formal com poder da mente. Só para que você entenda o quão distante o resultado ficou do cristianismo original, eis resumidamente <a href="http://www.conspiracyarchive.com/Commentary/Oprah_The_Secret.htm">alguns dos dogmas</a> da Igreja Unitária:<br /><br /><span style="font-style: italic;"></span><blockquote><span style="font-style: italic;">Deus é a divina mente, o bem absoluto, portanto o conceito de mal é puramente ignorância. Jesus foi simplesmente uma pessoa especial, um "professor". A Bíblia só tem significado profundo quando interpetado metafisicamente. A Santíssima Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo devem ser interpretados como a Mente, a Idéia e a Expressão.</span><br /><span style="font-style: italic;"></span></blockquote><br />Apesar de suas origens calcadas no cristianismo protestante, "O Segredo" nega que seus ensinamentos entrem em conflito com as outras religiões, se definindo mais como o menor denominador comum de todas elas. Conforme veremos na continuação deste Guia Cético, nada poderia estar mais distante da realidade.<br /><br />Para se ter uma idéia de como a Lei da Atração é antiga, já em 1906 <span style="font-weight: bold;">William Walker Atkinson</span>, publicava o livro "<span style="font-style: italic;">Thought Vibration or the Law of Attraction in the Thought World</span>" (A Vibração do Pensamento ou a Lei da Atração no Mundo do Pensamento). O livro é até hoje um marco do Novo Pensamento e recentemente foi relançado para pegar um pedacinho do sucesso de "O Segredo" (como tudo o mais que tenha "Atração" e "Segredo" no nome...).<br /><br />Rhonda Byrne nunca escondeu que o livro que a inspirou a conceber "O Segredo" foi um velho clássico do Novo Pensamento, publicado em 1910: "<span style="font-style: italic;">The Science of Getting Rich</span>" (A Ciência de Como Ficar Rico) de <span style="font-weight: bold;">Wallace D. Wattles</span>. Segundo o prefácio este era um livro para aqueles que "<span style="font-style: italic;">precisam de dinheiro mais do que qualquer outra coisa; que querem ficar ricos primeiro e filosofar depois</span>".<br /><br />Aliás, a ênfase no enriquecimento material em vez do espiritual é o único ponto em que "O Segredo" distoa um pouquinho da doutrina do Novo Pensamento, motivo pelo qual costuma ser criticado por seus adeptos (mas não tãaooo criticado assim... afinal depois do filme as fileiras dos templos como os da Igreja Unitária só <a href="http://www.firstunity.org/article.php?id=670&style=/style1.css">fizeram aumentar</a>). Em tudo o mais "O Segredo" é apenas uma reprodução literal dos "evangelhos" do Novo Pensamento.<br /><br />Concluindo, basicamente o que Rhonda Byrne fez em "O Segredo" foi pegar um assunto surrado, juntar alguns temas da moda (conspirações, códigos escondidos por eras, Cavaleiros Templários, alquimistas), dar ao produto uma embalagem medieval (lacres, tipografia antiga, croquis amarelados etc) e <span style="font-style: italic;">voilá</span>... mais um <span style="font-style: italic;">Código Da Vinci</span> de não-ficção nas prateleiras.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">O Pensamento Positivo e a Lei da Atração</span><br />Uma coisa sobre o pensamento positivo é que <span style="font-style: italic;">ele funciona de verdade</span>. Ora, e como não poderia? Pessoas que cultivam pensamentos positivos não esmorecem facilmente diante de qualquer obstáculo e por isso têm muito mais chances de atingir seus objetivos. Os que encaram a vida positivamente tendem a cuidar melhor da aparência e da saúde o que alimenta seu círculo virtuoso de auto-estima e lhes dá óbvias vantagens competitivas na vida pessoal e profissional. E quando doentes, os otimistas se <a href="http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/2158336.stm">recuperam melhor</a> do que os pessimistas, não por causa de alguma força sobrenatural, mas porque em geral têm mais apego à vida, se dedicam mais ao tratamento e podem contar com amigos que nas horas difíceis contribuem com afeto e dedicação.<br /><br />Sim, o pensamento positivo funciona e o verdadeiro segredo do seu sucesso não reside em teorias esotérico-mirabolantes, mas na soma de uma miríade de fatores ordinários individualmente imperceptíveis. No entanto, como veremos ao longo da segunda parte desse <span style="font-style: italic;">post</span>, existe uma boa distância entre perseguir com uma postura positiva aquele bônus de final de ano e acreditar que sua conta bancária vai aumentar só escrevendo zeros com uma caneta à direita do seu saldo, como afirma "O Segredo".<br /><br />Já a Lei da Atração, ou a "lei" de que <span style="font-style: italic;">semelhante atrai semelhante</span>, não funciona tão bem como gostariam os adeptos do Novo Pensamento. É verdade que as pessoas tendem a se agrupar em tribos onde seus integrantes compartilham afinidades religiosas, culturais e sociais. E apesar do dito popular de que os opostos se atraem, acho que a maioria concorda que uma relação precisa de mais semelhanças do que de diferenças para funcionar. Por outro lado, se os endinheirados sempre atraíssem outros endinheirados eles não precisariam de carros blindados, e agiotas não teriam lucro fácil se gente com dinheiro demais não atraísse gente com dinheiro de menos.<br /><br />Se a Lei da Atração parece funcionar tão bem é porque recebe uma boa maõzinha da nossa imaginação (algo melhor condensado na expressão inglesa "<span style="font-style: italic;">wishfull thinking"</span>). Normalmente ninguém conta todas as vezes em que "atraíram" algo que não desejaram de jeito nenhum<span style="font-style: italic;"></span> como uma visita da sogra bem cedinho no domingo ou um pneu furado em dia de chuva (afinal "<span style="font-style: italic;">shit happens!</span>"), mas quando algo que desejamos à beça se concretiza... lá vai mais um ponto para a Lei da Atração!<br /><br />"O Segredo" ensina que a Lei da Atração pode ser posta em ação pelo trinômio peça-acredite- receba, mas na prática a coisa toda é tão cheia de meandros que deixa bastante espaço para o exercício do <span style="font-style: italic;">wishfull thinking</span> (aceito sugestões para uma tradução elegante). Por exemplo, segundo Lisa Nichols, uma das colaboradoras de "O Segredo", a Lei da Atração na verdade é assim meio como o bordão daquela antiga propaganda de guaraná: <span style="font-style: italic;">tem que saber pedir</span>. Eis o que ela disse à revista <span style="font-weight: bold;">Veja</span> (edição de 4 de abril de 2007, que tem o filme na capa):<br /><br /><blockquote style="font-style: italic;">"Se pedir o que não é melhor pra você, você não ganha. Eu já desejei muito errado. Quis ficar com homens que achava serem perfeitos para mim, mas que não eram. Por isso não consegui."<br /></blockquote><br />Em outras palavras meu amigo, não adianta nada pedir a Juliana Paes se o Universo achar que você merece mesmo é a Betty, a Feia.<br /><br />E se as coisas estão demorando demais a acontecer? A Lei da Atração falhou? Que nada... pode ser que simplesmente não seja ainda a "hora certa". Segundo Marrie Diamond, fengshuista e outra das professoras de "O Segredo", a Lei da Atração tem uma espécie de dispositivo que impede que você consiga tudo o que quer ao mesmo tempo, provavelmente para não enfartar de felicidade o desejante:<br /><br /><blockquote> <span style="font-style: italic;">Sempre sonhei ir ao Brasil. Estar conversando com você </span>[o jornalista da Veja]<span style="font-style: italic;"> é um sinal de que isso vai se realizar. Mas as coisas têm que acontecer na hora certa. Não dá pra ter tudo ao mesmo tempo.</span></blockquote><br /><div>Por segurança é melhor não ser muito específico ao encomendar seu objeto de desejo, ou você corre o risco de não ter muita utilidade para aquele iPhone de 8GB quando, daqui a 10 anos, o Universo finalmente decidir que a "hora certa" chegou.<br /><br /></div><div>E o Jonh Hagelin? Lembram-se <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/11/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html">dele</a>? O físico que acredita que a meditação reduz a criminalidade? Ele disse à mesma revista:<br /><br /></div><blockquote><div><span style="font-style: italic;">"Não há o perigo de todas as pessoas de Nova York desejarem um carrão e todas conseguirem. Primeiro porque só as pessoas com verdadeiro poder de pensamento vão conseguir, e elas são poucas. Segundo porque se uma coisa não atende ao bem comum a mente desenvolvida não a deseja."<br /></span></div><div> </div></blockquote><div><br />Eu não só tenho uma mente "desenvolvida", como realmente acredito que o iPhone atende ao bem comum de transformar o mundo num lugar melhor, um mundo onde as pessoas possam ser mais felizes deslizando seus dedos pela tela, em vez de sofrer com aquelas teclinhas minúsculas no meio do aparelho. Posso pedir o meu agora? rápido, enquanto eles ainda tem a coisa em estoque?<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">A Ciência em "O Segredo"</span><br />Até aqui tudo o que eu fiz foi mostrar que a coisa mais secreta em "O Segredo" são os detalhes de sua campanha de marketing. Se a moda de reciclar velhos esoterismos pega, daqui a pouco homeopatas, fengshuistas, radiestesistas, astrólogos... todos vão ter algum <span style="font-style: italic;">segredinho</span><span> para contar por <a href="http://www.submarino.com.br/dvds_addreview.asp?Query=MixProductPage&ProdTypeId=6&ProdId=1955792&DisableTop=Y">R$ 39,90</a></span>. Quanto ao pensamento positivo, ninguém pode discordar que mesmo não tendo ele nada de mágico ainda assim é algo que deve ser cultivado (desde que você simplesmente não vá se sentar sobre ele enquanto espera que o Universo providencie seus desejos).<br /><br />Na próxima parte deste Guia Cético vamos debulhar a ciência em "O Segredo" e desmontar todas as falácias, mentiras, exageros e simplificações que este longo infomercial comete para vender o pensamento positivo.<br /><br /><br /><a style="font-weight: bold;" href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2007/12/o-guia-ctico-para-assistir-o-segredo.html">Segunda parte >></a><br /><br /><br />PS: Foi mal a demora!<br /></div>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com100tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-37322438119846271822007-07-22T20:50:00.000-03:002007-07-22T23:19:51.402-03:00Os discos evangélicos mais estranhos de todos os temposQuando alguém fizer a lista dos discos mais bizarros de todos os tempos terá que incluir "<span style="font-weight: bold;">Demônios que Choram - Espantosas Gravações de Demônos Falando Através das Pessoas Possuídas por Eles</span>" (<span style="font-style: italic;">Crying Demons</span> - <span style="font-style: italic;">Amazing Recordings of Demons Speaking Through People Who Are Possessed by Them</span>). Só a capa já garante o posto:<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIPm5yZ4cmSV5AWc7ihOtWG2EKSBV-5wfyq6euHIyFbGpNdRAGIOWeVnkp-1v5oTv0OTfdzH7ysK7MA1TkH7MdZ0jIcsEWTv-Xb5_bJz7eL2qBzWrDawLrVXAFiJv-gUD8LlXW/s1600-h/62-1.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIPm5yZ4cmSV5AWc7ihOtWG2EKSBV-5wfyq6euHIyFbGpNdRAGIOWeVnkp-1v5oTv0OTfdzH7ysK7MA1TkH7MdZ0jIcsEWTv-Xb5_bJz7eL2qBzWrDawLrVXAFiJv-gUD8LlXW/s320/62-1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5087297081827049058" border="0" /></a><br /><br />O álbum é uma coleção das gravações dos exorcismos realizados pelo famoso pastor americano <b>A. A. Allen</b> nos anos de 1960. O disco de vinil é uma raridade (parece que a maior parte do estoque se queimou num incêndio em um depósito décadas atrás), mas o CD ainda pode ser comprado (US$ 9,90) através do <a href="http://www.aaallen.net/">site</a> mantido pela família de Allen. Vale a pena. A julgar pela amostra grátis que é possível escutar em alguns <a href="http://www.moviegrooves.com/shop/cryingdemons.htm">sites</a> o disco é tão <span style="font-style: italic;">trash</span> quanto a capa.<br /><br />Em um trecho por exemplo, ouvimos Allen expulsando um demônio de uma mulher em um ritual que lembra mais a negociação com uma criança mimada do que com um demônio das profundezas do inferno:<br /><br /><blockquote>"Diabo, você vai sair.", comanda com autoridade o pastor<br />"Eu não vou a lugar nenhum...", responde sonolentamente o diabo.<br />"Você vai sair daí."<br />"Eu não vou a lugar nenhum..."<br />"Você vai sair daí."<br />"Não..."<br />"Você vai!"<br />"Não..."<br />"O que faz você pensar que não vai sair?"<br />"Eu não vou."<br />"Você vai sair sim!"<br />"Nãaaaaoooo, eu não tô te incomodando...", diz o diabo como uma criança birrenta cujo pai estivesse mandando para a cama muito cedo.<br />"Eu te expulso, em nome de Jesus!!", apela o pastor, já sem paciência.<br />"Eu não tô te incomodando...", insiste o Encosto, fingindo que não ouviu.<br /></blockquote><br />Infelizmente não dá pra saber como o exorcismo termina, mas pelo jeito alguns demônios precisam mais de uma super babá, daquelas dos <span style="font-style: italic;">reality shows</span> da TV, do que de exorcistas para expulsá-los.<br /><br />A.A. Allen foi um dos mais carismáticos e controversos pregadores da igreja Pentecostal (do mesmo ramo protestante das Igreja Universal e Assembléia de Deus no Brasil) nos anos de 1950 e 60. Se Jesus multiplicava peixes Allen multiplicava dólares. Não que isso seja estranho ao negócio das religiões; a diferença é que Allen <a href="http://www.cephasministry.com/a_a_allen.html">dizia</a> fazer isso <span style="font-style: italic;">literalmente</span>: o pregador afirmava que Deus lhe dava o poder de transformar notas de 1 dólar em 20 (embora isso não diminuísse seu empenho em coletar dízimos; Allen afirmava que Deus tinha lhe garantido o poder de conferir uma benção especial para os que doassem 100.000 dólares para sua obra missionária). Por um breve período Allen manteve um programa de rádio chamado "Raise The Dead", onde afirmava poder ressuscitar os mortos, mas infelizmente o programa foi cancelado depois que os fiéis pararam de enterrar seus entes falecidos esperando que Allen os trouxesse de volta. Abaixo nós o vemos na capa de outro disco evangélico com lugar garantido na nossa lista: <b>"Deus é um Assassino"</b> (<i>God is a Killer</i>).<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwFy2ahKeIBEx_O73hrNGQ-ksPuR1y6AGxoqcV7xEkT2vVEXWnTYNQR7gMNVtmdmXEYppXWB3BU_UDatUSGkOWGHGWKSmRnZpFTK3Ya8NHHvyhM89Efvog2Dvi1gCKsw4_SRXa/s1600-h/godiskiller.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwFy2ahKeIBEx_O73hrNGQ-ksPuR1y6AGxoqcV7xEkT2vVEXWnTYNQR7gMNVtmdmXEYppXWB3BU_UDatUSGkOWGHGWKSmRnZpFTK3Ya8NHHvyhM89Efvog2Dvi1gCKsw4_SRXa/s320/godiskiller.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5090061890587871554" border="0" /></a><br />Os exorcismos de Allen também podem ser vistos em <a href="http://nextcrusade.com/main.html">vídeo</a>, caso você queira saber como eram as sessões de descarrego nos tempos da brilhantina (descontando os penteados, não muito diferentes dos atuais, adianto...).<br /><br />Para que os fiéis de um culto protestante se comovam diante de espetáculos de exorcismo é preciso que eles acreditem que o diabo existe, em primeiro lugar. Aí entra o álbum seguinte na nossa lista dos discos evangélicos <span style="font-style: italic;">muito</span> estranhos:<b> "Satã é Real"</b> (<span style="font-style: italic;">Satan is Real</span>), da dupla <span style="font-weight: bold;">The Louvin Brothers</span>:<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL7ZwguBuZU17hgx__P373h-gs-8vlwbiNVAoYf-QQ2OS_usGO2YjsI1tCbPjszlWMXLvkDKaE-8Tuzvv6PGYoEVmaNgAeqr7Qc5gOTDmj0pUIhUx0uDSIDFqBz_zMj-ApX5KT/s1600-h/louvin.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL7ZwguBuZU17hgx__P373h-gs-8vlwbiNVAoYf-QQ2OS_usGO2YjsI1tCbPjszlWMXLvkDKaE-8Tuzvv6PGYoEVmaNgAeqr7Qc5gOTDmj0pUIhUx0uDSIDFqBz_zMj-ApX5KT/s320/louvin.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5087300513505918578" border="0" /></a><br />Tudo bem que o mau gosto intimide mais do que o capeta de papelão, mas <a href="http://www.amazon.com/Satan-Real-Louvin-Brothers/dp/B000002U45">as músicas</a> até que não são ruins.<br /><br />E finalmente, para completar nossa lista, vem o disco dos exorcistas que primeiro dão porrada e depois fazem perguntas: <b>"O Pregador Faixa Preta"</b> (<span style="font-style: italic;">Karatist Preacher</span> -- acho que ficaria melhor assim em português), do instrumentista Mike Crain.<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr27UzsbTuf104CD7kpVGn2b8rVlYFnAcKinN9-pWSvs1b55WAT6zYWOt8TNrAVwf6bW9ebf1xFXx8R34uD8Que16xTXEPKhFKxQ6S7ejR2Lq5buZ1kzAXSO-pGREd4AN-Rn94/s1600-h/karatist.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr27UzsbTuf104CD7kpVGn2b8rVlYFnAcKinN9-pWSvs1b55WAT6zYWOt8TNrAVwf6bW9ebf1xFXx8R34uD8Que16xTXEPKhFKxQ6S7ejR2Lq5buZ1kzAXSO-pGREd4AN-Rn94/s320/karatist.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5087301050376830594" border="0" /></a><br />Este merece. Um pastor com franjinha estilo Monkeys que expulsa o demônio com golpes de karatê é algo que nem a dupla Quentin Tarantino-Robert Rodriguez teria imaginado.<br /><br />Caso você queira montar sua própria lista, <a href="http://www.zonicweb.net/badalbmcvrs/hallofsh18.htm">aqui</a> e <a href="http://purgatorio1.blogspot.com/2005/12/divine-vinyl-ix-gods-power-talking.html">aqui</a> há mais alguns candidatos.Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-74239739435878032082007-06-16T19:55:00.000-03:002007-06-17T21:56:57.257-03:00Engenharia esotéricaNas minhas idas e vindas para Belo Horizonte acabei me deparando com o que parecia ser só mais um rápido exemplo do <span style="font-style: italic;">Festival de Besteiras Quânticas que Assola o País, </span>mas acabou dando um caldo grosso para um post mais diverso. Este saiu no caderno de imóveis do jornal Estado de Minas, no dia 10 de maio.<br /><br /><blockquote><span style="font-weight: bold;"><span style="font-size:130%;">Em busca do bem estar</span><br /></span><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Construtora cria espaços internos e externos que valorizam a qualidade de vida, usando técnicas que permitem descobrir melhores espaços para cada ambiente</span><span style="font-weight: bold;"><br /></span><br />Amplamente usadas na Europa e só agora descobertas pelas empresas mineiras, as técnicas de feng shui e radiestesia norteiam a construção de prédios. A aplicação destes conceitos busca proporcionar um ambiente agradável, não só do ponto de vista arquitetônico, como do ponto de vista energético, direcionando partes importantes do empreendimento, como quartos e áreas de convivência para ficarem sobre pontos que emanam energias positivas.<br /><br />A <span style="font-weight: bold;">RKM Engenharia</span> adotou essas práticas como padrão em suas obras. Assim como o equilíbrio entre ocupação e preservação da natureza que se reflete positivamente entre os vizinhos.<br /><br />(...)<br /><br />O diretor geral da empresa, <span style="font-weight: bold;">Ricardo Alfeu</span>, diz que a busca pela qualidade de vida motivou a construtora a pesquisar e atender a demanda da clientela. (..) <i>"permitir que o morador ao chegar em casa se esqueça do corre-corre e se lembre que ele tem 24 horas, e não 16 horas, <strong>como já sugere a física quântica</strong> diante da rapidez das informações e do mundo atual"</i>, explica.</blockquote><br />A física quântica tem mesmo as costas largas. Serve como explicação para qualquer maluquice esquisotérica que se queira disfarçar de ciência. Neste caso Ricardo Alfeu impugna à física quântica a justificativa para uma bobagem que o teólogo <span style="font-weight: bold;">Leonardo Boff</span> publicou no Jornal do Brasil em 2004. Segundo Boff, uma variação na freqüência de ressonância do campo magnético terrestre, conhecida por <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">Ressonância Schumann</span>, estaria relacionada ao acirramento de todas as mazelas do mundo -- guerras, crimes, desastres ecológicos etc -- além de ter reduzido a duração do dia para apenas 16 horas (!). A história, eu nem precisaria dizer, é apenas um mito (que nada tem a ver com quantuns e partículas atômicas); só para dizer o mínimo, a frequência de ressonância Schumann <a href="http://mbarbatti.sites.uol.com.br/def/p60.html">não sofreu</a> nenhuma variação significativa nos últimos anos.<br /><br />Mas o texto fica melhor mais à frente:<br /><br /><blockquote>Os estudos começam com a <span style="font-weight: bold;">radiestesia</span> (captação de energia por um pêndulo), que prepara o terreno para receber o empreendimento . "<span style="font-style: italic;">Antigamente, quando uma fazenda estava para ser construída era costume soltar o gado no terreno e ver aonde eles iriam dormir. Acreditava-se que aquele seria o local ideal para erguer a casa. <span style="font-weight: bold;">Energeticamente mais favorável</span>. Esta técnica identifica a energia do terreno e procura direcionar os pontos mais adequados para abrigarem os cômodos do imóvel."</span></blockquote><br /><span style="font-style: italic;">Radiestesia</span> é a arte, milenar como sempre, de detectar "energias" usando pêndulos, varinhas ou galhos em forma de forquilhas. A aplicação clássica da radiestesia sempre foi encontrar água, mas os modernos radiestesistas se especializaram em encontrar quase qualquer coisa: petróleo, metais preciosos, objetos perdidos, pessoas desaparecidas, assassinos, minas terrestres, cemitérios antigos, doenças e defeitos em equipamentos elétricos, além de indicar dietas, determinar afinidades amorosas e descobrir o melhor lugar para pastos, templos e comércio em geral. Até hoje nenhuma dessas alegações resistiu ao mais elementar teste <span style="font-style: italic;">duplo-cego</span> e nenhum radiestesista levou pra casa o <a href="http://www.randi.org/research/index.html">prêmio de 1 milhão de dólares</a> do <span style="font-weight: bold;">James Randi</span> (embora muitos tenham tentado, a maioria vem preferindo ganhar seu milhão no varejo místico). Para saber mais sobre a pseudociência que é um verdadeiro canivete suiço astral leia o artigo do <a href="http://www.projetoockham.org/pseudo_radioestesia_1.html">Projeto Ockham</a>.<br /><br />Mas voltando às vacas, frias: será que gatos também detém essa habilidade extra-sensorial para descobrir áreas energeticamente mais favoráveis para cochilar ou esta é uma habilidade exclusivamente bovina? Porque neste caso as áreas energeticamente mais favoráveis da minha casa são seguramente o interior de caixas de papelão e gavetas entreabertas, que são os lugares aonde os bichanos passam a maior parte do tempo.<br /><br />Mesmo admitindo que as vacas são bichos menos caprichosos que os gatos, não dá para entender esse apelo à velha sabedoria popular. Pois outra coisa que os moradores rurais fazem até hoje (e também os da cidade grande) é colocar garrafas com água sobre os medidores de energia elétrica. Acreditam que isso faz o relógio girar mais devagar, conseqüentemente diminuindo a conta de luz. E alguém já ouviu algum engenheiro preocupado com o prejuízo que isso pode causar à companhia de energia?<br /><br />Tudo isso é pura ciência segundo a matéria, que continua:<div><br /><blockquote>O projeto arquitetônico é baseado no feng-shui, também chamado de medicina da habitação, que significa água e vento. "<span style="font-style: italic;">Não se trata de nada místico ou zen, e sim de questões científicas</span>", defende Ricardo.<br /></blockquote><div> </div><br />Mas antes de chegar a este trecho, o artigo seguia assim:<br /><br /><blockquote>A <span style="font-weight: bold;">geobióloga</span> e radiestesista <span style="font-weight: bold;">Dalvelina Rocha Araújo</span> explica que quartos e escritórios devem ficar num ponto de baixa irradiação. A partir da filosofia, que tem mais de 5 mil anos, a idéia dos engenheiros da RKM foi transformar pontos saudáveis dos terrenos, que inicialmente ficariam perdidos, em áreas de convivência, como salas de meditação e espaços gourmet, o que aproxima os moradores e proporciona um relacionamento mais proveitoso entre os vizinhos.<br /><br />Os pontos ruins ou densos podem ser corrigidos. "<span style="font-style: italic;">É necessário aplicar uma liga especial misturada ao cimento que vai formar o piso do local. (...) Isso impede as más energias de subirem. Alguns pontos tem radiação semelhante a um aparelho de raios-X. Imagine isso 24 horas por dia incidindo sobre a pessoa. Causa até doenças</span>", afirma Dalvelina.</blockquote><br />De fato o solo normalmente contém pequenas quantidades de <span style="font-weight: bold;">urânio</span> -- menos ou mais dependendo da região evidentemente. O urânio em si é inofensivo, mas depois de um tempo ele produz por decaimento radioativo o elemento <span style="font-weight: bold;">rádio</span> que por sua vez se desintegra formando o <span style="font-weight: bold;">radônio</span>. É aí que mora o perigo pois o radônio, um gás inodoro, sobe facilmente através da terra até a superfície e pode penetrar nas casas através de fendas no piso, rachaduras e junções mal formadas entre as paredes e o chão, contaminando os moradores.<br /><br />Nos EUA a contaminação por radônio nas residências é a segunda maior causa de câncer de pulmão, atrás só do cigarro. Lá o problema é tão grave que o governo faz grandes campanhas educativas para orientar os moradores a medir os níveis de radônio de suas casas regularmente e <span style="font-style: italic;">kits</span> de medição são vendidos em qualquer loja de ferragens. No Brasil o problema é bem menos sério, pois graças ao clima, a maioria das pessoas mantém as janelas abertas, evitando que o gás se acumule em espaços confinados.<br /><br /></div><div>Dalvelina não está inventando nada portanto. O que ela está fazendo é se apropriando da linguagem e dos procedimentos científicos para construir uma <span style="font-style: italic;">outra</span> coisa que parece ciência mas não é: a <span style="font-style: italic;">geobiologia</span>.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Geobiologia</span> é uma pseudociência de nome chique cuidadosamente pensado para parecer científico. No fundo não é nada mais que radiestesia misturada com feng-shui. Basicamente a geobiologia estuda como as "energias más" da habitação afetam o homem, <a href="http://somostodosum.ig.com.br/clube/servicos.asp?id=1000%22"></a><a href="http://somostodosum.ig.com.br/clube/servicos.asp?id=1000">sejam elas</a>:<br /><br /><span class="beta_text"><blockquote>(...) ionização das moléculas de ar que respiramos; <span style="font-weight: bold;">gases polônio e radônio</span>, típico de fraturas no subsolo; presenças nefastas necromantes ou psíquicas; <span style="font-weight: bold;">influência da rede elétrica</span>; influência dos deslocamentos de águas no subsolo, inclusive esgotos da própria residência (ou empresa); <span style="font-weight: bold;">eletromagnetismo</span> gerado por aparelhos eletroeletrônicos, como TV, Computador, Microondas, Celulares, etc. e influência de objetos decorativos, quadros, estátuas, fotografias, móveis antigos (antiguidades), objetos herdados, fotografias de antepassados, etc.<br /></blockquote></span><br />Os instrumentos de um geobiólogo para detectar e transmutar tantas e tão variadas energias <a href="http://somostodosum.ig.com.br/clube/servicos.asp?id=1000">são</a>, além das clássicas varinhas, pêndulos e forquilhas, "<span style="font-style: italic;">(...) pirâmides cuja base, quando corretamente orientada, emite espectros positivos, inclusive para curas através de cromoterapia e também uso de emissores de ondas de forma.</span>"<br /><br />Todo esse <span style="font-style: italic;">papo furado</span> é até tolerável no cercadinho pseudocientífico razoavelmente inofensivo que inclui as revistas de decoração, arquitetura (vá lá... já perdemos esta), programas femininos<span style="font-style: italic;"></span> etc, mas deveria ser absolutamente condenável no portfólio de uma empresa de engenharia. Engenheiros que apóiam o uso de pêndulos e pirâmides em seu pátio de obras são, em gênero pelo menos, como os juízes que dão ouvidos à espíritos em <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/07/por-um-pouco-mais-de-tolerncia.html">pleno tribunal</a>.<br /><br />Por isso não sei quanto à você, mas eu preferiria morar em uma casa solidamente construída sobre um cemitério indígena do que arriscar a sorte em um prédio cheio das boas intenções do feng shui mas construído por quem chama radiação ionizante de "energia má" e usa pêndulos em vez de contadores Geiger para detectar radônio.<br /><br /><br /></div>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-76013569734326639412007-05-19T23:40:00.000-03:002007-06-09T11:30:17.170-03:00O Guia Cético para assistir a “What the Bleep do We Know?” - Parte 3Na <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/11/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html">primeira parte</a> desta trilogia apresentei as pessoas -- e o <span style="font-style: italic;">espírito</span> -- responsáveis pelo polêmico documentário "What a Bleep Do We Know". Na <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/12/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html">segunda parte</a> analisei a primeira metade do filme e apontei alguns dos erros que ele comete ao usar a Física Quântica para justificar as crenças místicas da seita Ramtha. Nesta terceira parte analiso o restante do filme e concluo tentando entender os motivos que levaram "Quem Somos Nós" a se tornar tão popular.<br /><br />Vamos então ao tão aguardado <span style="font-weight: bold;">Guia Cético para assistir a “What the Bleep do We Know?” - O Retorno de Ramtha</span>.<span style="font-weight: bold;"><br /><br /><br />0:33:34</span><br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirNbnCSJwmstV-_ybbJ2e6UE6T8pcIvwNK_wrAM2A1ZwXJLYANRTrEHNa8uh0hgfs_eqTt6VWdYzLf7K2jc4LV3I96xRlYbQrJwu6F2-8fOEyyVOKhKPj5EOMqDOLUgMQTAFiK/s1600-h/Picture+1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5025575677502764690" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirNbnCSJwmstV-_ybbJ2e6UE6T8pcIvwNK_wrAM2A1ZwXJLYANRTrEHNa8uh0hgfs_eqTt6VWdYzLf7K2jc4LV3I96xRlYbQrJwu6F2-8fOEyyVOKhKPj5EOMqDOLUgMQTAFiK/s200/Picture+1.jpg" border="0" /></a>A exibição do metrô vem do Japão e do Sr. Masaru Emoto. Masaru Emoto tornou-se tremendamente interessado na estrutura molecular da água e no que a afeta. A água é o mais receptivo dos quatro elementos. Mr Emoto pensou que talvez ela pudesse responder a eventos não físicos. Assim ele realizou uma série de estudos, aplicando estímulos mentais e fotografando-a em um microscópio de campo escuro.<br /><br />A primeira figura é uma foto de água da represa de Fujiwara. E esta figura é a mesma água após receber uma benção de um monge budista. Agora, na próxima sequência Emoto imprimiu palavras nas garrafas de água destilada e as deixou da noite para o dia. A primeira figura é uma fotografia de água destilada -- só a essência de si mesma. As fotografias sequintes são diferentes: a primeira é o "Chi do Amor", a seguinte é "Obrigado". E você pode ver onde isso foi escrito aqui. (...) A ciência sobre como isso efetivamente afeta as moléculas é desconhecida, excepto para as moléculas da água evidentemente... E isso é realmente fascinante quando se tem em mente que 90% dos nossos corpos é formado de água.</blockquote><br /><br />Como num filme de David Lynch, um tipo sinistro sai da multidão e, encarando Amanda fixamente, diz:<br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTFSgsTqVRYqfWW4rrZUPVVLETDBqhOVyCJGdO5w8eaeh-7zS_OVBjNu8_ts818CqypDw521pCIZfPKuZy8PD2iMOO_2gxN59NdV8JLE96Bjw_8-CSa8ZGIK3xEEgIHPVh6kuk/s1600-h/Picture+4.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5025575995330344610" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTFSgsTqVRYqfWW4rrZUPVVLETDBqhOVyCJGdO5w8eaeh-7zS_OVBjNu8_ts818CqypDw521pCIZfPKuZy8PD2iMOO_2gxN59NdV8JLE96Bjw_8-CSa8ZGIK3xEEgIHPVh6kuk/s200/Picture+4.jpg" border="0" /></a>Faz você pensar não é? Se os pensamentos podem fazer isso com a água imagine o que podem fazer conosco...</blockquote><br /><br />Então chegamos a <span style="font-weight: bold;">Masaru Emoto</span>.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirB9-F8EAYERw4UmVnaW3cXJu3POUKWvO4KMZ11dOGpsINyZs9ol-yZv-u-YR9ZDsOdqy2-t2d61JfAZTXSsg0dqseBKauN0PWRhN1IQTZWevUQiK9jojn-PmmFC41lMTL64JA/s1600-h/Emoto.What.the.Bleep.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5025606923389843186" style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirB9-F8EAYERw4UmVnaW3cXJu3POUKWvO4KMZ11dOGpsINyZs9ol-yZv-u-YR9ZDsOdqy2-t2d61JfAZTXSsg0dqseBKauN0PWRhN1IQTZWevUQiK9jojn-PmmFC41lMTL64JA/s200/Emoto.What.the.Bleep.jpg" border="0" /></a>Masaru Emoto, formado em Relações Internacionais no Japão, PhD em medicina alternativa na Índia, autor do livro "<span style="font-style: italic;">Messages From Water</span>", acredita que a água reage às <span style="font-style: italic;">emoções</span> ao redor dela: quando exposta à emoções positivas, a água se congela formando cristais belos e ordenados, mas se exposta a sentimentos considerados (por Emoto) como negativos sua estrutura cristaliza-se de maneira feia e desorganizada.<br /><br />Além disso Emoto acredita que a água tratada com palavras amáveis e <span style="font-style: italic;">orações</span> em vez de cloro e flúor, pode matar a sede mais eficientemente, melhorar a circulação sanguínea e o regular o metabolismo. Por isso inventou a revolucionária <span style="font-weight: bold;">Água Indigo</span>, uma água “geometricamente perfeita”, que promete as maravilhas acima e muitas outras pelo preço de um perfume francês: U$ 35,00 a garrafinha de 230 ml.<br /><br />Tudo isso eu já escrevi há algum tempo atrás quando dediquei um <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/09/hidrognio-oxignio-e-muito-amor.html">post</a> a Masaru Emoto. Na época eu não imaginava o papel central que as idéias de Emoto tinham em "What a Bleep Do We Know" (veremos isso adiante) e nem tinha a noção da enorme popularidade que ele alcançaria, catapultado pelo sucesso do filme.<br /><br />Como vimos naquele post, o maior -- mas não o único -- impedimento para <span style="font-style: italic;">tentar</span> levar Emoto à sério é que ele <span style="font-weight: bold;">não usa testes duplo-cego</span>. <span style="font-style: italic;">Duplo cego</span> é um procedimento que visa evitar qualquer parcialidade do pesquisador, <span style="font-style: italic;">voluntária</span> ou não. Como quando estão estudando a eficência de uma nova droga e os médicos misturam entre as pílulas reais algumas pílulas falsas, chamadas de <span style="font-weight: bold;">placebo</span>, de maneira que nem o médico nem o paciente sabem, de antemão, quem está tomando o quê. Um teste duplo-cego é simplesmente uma maneira de se testar uma alegação com a máxima honestidade. É por isso que é usada pelos pesquisadores que querem convencer a comunidade científica de seus resultados mais do que apenas ganhar dinheiro com eles.<br /><br />Pois Emoto não só não realiza testes duplo-cego como já <a href="http://www.informat.io/?title=masaru-emoto">respondeu</a> em uma entrevista recente que “<span style="font-style: italic;">não entende muito bem esse negócio de duplo-cego</span>”! Em vez da inconveniente imprevisibilidade de um teste duplo-cego Emoto <a href="http://www.informat.io/?title=masaru-emoto">prefere</a> contratar assistentes com um "acurado senso estético", que possam fotografar os cristais em um ambiente livre de pressões. Isto quer dizer que quando um assistente de Emoto fotografa um cristal de água, ele sabe tanto o que aconteceu à água, quanto o que acontecerá a ele se não fotografar o resultado que Emoto espera. Como numa única gota d'água pode haver milhares de microscópicos cristais se formando, sempre será possível encontrar cristais bonitos e feios, dependendo de como se procure.<br /><br />O mágico <span style="font-weight: bold;">James Randi</span> já ofereceu <strong>1 milhão de dólares </strong>a Emoto caso ele reproduzisse seus resultados usando uma metologia realmente científica. Não é surpresa que Emoto tenha recusado: alguém que vende água por quase R$ 100,00 o copinho não deve estar precisando de dinheiro não é?<br /><br />Voltemos ao filme: a narradora nos diz que a “<span style="font-style: italic;">água é o mais receptivo dos quatro elementos</span>”. Ora, a idéia de que o mundo é formado por 4 elementos -- <span style="font-weight: bold;">fogo, água, terra e ar</span> – remonta à <span style="font-weight: bold;">Aristóteles</span> e tem a ver com a química moderna tanto quanto colocar sanguessugas sobre talhos na pele de um paciente tem a ver com a medicina moderna. E alguém aí sabe o que pode ser um “elemento receptivo”? um doce para quem encontrar esta propriedade química na tabela periódica.<br /><br />Existe ainda outra idéia falsa camuflada neste trecho do filme: <span style="font-weight: bold;">a premissa de que tudo o que afeta a água afeta igualmente o nosso corpo</span>, já que ele formado em grande parte por esse líquido. Os astrólogos, por exemplo, amam com paixão esta idéia: ora, <em>se a Lua tem tamanha influência sobre as marés, como poderia não influenciar também nosso corpo</em>? justificam-se. (Acontece que a força gravitacional, que causa as marés, é <a href="http://www.projetoockham.org/boatos_luacheia_1.html">pequena demais</a> para ser percebida a não ser que <span style="font-style: italic;">grandes massas</span> estejam envolvidas, como é o caso entre a Lua e os oceanos. É por isso que, assim como o nível do seu copo de cerveja -- que também é composto em grande parte de água -- não sobe de acordo com a fase da lua, o nosso corpo tampouco sofre a ação de nenhuma espécie de "maré corporal", ou algo do gênero). É esta a falácia que o filme apresenta quando o tal sinistro personagem pergunta: “<span style="font-style: italic;">Faz você pensar não é? Se os pensamentos podem fazer isso na água imagine o que podem fazer conosco...</span>”.<br /><br />E o mais grave: as experiências de Emoto são feitas com água <span style="font-style: italic;">congelada</span> e felizmente nós não temos água congelada no nosso corpo. Resta supor que a água <span style="font-style: italic;">prediposta</span> a se solidificar de maneira <span style="font-style: italic;">esteticamente agradável</span> é mais saudável do que a água <span>microscopicamente</span><span style="font-style: italic;"> feia</span>. No entanto, note que nenhuma relação entre saúde e beleza foi estabelecida pelo filme. Quando o tal personagem misterioso diz “<span style="font-style: italic;">Se os pensamentos podem fazer isso na água imagine o que podem fazer conosco...</span>” ele espera que o espectador preencha esta lacuna lógica com pura imaginação, não com fatos. Quando colabora, o espectador não percebe que está sendo vítima do que, em inglês, se dá o nome de <span style="font-style: italic;">"wishfull thinking"</span>, que em portugês não dá para traduzir muito melhor do que "crença movida pelo desejo".<br /><br />A propósito, a não ser que você seja o <span style="font-style: italic;">Bob Esponja</span> você não é formado por 90% de água. A percentagem correta do líquido nos seres humanos é de pouco menos de 80% nos recém nascidos, 60% em homens adultos e 55% nas mulheres.<span style="font-weight: bold;"><br /><br /><br />0:36:31 </span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdINsBoVezcnYOuyNYdQ7K4u2KldXOntBcdhGXe9bqpHL_SyDVYGuUfzKnLK6ka7F44rvrqTiru14izCFjYyHX1UoaXJmDnqV_aymmLqQ6v2o1QTW1wh12Q4_rN-sHZkPjtcM5/s1600-h/picture03.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdINsBoVezcnYOuyNYdQ7K4u2KldXOntBcdhGXe9bqpHL_SyDVYGuUfzKnLK6ka7F44rvrqTiru14izCFjYyHX1UoaXJmDnqV_aymmLqQ6v2o1QTW1wh12Q4_rN-sHZkPjtcM5/s200/picture03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5059228264081807602" border="0" /></a><span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">Se você aceitar com todas as forças do seu ser que você pode andar sobre a água, o que acontecerá? Sim, você vai andar! </span>Mas você sabe, é como, uh, é como o pensamento positivo funciona. É uma idéia maravilhosa o pensamento positivo, mas o que ele normalmente significa é que nós temos um pequeno lampejo de pensamento positivo encoberto por toda uma massa de pensamento negativo. Logo, o pensamento positivo nunca é pensamento positivo mesmo, é só o pensamento negativo que temos mascarado...</span></blockquote><br />Aqui o filme leva ao extremo a idéia do pensamento positivo, afirmando que uma pessoa pode <span style="font-weight: bold;">literalmente</span> levitar sobre a água desde que aceite com todas as forças do seu ser que pode fazer isso.<br /><br />Michael Ledwith não está no filme para falar de ciência. <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/11/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html">Como ex-padre</a>, o papel de Ledwith em "What a Bleep Do We Know" é de <span style="font-style: italic;">Consultor para Assuntos Religiosos</span><span style="font-style: italic;">: </span>sua pequena participação se resume a este trecho enaltecendo o pensamento positivo e outras rápidas passagens em que divaga sobre a natureza de Deus. No entanto sua aparição revela <span style="font-weight: bold;">uma das </span><span style="font-weight: bold;">maiores estratégias</span> de "What a Bleep Do We Know": inserir calculadamente os assuntos esotéricos e as opiniões puramente pessoais em meio às discussões "científicas" para dar ao pacote todo uma aparente cientificidade e criar a ilusão de que estes temas estão entrelaçados. Foi desta maneira que "What a Bleep Do We Know"conseguiu ser aclamado como um "documentário de física quântica" falando tão pouco sobre física.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">0:51:02<br /></span><br />Mais ou menos a partir dos 40 minutos "What a Bleep Do We Know" dá uma virada. A Física Quântica, que vinha sendo o tema principal do filme, é substituída pela <span style="font-weight: bold;">Neurociência</span> e só volta a ser citada bem no finalzinho. A partir deste ponto o quiroprático <span style="font-weight: bold;">Joe Dispenza</span> toma as rédeas e conduz o documentário praticamente sozinho com raras intercalações de seus companheiros de seita. Com isso a ciência -- que já era rala -- vai ficando ainda mais diluída em meio a extrapolações morais, discussões religiosas e sermões sobre como viver a vida. Finalmente, como se removesse um véu de sobre a última camada do filme, Joe revela o que "What a Bleep Do We Know" realmente é: um <span style="font-weight: bold;">documentário de auto-ajuda</span>.<br /><br />Com a palavra, Joe Dispenza:<br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_p9JZeHDl6Rwfiktxcd5AfckqqYsTk8RSs5Ve8C35gALGzY3iH4t_OMxy_0_3CNx0GBCYqiukmHb4z_q0fYNKEIZM9DKn-gyIovaejxje-hjg4ykeczodjfMb0nUwHDMENYXU/s1600-h/Picture+7.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5025607378656376578" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_p9JZeHDl6Rwfiktxcd5AfckqqYsTk8RSs5Ve8C35gALGzY3iH4t_OMxy_0_3CNx0GBCYqiukmHb4z_q0fYNKEIZM9DKn-gyIovaejxje-hjg4ykeczodjfMb0nUwHDMENYXU/s200/Picture+7.jpg" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">O cérebro, quando dispara seus pensamentos, é como uma planície sob um temporal. E o emaranhado de sinapses são como o céu entre... a tempestade e a Terra. Você vê esta nuvem negra no céu e você vê os impulsos elétricos se movendo por eles e então você vê eles atingirem o solo. O cérebro se parece com uma tempestade, quando formulando um pensamento coerente. Mas ninguém vê um pensamento, o que se vê é uma tempestade açoitando diferentes quadrantes do cérebro. Estas áreas devem estar respondendo à imagens holográficas -- raiva, assassinato, ódio, compaixão, amor.</span></blockquote><br />O filme mostra as lembranças ruins de Amanda disparando em seu cérebro uma autêntica tempestade de raios (o que faz o termo "<span style="font-style: italic;">brainstorm"</span> deixar se ser apenas uma figura de linguagem).<br /><br />Mas o cenário de uma planície de massa cinzenta açoitada por uma tempestade de relâmpagos entre nuvens de neurônios, embora empreste à cena a dramaticidade que o filme busca, é -- surpresa! -- bastante incorreta. Os estímulos nervosos não são transmitidos através de arcos voltaicos como relâmpagos e sim <span style="font-style: italic;">quimicamente</span> através de substâncias chamadas de <span style="font-weight: bold;">neurotransmissores</span>.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">0:52:17</span><span style="font-weight: bold;"></span><br /><br />Joe Dispenza novamente:<br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuMqa6EGUBgkIsgLKohFzt-JQK3TKLV53oGfs0Nef4H7SL9dhf_ESMWjhEHvM3Mrq6a67KG6tTh1dlYdoqApNpMddJGeL2EEr6379gaQT2fYmyLJB3ZhpbW2FmXI9lEevPuMyt/s1600-h/Picture+8.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5025607670714152722" style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuMqa6EGUBgkIsgLKohFzt-JQK3TKLV53oGfs0Nef4H7SL9dhf_ESMWjhEHvM3Mrq6a67KG6tTh1dlYdoqApNpMddJGeL2EEr6379gaQT2fYmyLJB3ZhpbW2FmXI9lEevPuMyt/s200/Picture+8.jpg" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">O cérebro não sabe a diferença entre o que ele vê no ambiente e o que ele lembra. Porque os mesma rede neural é ativada.<br /></span></blockquote><br /><br />Estudos mostram que a mesma área do cérebro é ativada quando você vê uma maça e quando <span style="font-style: italic;">pensa</span> em uma maça. Isso parece ser confirmado pela nossa experiência, uma vez que a lembrança de uma suculenta maçã geralmente dispara nossas células salivares tanto quanto a visão de uma. Mas será que isso significa que o cérebro não sabe a diferença entre uma maça de verdade e a lembrança de uma maçã? <span style="font-weight: bold;">Não, isso não é verdade</span>.<br /><br />Estudos mostram que embora as mesmas áreas do cérebro sejam ativadas, esta atividade <span style="font-style: italic;">é muito menor</span> quando imaginamos uma coisa do que quando olhamos para esta coisa, sendo que esta atividade é tão menos intensa quanto menos vívida for a lembrança. Ou seja, existe uma diferença <span style="font-style: italic;">quantitativa</span> nas áreas ativadas no nosso cérebro quando imaginamos algo e quando o vivenciamos. E isso faz toda a diferença.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">0:55:39</span><br /><br />E assim, sem mais nem menos, o físico John Hagelin aparece em cena por menos de 3 segundos, para dizer:<br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsNFjrba1KlazQU-0c7Olq1JzFfAERQSZWvCzZJs9rdLvSoHLvXy_XfWrJsML-bKYaL1Wl9UgFepWL2UYKU2_g0GISPWSU1WPKmyx-4ezKQI4W-iBz7f-TOsERwhMuXxJ34jCI/s1600-h/Untitled.png"></a><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsNFjrba1KlazQU-0c7Olq1JzFfAERQSZWvCzZJs9rdLvSoHLvXy_XfWrJsML-bKYaL1Wl9UgFepWL2UYKU2_g0GISPWSU1WPKmyx-4ezKQI4W-iBz7f-TOsERwhMuXxJ34jCI/s1600-h/Untitled.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsNFjrba1KlazQU-0c7Olq1JzFfAERQSZWvCzZJs9rdLvSoHLvXy_XfWrJsML-bKYaL1Wl9UgFepWL2UYKU2_g0GISPWSU1WPKmyx-4ezKQI4W-iBz7f-TOsERwhMuXxJ34jCI/s200/Untitled.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5066046046970448114" border="0" /></a><br /><span style="font-style: italic;">A mais sofisticada fármacia do universo está aqui.<br /><br /></span><br /></blockquote><br /><br />Logo em seguida, Joe continua:<br /><br /><blockquote style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMjFFKeBjmOgc3WT6r1ObKQdHOQOUEM4LoGr1AC6XE0fJrdy7thzhgm4KEtQ3oHOXEcR1FWU5g9JxDNwL8-zK0oLBCV-OVJYKcOU1wumpWzn8_Th6M6Ghbxk1BE2NX9VrZvuoo/s1600-h/Untitled.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMjFFKeBjmOgc3WT6r1ObKQdHOQOUEM4LoGr1AC6XE0fJrdy7thzhgm4KEtQ3oHOXEcR1FWU5g9JxDNwL8-zK0oLBCV-OVJYKcOU1wumpWzn8_Th6M6Ghbxk1BE2NX9VrZvuoo/s200/Untitled.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5064193383714937202" border="0" /></a>Existe uma parte do cérebro chamada de hipotálamo... o hipotálamo é como uma mini fábrica e é o lugar onde são montadas certas substâncias químicas que correspondem a certas emoções que vivenciamos. E estas substâncias em particular são chamadas de peptídeos. Eles são pequenas cadeias de amino-ácidos. O corpo é basicamente uma unidade de carbono... que constrói 20 diferentes aminoácidos para formular sua estrutura física. O corpo é uma máquina de produzir proteínas. No hipotálamo nós pegamos estas pequenas cadeias de aminoácidos chamadas peptídeos e os montamos em certos neuropeptídeos ou neurohormônios que correspondem aos nossos estados emocionais que experimentamos no dia a dia. Assim há substâncias para raiva e há substâncias para tristeza e há substâncias para vitimização e para luxúria. Há substâncias químicas para cada emoção que experimentamos. E no momento em que vivemos aquela emoção o hipotálamo imediatamente monta o peptídeo correspondente e o libera na corrente sanguínea. Nesta hora o peptídeo encontra o caminho até as diferentes partes do corpo. Agora, cada célula do nosso corpo possui estes receptores do lado de fora...</blockquote><br />Como vimos, os sinais nervosos não são transmitidos através de arcos voltaicos como o que acende o gás do seu fogão, e sim através de substâncias químicas chamadas de neurotransmissores. Uma das categorias de substâncias que agem como neurotransmissores são os <span style="font-weight: bold;">peptídeos</span>, que nada mais são do que proteínas pequenas.<br /><br />Acontece que sintetizar neutransmissores não é somente uma questão de fé ou de treinamento como o filme parece sugerir (ainda que não o diga explicitamente). O que na verdade é uma pena, senão várias doenças poderiam ser curadas apenas com tratamento psicológico ou com o consumo de material de auto-ajuda. Casos clínicos de depressão, doença associada a baixos níveis de neurotrasmissores como a <span style="font-weight: bold;">serotonina</span>, curar-se-iam simplesmente com doses controladas do vídeo de "<a href="http://www.youtube.com/watch?v=lL6AZ6NF-e0">Everybody is Free (to Wear Sunscreen)</a>"; o Mal de Parkinson, relacionado ao menos parcialmente a uma disfunção no peptídeo <span style="font-weight: bold;">amilóide beta</span>, poderia ser curado simplesmente com sessões de análise em um bom psicoterapeuta e a diabetes, outro mal associado a deficiência na síntese de uma substância geralmente considerada um peptídeo -- a <span style="font-weight: bold;">insulina</span> -- poderia ser curada com livros do Paulo Coelho. Doloroso, mas não tanto quanto conviver com a doença.<br /><br />Por fim o filme erra mais uma vez ao afirmar que o corpo sintetiza os 20 aminoácidos usados para montar os peptídeos. Nosso corpo é capaz de sintetizar apenas 12 aminoácidos; os outros 8 precisam ser consumidos na alimentação (nossa farmácia corporal pode ser sofisticada, mas não é autosuficiente).<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">1:00:12</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpexjR_t6sOkX8YCcpHlwLtiVRN21fscmEynQlxUXej07NNMGP8UZcUp6vj6tqpd8yV0WVBwVj2-Q1v1zEyofT7mf2naRHNOKR4x2HbUhnGFMWnQu7gBiI6ahZhcydgAuOZrQ8/s1600-h/picture02.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpexjR_t6sOkX8YCcpHlwLtiVRN21fscmEynQlxUXej07NNMGP8UZcUp6vj6tqpd8yV0WVBwVj2-Q1v1zEyofT7mf2naRHNOKR4x2HbUhnGFMWnQu7gBiI6ahZhcydgAuOZrQ8/s200/picture02.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5059018476404234466" border="0" /></a><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQHMStwGrtg-Sv_tWV1b0UKMJJb49V3JUpyAlZgFBWk_ifeONE2dGqlGJnvQFWUEwFwsdhFl_nv5X-OMX6wVWfVNikqFm1w5ch37Tp1Br47-63Bc2346FnWgcmKQD2zwTDlCIF/s1600-h/Untitled1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQHMStwGrtg-Sv_tWV1b0UKMJJb49V3JUpyAlZgFBWk_ifeONE2dGqlGJnvQFWUEwFwsdhFl_nv5X-OMX6wVWfVNikqFm1w5ch37Tp1Br47-63Bc2346FnWgcmKQD2zwTDlCIF/s200/Untitled1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5061198739242637570" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">Cada célula está definitivamente viva e cada célula tem uma consicência, particularmente se definirmos consciência como o ponto de vista de um observador. Sempre existe a perspectiva da célula. Na verdade, a célula é a menor unidade de consciência do corpo.</span></blockquote><br />Candice Pert afirma que as células nervosas do nosso corpo são criaturas conscientes "do ponto de vista do observador" e que o ser humano é na verdade a soma da consciência dessas minúsculas gelatinosas criaturinhas com uma infeliz tendência a se tornarem viciadas em peptídeos.<br /><br />O conceito de <span style="font-style: italic;">consciência</span> é vasto e possui pelo menos uma dúzia de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Consciousness">definições</a> diferentes, todas exigindo de algum jeito a habilidade de perceber à si mesmo<span style="font-style: italic;"></span>. Acho que todos concordamos que afirmar que uma célula está ciente de sua própria existência é ir um pouco longe demais em qualquer direção.<br /><br />Este ponto também demarca o início do trecho mais insuportável de "Quem Somos Nós": quando o filme inventa a categoria de "comédia <span style="font-style: italic;">new age </span>pastelão", com direito até a um inacreditável musical com pedestais de soro fisiológico.<br /><br /><br /><span><span style="font-weight: bold;">1:15:00</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8l66LyiSht3XwXUM4N70VB5d7zTqKfH8TeEM0TYBrtMExF3v4EJXbSH34lWiEZ7ASPWyDAN0yG3CjGcc755pg3QBoRo7FtYz2yuPiWwSNwQ61seLbuT-n8GHlkAXee-5ErGuI/s1600-h/Untitled.png"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8l66LyiSht3XwXUM4N70VB5d7zTqKfH8TeEM0TYBrtMExF3v4EJXbSH34lWiEZ7ASPWyDAN0yG3CjGcc755pg3QBoRo7FtYz2yuPiWwSNwQ61seLbuT-n8GHlkAXee-5ErGuI/s200/Untitled.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5064230715570674082" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">Nossa mente literalmente cria nosso corpo.</span> (...) <span style="font-style: italic;">Uma das coisas sobre os receptores é que eles mudam sua sensibilidade. Se o receptor para uma certa droga, ou fluido interno está sendo constantemente bombardeado por um longo período de tempo, com alta intensidade, ele vai literalmente se tornar menor. <span style="font-weight: bold;">Haverá menos deles</span>.</span> <span style="font-style: italic;">Assim, a mesma quantidade da substância, ou do fluido interno, causará uma resposta muito menor.</span></blockquote><br /></span>Logo em seguida Joe Dispenza retoma o bastão e prossegue:<br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTRtXvw16OLweCddmypZACjV7U7zf_y-dMZnNR8k0h9WwlmwzFv5ig3wFt03z6_UVYuV04kowDjfIxXaT_bM7LFBPFN3pLdd_O4ZeUqPLxDdS2jsTXi4afRgeOX-WB1UU5JUhS/s1600-h/Untitled10.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTRtXvw16OLweCddmypZACjV7U7zf_y-dMZnNR8k0h9WwlmwzFv5ig3wFt03z6_UVYuV04kowDjfIxXaT_bM7LFBPFN3pLdd_O4ZeUqPLxDdS2jsTXi4afRgeOX-WB1UU5JUhS/s200/Untitled10.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5064194238413429122" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">Se nós bombardeamos a célula com a mesma atitude e a mesma substância química diariamente, quando aquela célula decide se dividir, quando ela produz uma célula filha, esta possuirá </span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">mais receptores</span><span style="font-style: italic;"> para aquele neuropeptídeo particular e menos receptores para vitaminas, minerais e nutrientes.</span></blockquote><br />Ou seja, Candice Pert diz que o bombardeio constante <span style="font-style: italic;">diminui</span> a quantidade de receptores das células, enquanto Joe Dispenza afirma que isso <span style="font-style: italic;">aumenta</span> a quantidade de receptores. Um dos dois tem que estar errado.<br /><span><br />De um jeito ou de outro o raciocínio de Joe é inválido: as células do sistema nervoso <span style="font-weight: bold;">não se dividem através de mitose</span>, ou seja, não se reproduzem formando células filhas que herdam as características genéticas da mãe.<br /></span><span style="font-weight: bold;"><br /><br /></span> <span style="font-weight: bold;">01:18:00</span><br /><br />Eis que o professor Willian Tiller aparece em cena dizendo nada mais do que...<br /><br /><span style="font-style: italic;"><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrVn1B3uRIMPe0ENSfh2E5xb1pjOUmlU3EGn4o-J9dfBKjbhKiStb78zFQI2CHxKKiytxpROgDrFB22O3Wk99_RtKnp_hs1RHRYeOLYwI3N2A7966eO2LsRN5PAjdDnMdG4ic/s1600-h/Untitled3.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrVn1B3uRIMPe0ENSfh2E5xb1pjOUmlU3EGn4o-J9dfBKjbhKiStb78zFQI2CHxKKiytxpROgDrFB22O3Wk99_RtKnp_hs1RHRYeOLYwI3N2A7966eO2LsRN5PAjdDnMdG4ic/s200/Untitled3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5061212702181316882" border="0" /></a>Ok, pessoal, é hora de um ajuste de curso na trajetória ao longo do caminho de nossa aventura. E este ajuste de curso é o movimento para um novo paradigma, uma expansão do antigo -- tal qual o universo é maior do que pensamos que era em nossa modelagem, e é sempre maior do que pensamos que é.</blockquote></span><br />Este é um perfeito exemplo de como os diretores de "What a Bleep Do We Know" editaram o filme mais interessados no efeito dramático do que no conteúdo. Descolado de qualquer contexto este trecho não quer dizer <span style="font-style: italic;">bulhufas</span>; na sequência serve apenas como escada para uma <span style="font-style: italic;">gag</span> infame: comparar o tamanho do universo com o tamanho com que Amanda imagina a si mesma diante do espelho, na cena seguinte.<span style="font-weight: bold;"><br /><br /><br />01:18:19</span><br /><br /><blockquote><span style="font-style: italic;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr0xm7EFCrYoNXdyaQJYY-UXl-HVFjAF-XZkvbZyjVqdabMN_PG2qYqt4OhyqGDfwIGO3AcsNGDl3xqV0lIY6LsQfHwBONRP6rEAYTzw0LN7gQXJ561tps4gPxMQKqkiz0hDVT/s1600-h/Untitled4.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr0xm7EFCrYoNXdyaQJYY-UXl-HVFjAF-XZkvbZyjVqdabMN_PG2qYqt4OhyqGDfwIGO3AcsNGDl3xqV0lIY6LsQfHwBONRP6rEAYTzw0LN7gQXJ561tps4gPxMQKqkiz0hDVT/s200/Untitled4.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5061214222599739682" border="0" /></a><br /><br />Eu te odeio!<br /><br /><br /><br /></span></blockquote><br /><br />Aos berros Amanda ataca sua imagem no espelho com um tubo de pasta de dente, até ficar esgotada. Neste momento um gota d'água chama sua atenção e isso traz a lembrança daquele personagem misterioso do metrô dizendo: "<span style="font-style: italic;">Faz você pensar não é? Se os pensamentos podem fazer isso com a água imagine o que podem fazer conosco...</span>".<br /><br />Aparentemente Amanda decide colocar em prática a teoria de Emoto pois passa a desenhar por toda a sua pele <span style="font-style: italic;">iloveyous</span> circundados por coraçõezinhos encaracolados, da mesma maneira que Emoto escrevia nos rótulos das suas garrafas d'água. A música vai caminhando para um ápice triunfal ao mesmo tempo que Joe Dispenza desfila em <span style="font-style: italic;">off</span> o mais longo e emocionado discurso de auto-ajuda até então. Algum tempo depois Amanda mergulha numa banheira, purificando-se, e a água ganha o foco, remetendo a Emoto novamente.<br /><br />É interessante notar como depois de tanto tempo explorando as estranhezas da física quântica e a química do cérebro, nem quantuns nem peptídeos receberam o crédito pela transformação de Amanda, e sim o que parecia ser um tema periférico: a água sentimental de Masaru Emoto.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:25:51</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ94-NaxqfiRGcIEoiElKQEtUzLoK0wBInfR_hFw5rxtb_VyHY7OjvZUTPQUtbNBzKdvUxUnxY5EPYUqB4FXFf8dZ3Rhhv1YOPQnOen6CiLitFQcHS32iHlrIBmSeyF6KxprlZ/s1600-h/Untitled5.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ94-NaxqfiRGcIEoiElKQEtUzLoK0wBInfR_hFw5rxtb_VyHY7OjvZUTPQUtbNBzKdvUxUnxY5EPYUqB4FXFf8dZ3Rhhv1YOPQnOen6CiLitFQcHS32iHlrIBmSeyF6KxprlZ/s200/Untitled5.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5061220540496632114" border="0" /></a><span>[Ramtha]</span><span style="font-style: italic;"> Qual o único planeta da Via Láctea habitado? imerso em uma enorme dominação religiosa? Você sabe o porque disso? Porque as pessoas tem idéias erradas sobre o que é certo e errado.</span></blockquote><br /><br />Ramtha revela que a Terra é o único planeta habitado da Via Láctea, algo que aparentemente já era sabido na Lemúria há 35.000 anos atrás.<br /><br />Errr... mas <span style="font-style: italic;">e daí</span>? Estima-se que existam cerca de <span style="font-weight: bold;">125 bilhões</span> de galáxias como a Via Láctea no universo, isso ainda nos deixa com outras 124.999.999.999 galáxias para procurarmos por vida inteligente. Aliás se o espírito sabe algo que não sabemos por que não nos diz de uma vez para qual galáxia apontar nossos rádiotelescópios?<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">01:28:52</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS9VetlgvCtG6W4Udn7pOp_egTnE3UBU3-Fl58KMO8ZZrdJg_i_e8hkXRYMHbMmbOKM1XbjfBXF2wP5hqkpcPeoI0vTl9ziVLLrjJ_oWEjP6MD03pkc9mBuTvgkM1emWsBht-R/s1600-h/Untitled6.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS9VetlgvCtG6W4Udn7pOp_egTnE3UBU3-Fl58KMO8ZZrdJg_i_e8hkXRYMHbMmbOKM1XbjfBXF2wP5hqkpcPeoI0vTl9ziVLLrjJ_oWEjP6MD03pkc9mBuTvgkM1emWsBht-R/s200/Untitled6.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5061221184741726530" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">Se nós estamos conscientemente projetando nosso destino e se somos conscientes, de um ponto de vista espiritual, e aceitamos a idéia de que nossos pensamentos afetam a realidade, ou afetam nossa vida -- porque realidade é igual à vida -- então eu tenho este pequeno pacto que uso ao criar meu dia: </span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Eu digo: "Eu estou usando este tempo para criar meu dia e eu estou <span style="font-weight: bold;">afetando meu campo quântico</span>. Agora, se o observador está realmente me observando durante todo o tempo em que faço isso... e há um aspecto espiritual em mim mesmo, então me dê um sinal de que você prestou atenção a todas estas coisas que criei, e me as traga de uma maneira que eu não esteja esperando. Assim eu ficarei tão surpreso com a minha habilidade de ser capaz de vivenciar estas coisas que não terei dúvidas de que elas vieram de você" </span><br /></blockquote><br />Se eu precisasse extrair um único trecho de "What a Bleep Do We Know" para caracterizá-lo, eu escolheria este.<br /><br />Aqui Joe, que se estabeleceu como o verdadeiro guru de "What a Bleep Do We Know", deixa aos espectadores um pequeno, mas emocionado, tutorial de auto ajuda que mistura espiritualidade disfarçada de física quântica, oração disfarçada de pensamento positivo e Deus disfarçado de Observador.<br /><br />Acho que nenhum outro trecho sintetiza tão bem como este a macarronada místico-religiosa disfarçada de ciência e embalada como guia prático de auto-ajuda que "What a Bleep Do We Know" de fato é.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">1:31:33</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGU51cf21N3m4TVmIUkR8d_l-_1ThV_s9lRq8wY2JdasX33OkppRedQJ4AZkkqO5nBgBYPrP0CjPfC3mksEu-jbp-TJBjGECqjrsQWJqVumxk50APN7PguLw_OudVfJdODl4fS/s1600-h/Untitled8.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGU51cf21N3m4TVmIUkR8d_l-_1ThV_s9lRq8wY2JdasX33OkppRedQJ4AZkkqO5nBgBYPrP0CjPfC3mksEu-jbp-TJBjGECqjrsQWJqVumxk50APN7PguLw_OudVfJdODl4fS/s200/Untitled8.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5061233884960020834" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">Sua consciência influência os outros ao seu redor. <span style="font-weight: bold;">Influencia as propriedades dos materiais</span>. Influencia seu futuro. Você está co-criando seu futuro.</span></blockquote><br /><br />Isto é dito em <span style="font-style: italic;">off</span> por Willian Tiller, PhD, professor do departamento de Ciência dos Materiais da Universidade de Stanford. (Como eu já fui aluno, e mais tarde professor, do mesmo departamento que Tiller, só que em outra respeitada instituição, este trecho é o meu favorito em todo o filme)<br /><br />Acredite em mim, você <span style="font-weight: bold;">não ia querer</span> viver num mundo onde as propriedades dos materiais fossem afetadas pela consciência das pessoas ao redor deles. Viajar de avião, por exemplo, seria muito mais perigoso se a resistência do aço pudesse ser afetada pela consciência dos passageiros -- imagine as aeromoças sendo obrigadas a dizer: "<span style="font-style: italic;">senhores passageiros, a partir de agora não são mais permitidos telefones celulares, aparelhos eletrônicos nem pensamentos infelizes</span>". Blecautes seriam muito mais comuns se, além dos incêndios, os pensamentos da população vivendo próxima às torres de alta-tensão também pudessem afetar a resistividade elétrica do cobre; e eu não quero nem pensar no que aconteceria com as propriedades químicas do urânio se uma pessoa com problemas conjugais fosse admitida em uma usina nuclear.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">1:38:19</span><br /><br /><blockquote><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKTI0p_fp6G0Ioc_0GuThmp7NLgo_QBm728dMnLNY0w-qiYQQEOsUecBruydJc_Xb0HleRKRkiCteWw5-V328xN9nt-2o6itzcTnBLd2rS4D0bDKkKg3s-nYGeYwm0BKdeN6c5/s1600-h/Untitled7.jpg"></a><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKTI0p_fp6G0Ioc_0GuThmp7NLgo_QBm728dMnLNY0w-qiYQQEOsUecBruydJc_Xb0HleRKRkiCteWw5-V328xN9nt-2o6itzcTnBLd2rS4D0bDKkKg3s-nYGeYwm0BKdeN6c5/s1600-h/Untitled7.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKTI0p_fp6G0Ioc_0GuThmp7NLgo_QBm728dMnLNY0w-qiYQQEOsUecBruydJc_Xb0HleRKRkiCteWw5-V328xN9nt-2o6itzcTnBLd2rS4D0bDKkKg3s-nYGeYwm0BKdeN6c5/s200/Untitled7.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5061225625737910610" border="0" /></a>[continuando o trecho anterior]<span style="font-style: italic;"> Como medimos os efeitos? Vivemos a vida e vemos se alguma coisa mudou. E se ela tiver mudado então nós nos tornamos os cientistas da nossa vida... o que é o motivo pelo qual estamos aqui.</span></blockquote><br /><br />Esta é a cena em que Amanda -- a nova Amanda, purificada por sua jornada -- decide que não precisa mais de seus remédios e os joga no lixo.<br /><br />Enquanto advoga o pensamento positivo e incentiva as pessoas a adotarem uma atitude de vida mais pró-ativa e responsável, ainda que baseando-se em conceitos distorcidos de física e biologia, "What a Bleep Do We Know" é relativamente inofensivo -- e até inspirador -- para o espectador com um <span style="font-style: italic;">handicap</span> crítico. Mas no momento em que sugere que alguém pode se tornar "o cientista de sua vida" e abandonar por conta própria sua medicação, o filme comete seu pecado mais grave.<br /><br />Existem doenças cujos sintomas vão e vem ciclicamente, assim como existem doenças cujos sintomas podem ser temporariamente aliviados por analgésicos naturais liberados pelo nosso organismo em momentos de euforia (como após um bom filme de auto-ajuda). Interromper um tratamento por causa de uma fugaz sensação de alívio é temerário; inspirar alguém a fazê-lo é irresponsável. Alguns antibióticos, por exemplo, não podem ser interrompidos no meio do tratamento sob o risco de que a doença retorne agravada. E há medicamentos que se interrompidos bruscamente causam mais complicações do que uma simples recaída.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Créditos Finais<br /><br /></span>Há uma piada que diz que o paraíso é um lugar onde a polícia é inglesa, os cozinheiros são franceses, os mecânicos são alemães, os amantes são italianos e tudo é organizado pelos suíços, enquanto o inferno é um lugar onde a polícia é alemã, os cozinheiros são ingleses, os mecânicos franceses e os amantes são suiços, sendo tudo organizado pelos italianos.<br /><br />Quando chegam os créditos de "Quem Somos Nós" e as credenciais dos cabeças falantes são reveladas o obsevador atento fica com a sensação que passou os útlimos 90 minutos numa espécie de inferno europeu. Em vez de físicos falando de física, médicos falando de medicina e padres falando de Deus, o espectador descobre que passou a maior parte do tempo ouvindo físicos falando sobre Deus, um quiroprático e um médico (ainda graduando em Física) falando sobre física, um físico falando sobre medicina, um padre falando sobre pensamento positivo e uma ex-dona de casa, atualmente líder de uma seita, falando sobre Deus, moral, ética e vida em outros planetas. Tudo isso amalgamado por uma edição maliciosa que alternou new-age e ciência como se fossem farinha do mesmo saco, isolando e tirando de contexto as frases de uma para concluir os pensamentos de outra.<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Epílogo<br /><br /></span>Chegamos finalmente ao desfecho de "O Guia Cético para assistir a 'What the Bleep do We Know?'”. Ao longo desta trilogia acompanhamos Amanda por sua jornada à "toca do coelho" para encontrar as respostas para "quem somos nós", "de onde viemos" e "para onde vamos". Depois de dolorosos 90 minutos em que não vimos nem respostas nem coelho, somos obrigados a concluir que essa péssima analogia se deve a "What a Bleep Do We Know" ter manipulado o espectador, acenando com ciência em uma mão enquanto com a outra tirava da cartola algo completamente diferente.<br /><br />Sim, "Quem Somos Nós" é um filme que <span style="font-style: italic;">engana</span> deliberadamente quem o assiste porque oferece a ele um suposto encontro entre ciência e espiritualidade mas em vez disso entrega um <span style="font-style: italic;">frankenstein</span> torto e desconexo de ciência de desenho animado, pseudociência e auto-ajuda, que a maior parte do público leigo não está equipada para identificar. Assistir a "Quem Somos Nós" esperando ver um casamento entre ciência e espiritualidade é como observar alguém tentando encaixar cubos e tetraedos em orifícios circulares; para encaixar-se às crenças esotéricas de seus idealizadores, cada simples fato científico usado em "Quem Somos Nós" precisou ser vergado, torcido e marretado <span style="font-style: italic;">com força</span>.<br /><br />Os mais enganados foram aqueles que foram ao cinema esperando ver em "Quem Somos Nós" um documentário de ciência <span style="font-style: italic;">de verdade</span>. Destes, alguns reconheceram o engodo -- a maioria antes dos primeiros 15 minutos de filme -- mas outros estão até agora deslumbrados, como se tivessem visto o "Cosmos" da sua geração. É bem verdade que há um aspecto positivo nisso: para muita gente "Quem Somos Nós" significou o despertar por um interesse genuíno pela ciência, ainda que de forma enviesada. Com sorte estas pessoas logo estarão buscando mais informações sobre universos paralelos, viagens pelo tempo, antimatéria e outras estranhezas apaixonantes da física em fontes verdadeiramente confiáveis, como o livro <a href="http://www.submarino.com.br/books_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=1&ProdId=150435&ST=SR">"O Universo Elegante"</a> de <a href="http://www.physics.rutgers.edu/%7Emotl/universe/">Brian Greene</a> (cujo <a href="http://www.pbs.org/wgbh/nova/elegant/">documentário</a>, conduzido pelo próprio Greene, pode ser encontrado na sua rede P2P favorita com legendas em português de portugal) ou "<a href="http://www.comciencia.br/resenhas/alicequantum.htm">Alice no País do Quantum</a>" de Robert Gilmore (que vai mais fundo na metáfora de Lewis Carrol do que só chupá-la de Matrix). É mais ou menos como despertar o gosto pela leitura lendo Paulo Coelho para um dia chegar a gostar de Umberto Eco.<br /><br />Mas houve aqueles que reconheceram em "What The Bleep Do We Know" o que ele é realmente: <span style="font-weight: bold;">um poderoso documentário de auto-ajuda</span>. Para estes a falta de rigor científico de "Quem Somos Nós" não é o fim do mundo. Ora... que se dane que "Quem Somos Nós" traga um bando de cientistas sem credibilidade discutindo questões fundamentais do universo em <span style="font-style: italic;">takes</span> de 15 segundos que parecem ter sido editados aleatoriamente pelo esquilo frenético de "Os Sem Floresta", uma senhora com sotaque engraçado e ar teatral encenando monólogos que quase nunca fazem muito sentido e muitos, <span style="font-style: italic;">muitos</span> erros... Para uma legião de cultuadores o que importa é que "Quem Somos Nós" traz uma mensagem motivadora, positiva, "alto astral", que devolve às pessoas que o assistem o sentimento de que elas estão no controle de suas vidas e não ao capricho do acaso ou da misteriosa vontade divina, cuja escrita é mais torta do que gostariam.<br /><br />O efeito é tão inebriante que alguns são até mesmo capazes de aceitar com muita naturalidade lições de física transmitidas pelo <span style="font-style: italic;">espírito</span> de um guerreiro que viveu num continente mítico, falando através da líder de uma seita bizarra. Na verdade, para estas pessoas tanto faz se quem lhes fala diz ser um cientista, uma dona de casa, um fantasma lemuriano ou um smurf, desde que a mensagem seja <span style="font-style: italic;">emocionalmente agradável</span>.<br /><br />Se você é uma dessas pessoas, tudo bem. Esqueça a ciência de mentirinha de Ramtha e mergulhe de cabeça na mensagem bacana do filme. Sim, pense positivo, <span style="font-style: italic;">lembre-se dos elogios que você recebe, esqueça os insultos, guarde suas velhas cartas de amor, jogue fora seus velhos extratos bancários, use filtro solar</span>... e tudo o mais. Qualquer artíficio mental que lhe permita internalizar a busca pela felicidade deve ser bem vindo, receba ele o nome de "pensamento positivo", "Deus", "Observador" ou "campo quântico".<br /><br />Assim mesmo há algumas coisas que você não deveria fazer, mesmo tendo gostado <span style="font-style: italic;">muito</span> de "What a Bleep Do We Know". Por exemplo, você não deveria tentar andar sobre a água em lugares fundos, sobretudo se não souber nadar. Lembre-se de sempre praticar o pensamento positivo em bacias, chafarizes e na beira da praia. E nunca jogue seus remédios no lixo por conta própria. <span style="font-weight: bold;">Só quem deve interromper seu tratamento é o seu médico</span>. Sem acompanhamento médico um quadro simples pode evoluir para uma situação crítica e se a coisa chegar a este ponto... bem, aí você vai ter que apostar todo o seu pensamento positivo na única <span style="font-style: italic;">técnica </span><span style="font-style: italic;">milenar</span> que já se mostrou capaz de adiar a morte: a <span style="font-weight: bold;">ciência</span>.<br /><br /><br /><span style="font-style: italic;">The End.</span>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com97tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-49184458913453279202006-12-29T00:35:00.000-02:002016-09-04T14:24:51.957-03:00O Guia Cético para assistir a “What the Bleep do We Know?” - Parte 2Na <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.ie/2006/11/o-guia-cetico-para-assistir-what-bleep.html">primeira parte</a> deste Guia, apresentei as pessoas por trás da realização do documentário "<span style="font-style: italic;">What the Bleep do We Know?</span>" (Quem Somos Nós?). Mostrei que os produtores, os três diretores e até alguns dos cientistas convidados fazem parte de uma exótica (e lucrativa) seita americana (na verdade me abstive de mostrar o quão exótica e lucrativa ela é -- você ficaria espantado).<br />
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Agora na segunda parte analisarei a primeira meia hora do filme mostrando onde o filme erra ao tentar combinar ciência e misticismo, embalando os dois na agradável linguagem da auto-ajuda.<br />
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Por favor me desculpem o longo post. Empolgado, acabei produzindo muito mais material do que seria adequado para um blog. E olha que nem tudo o que escrevi está aqui; na edição final mantive apenas o resumo da ópera e deixei a versão completa para ser publicada mais tarde no <a href="http://www.projetoockham.org/">Projeto Ockham</a>. Espero que a mesma curiosidade que motivou o leitor a ir ao cinema buscar respostas para Quem Somos Nós, mantenha seu interesse até o final do texto. Ao menos, talvez você descubra Quem <span style="font-style: italic;">Não</span> Somos Nós.<br />
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Então vamos ao <span style="font-style: italic;">Guia Cético para assistir a “What the Bleep do We Know?” -- A Ciência Contra-Ataca.</span><br />
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<span style="font-weight: bold;">0:04:47</span><br />
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<span style="font-style: italic;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhywFPV0quqlb5Mw6gsO8S-HLoZv5aKx1rM7zwZ7gJwqUwdVnA0eHCNtuTRGnPNtL5lajeqtEDNlpkFoej5PQeBnxLXgUjabdX_wVzEzUKv8oI9RxOwKjQp6uimlG2Wjy6mC1iW/s1600-h/Picture+1.png" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013719093051590050" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhywFPV0quqlb5Mw6gsO8S-HLoZv5aKx1rM7zwZ7gJwqUwdVnA0eHCNtuTRGnPNtL5lajeqtEDNlpkFoej5PQeBnxLXgUjabdX_wVzEzUKv8oI9RxOwKjQp6uimlG2Wjy6mC1iW/s200/Picture+1.png" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a>Cada idade, cada geração tem suas premissas pré-construídas. Que o mundo é plano, ou que o mundo é redondo, etc. Existem centenas de postulados, coisas que aceitamos como certas, que podem ou não ser verdadeiras. É claro que na grande maioria dos casos, historicamente, estas coisas não são verdadeiras. Assim, presumivelmente, se a história serve de guia, muita coisa que aceitamos como certas simplesmente não são verdadeiras.</span></blockquote>
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Ao afirmar que não se pode assumir nenhum conhecimento como definitivo o filme prepara o caminho para a visão alternativa do mundo que será apresentada a seguir. É um truque velho.<br />
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O problema deste argumento está no conceito de “conhecimento verdadeiro”. Para a ciência um conhecimento é “verdadeiro” enquanto for capaz de explicar os fenômenos observados na natureza, nada mais.<br />
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Por exemplo, muita gente pensa que os antigos eram estúpidos porque acreditavam que o Sol girava em torno da Terra. Na verdade o modelo geocêntrico permitiu que os navegadores se orientassem com uma precisão boa o bastante durante muitos séculos e na prática era menos complicado que o modelo heliocêntrico que o substituiu mais tarde. Foi só quando dados astronômicos mais precisos puderam ser obtidos que o geocêntrismo pôde finalmente dar lugar ao seu sucessor. Já a Terra pôde ser considerada plana pelo tempo em que isso permitiu aos homens orientar-se em seu reduzido universo, que usualmente limitava-se até onde a vista conseguisse alcançar. Quando o mundo se ampliou, com a invenção da bússola e do telescópio e a conquista de novos continentes, foi preciso admitir que a Terra não era plana, exatamente como hoje, na era dos satélites espaciais, somos obrigados a admitir que ela tampouco é esférica (chame-a de “pêra” se quiser).<br />
<br />
Da mesma maneira a física clássica não se tornou inválida de uma hora para outra, como um paradigma com data de validade vencida. A física de Newton trouxe avanços impressionantes para a ciência e foi bem sucedida em prever inúmeros fenômenos -- os mais notáveis deles provavelmente foram os descobrimentos dos planetas Urano e Netuno, além de ter fornecido uma explicação satisfatória para o fenômeno do eletromagnetismo. Mas chegou o momento em que a física clássica não podia mais explicar certas observações experimentais à respeito dos átomos e precisou ser, <span style="font-style: italic;">no que diz respeito à este universo</span>, substítuida. Assim mesmo ela permanece perfeitamente válida para quase todos os aspectos da vida cotidiana.<br />
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Mas mais importante do que isso é o fato de que <span style="font-style: italic;">sabemos sim</span> algumas coisas com certeza. Quando um paciente com câncer é diagnosticado através de um exame de ressonância magnética e depois tratado com sucesso em um aparelho de radioterapia é porque sabemos bastante sobre os elementos químicos e as partículas atômicas; se você está usando um microcomputador para ler este blog é porque alguém precisou saber bastante coisa sobre a física quântica para construir o microprocessador que o equipa; e quando levamos o homem à Lua o fizemos porque sabíamos bastante sobre a gravitação de Newton, o eletromagnetismo de Maxwell e toda uma lista enorme de conhecimentos bem estabelecidos. Todas estas coisas são muito mais do que <span style="font-style: italic;">suposições</span> ou modismos de uma era ou de uma geração.<br />
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<span style="font-weight: bold;">0:11:24</span><br />
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<span style="font-style: italic;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl7xbvxAjVKrbx_PMdI5w6OXgyeoOuK7ZHVdchUMXa5HS2CyVrOZM2_pDNTU2FX2WmD_6oBeV8M3KYau_5m7iOgN282EfwGgSpTJnsjnsgL0tbbsOFtnSCg8cIikn4gy-aFm-8/s1600-h/Picture+3.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013720162498446786" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl7xbvxAjVKrbx_PMdI5w6OXgyeoOuK7ZHVdchUMXa5HS2CyVrOZM2_pDNTU2FX2WmD_6oBeV8M3KYau_5m7iOgN282EfwGgSpTJnsjnsgL0tbbsOFtnSCg8cIikn4gy-aFm-8/s200/Picture+3.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a>Esta câmera está vendo muito mais ao meu redor... do que há aqui... porque ela não faz objeções e nem julgamentos. O único filme que está sendo exibido no cérebro é o que temos a habilidade de ver. Assim, será possível que nossos olhos, nossas câmeras, veja mais do que nosso cérebro tenha habilidade de ver, de conscientemente projetar?</span></blockquote>
<br />
Aqui Ramtha, o <span style="font-style: italic;">espírito lemuriano</span> canalizado pela médium, afirma que um equipamento eletrônico pode ver mais do que um homem porque não é capaz de julgar aquilo que vê. Isso é mais ou menos como dizer que os homens daltônicos <span style="font-style: italic;">escolhem</span> ver menos cores (ou que tem alguma objeção ao amplo espectro de tons de rosa, por exemplo).<br />
<br />
Ramtha não diz o que há mais para ser visto por nosso cérebro <span style="font-style: italic;">pré-conceituoso</span> mas considerando que estamos diante de uma mulher cujo sotaque vem de um guerreiro de um continente mítico hospedado em seu corpo, podemos supor que se trata de algo espiritual. Neste caso estamos fora do domínio da ciência.<br />
<br />
Note-se que aqui se estabelece pela primeira vez uma das idéias fundamentais deste filme: <span style="font-style: italic;">a de que o mundo como o conhecemos pode ser fisicamente moldado pelas nossas crenças pessoais.</span> Veremos mais sobre isso adiante.<br />
<br />
Logo em seguida outra mulher continua:<br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx4Nk6xpBiDUP3ggQ8FczCiEvX9KntsI0hFIxVsY3rabEzK5IiwGIvHrfn_C6u7wgNEyGat4SqY0veNZ19KzuR31m_9wqXVGtm31s26jtCIDiFUJ3P5vgIYXRHwr3bsn7M0McY/s1600-h/Picture+2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013740417564214866" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgx4Nk6xpBiDUP3ggQ8FczCiEvX9KntsI0hFIxVsY3rabEzK5IiwGIvHrfn_C6u7wgNEyGat4SqY0veNZ19KzuR31m_9wqXVGtm31s26jtCIDiFUJ3P5vgIYXRHwr3bsn7M0McY/s200/Picture+2.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><span style="font-style: italic;">Bem, o modo como nosso cérebro é construído... nós somente vemos o que acreditamos ser possível. Hmm... nós comparamos padrões que já... uh... existem em nós mesmos atraves de condicionamento.</span></blockquote>
<br />
<br />
Esta é a mesma hipótese que deu origem ao clássico adesivo de carro “<span style="font-style: italic;">duende, vê quem acredita</span>”. Ela prossegue:<br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">Assim, uma história maravilhosa que acredito ser verdadeira, é que quando os índios, os índios nativo-americanos das ilhas do Caribe, viram os navios de Colombo... eles não podiam vê-los realmente. Porque eles eram tão... diferentes de qualquer coisa que eles tinham visto antes, que eles não podiam vê-los.</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><br />
Assim contada, a história poderia passar como apenas um <span style="font-style: italic;">causo</span> ou uma parábola. No entanto logo em seguida a história ganha ares oficiais quando dramatizada sob a locução de um dos cientistas do filme (pela voz, provavelmente Joe Dispenza, o quiroprático membro da seita Ramtha):<br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8eH5woS0FR_f6fvc2mx7TjTs1jAvU7WiIrSosVjtFXf-FZv8SbLvK9PWjoM9pWHTRvDZ1rXwQO6NaxjlInmHipjSZcqDGkRwjAnlwjeXJM3uOQQE3oplAduTsaL1Xdk0YqEUQ/s1600-h/Picture+4.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013720896937854418" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8eH5woS0FR_f6fvc2mx7TjTs1jAvU7WiIrSosVjtFXf-FZv8SbLvK9PWjoM9pWHTRvDZ1rXwQO6NaxjlInmHipjSZcqDGkRwjAnlwjeXJM3uOQQE3oplAduTsaL1Xdk0YqEUQ/s200/Picture+4.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><span style="font-style: italic;">Quando a armada de Colombo chegou à América, nenhum dos nativos podia ver os navios, mesmo que eles estivessem no horizonte. <span style="font-weight: bold;">A razão porque eles nunca viram os navios é porque eles não tinham conhecimento em seus cérebros que navios </span></span><span style="font-weight: bold;">(no original "Clipper Ships") </span><span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;">existiam</span>. Logo o pagé começou a notar as marolas no oceano mas ainda não via os navios... mas ele começou a se perguntar o que causava as marolas. Assim, cada dia ele olhava e olhava e olhava. Até que um dia viu os navios e contou a todos os outros que os navios estavam lá. Como todos confiavam nele, foram capazes de ver os navios também.</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><br />
Não há <span style="font-style: italic;">o menor traço de veracidade</span> nesta história. Não há registros escritos por Colombo nem tradições orais das tribos indígenas que habitavam a América de que qualquer coisa assim jamais tenha acontecido com navios, armas de fogo, instrumentos metálicos, ou qualquer outra tecnologia nunca antes vista pelos nativos. Não há tampouco registros nos relatos dos modernos conquistadores do século XIX que chegaram à África, ao Alasca, à Amazônia ou em outros territórios onde habitavam civilizações tecnologicamente mais atrasadas, de que qualquer coisa assim jamais tenha acontecido.<br />
<br />
Esta é uma história <span style="font-style: italic;">inventada</span>, provavelmente dentro da seita Ramtha, para impressionar discípulos pouco espertos. E que história absurda! Imaginem um beduíno do deserto que nunca viu nada além de camelos em toda a sua vida de repente deparando-se com homens brancos flutuando à meia altura do solo e deixando velozmente atrás de si uma nuvem de areia! E os animais? Eles também precisaram se acostumar com as tecnologias do homem moderno antes de serem capazes de vê-las? Quanto tempo um chimpanzé precisou olhar para uma banana <span style="font-style: italic;">frita</span> invisível antes de poder realmente comê-la?<br />
<br />
A propósito, os navios de que Ramtha fala (<span style="font-style: italic;">Clipper Ships</span>) só foram inventados no século XIX. Talvez por isso ninguém podia vê-los...<br />
<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">0:21:06</span><br />
<br />
O garotinho -- uma espécie de <span style="font-style: italic;">Mini-Me</span> do Morpheus de Matrix -- lança a bola com força sobre Amanda.<br />
<br />
<blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHhNq1LCh3r_nISy3IFBfiCN0n0mALxPKl6fHaVd7ieLuHfcy59Ha_nFN5xcVfv430Q4cd0znG6oG9bPrCFbqY_bWCdFZ-F48AiUKLNult-KITDE3_oajOb3zB2Oz1UkcAtN0N/s1600-h/Picture+5.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013721936319940066" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHhNq1LCh3r_nISy3IFBfiCN0n0mALxPKl6fHaVd7ieLuHfcy59Ha_nFN5xcVfv430Q4cd0znG6oG9bPrCFbqY_bWCdFZ-F48AiUKLNult-KITDE3_oajOb3zB2Oz1UkcAtN0N/s200/Picture+5.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><span style="font-style: italic;">- Machuca! </span>Amanda diz.<span style="font-style: italic;"><br />- Ela nunca te tocou</span><span style="font-style: italic;"><br />- Tá bom...</span><span style="font-style: italic;"><br />- E ela não é sólida. A bola é quase completamente vazia.</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><span style="font-style: italic;"><br /></span>Aqui temos três afirmações: (1) a bola não tocou Amanda; (2) a bola não é sólida e (3) a bola é vazia, em sua quase totalidade. <span style="font-weight: bold;">Das três, somente a afirmação (3) é verdadeira.</span><br />
<br />
O átomo é cerca de 100.000 vezes maior do que o seu núcleo. Isso quer dizer que se o átomo fosse um grande auditório vazio, seu núcleo, onde estão os prótons e os neutrons, seria um pontinho do tamanho da cabeça de um alfinete, bem no centro. Agora imagine todo este enorme auditório completamente vazio, com alguns outros pontinhos ainda menores do que uma cabeça de alfinete rodopiando por todo este espaço. É um verdadeiro latifúndio atômico.<br />
<br />
Mas só porque há um bocado de espaço vazio no interior da matéria que constitui a bola de basquete isso não quer dizer que ela não seja sólida. Os átomos, com toda aquela imensidão vazia, estão ligados entre si por forças combinadas de atração e de repulsão, como imãs muito fortes. O que define o estado físico da matéria é basicamente a intensidade destas forças atômicas. Em um líquido as forças entre os átomos são muito tênues, por isso é tão fácil que você mergulhe sua mão na água, afastando os outros átomos do seu caminho. Em um gás os átomos estão ainda mais fracamente ligados fazendo com que sejam capazes de ziguezaguear livremente por grandes distâncias. Já em um corpo sólido os átomos ocupam posições estáveis, bem definidas, muito próximos uns dos outros e fortemente ligados entre si. Por isso é muito mais difícil tirar do lugar um átomo de uma bola de basquete do que da água ou do ar.<br />
<br />
Concluindo, dizer que uma bola não é sólida somente porque os átomos que a constituem possuem um monte de espaços vazios é quase a mesma coisa que dizer que ela não é sólida porque é oca. <span style="font-weight: bold;">É falso</span>.<br />
<br />
A seguir mais sobre a primeira alegação.<br />
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<br />
<span style="font-weight: bold;">0:21:22</span><br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">Nós pensamos no espaço como vazio e na matéria como sólida. Mas na verdade essencialmente não existe nada na matéria. Ela é completamente insubstancial. Dê uma olhada em um átomo. Nós pensamos nele como em uma bola dura. Então dizemos: "Oh bem, não na verdade. Ele é como um pequeno ponto de matéria muito densa cercado por uma nuvem de probabilidade, saltando para dentro e para fora da existência". Mas acontece que nem isso é correto. Mesmo o núcleo, que pensamos ser tão denso, salta para dentro e para fora da existência da mesma maneira que fazem os átomos. <span style="font-weight: bold;">A coisa mais sólida que podemos dizer sobre toda essa matéria insubstancial é que ela é mais como um pensamento -- é como um bit concentrado de informação.</span></span></blockquote>
<br />
Outro físico entra em cena e diz:<br />
<br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">O que constitui as coisas não são mais coisas, mas ideias, conceitos, informações.</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><br />
Os átomos são os tijolos da matéria. Mas o filme vem mostrando que esses tijolos são insubstanciais, constituídos de partículas minúsculas em um espaço enorme quase totalmente vazio. Que tipo de casa seria aquela construída com tijolos etéreos dispostos a vários metros uns dos outros que nem ao menos se tocam!? Mas a casa existe, nós a vemos e ela não é de fumaça. A conclusão, sugere o filme <span style="font-weight: bold;">num salto lógico enorme e desonesto</span>, é que não são os tijolos em si que sustentam a casa mas pensamentos, idéias, informação.<br />
<br />
<span style="font-style: italic;">(Veja como o filme empurra o expectador na direção da crença de que os pensamentos são capazes de moldar a matéria. É importante identificar o exato momento em que isso acontece.)</span><br />
<br />
Mas tijolos são tijolos e átomos são átomos. Um tijolo não sofre nenhuma força de outro tijolo distante a não ser uma fraquíssima e completamente desprezível força gravitacional. Já na escala atômica um átomo exerce sobre seus vizinhos uma forte força de natureza eletromagnética. Estas forças são como as vigas invisíveis (ou molas rígidas como preferem os físicos) da estrutura molecular que mantém o edifício da matéria em pé. Quando queremos derrubar este edifício não o fazemos com a força do pensamento e sim quebrando as vigas atômicas, fornecendo a elas energia, como calor por exemplo. É assim que o gelo se transforma em água.<br />
<br />
Continuando com o filme, finalmente o jovem Morpheus volta à cena:<br />
<br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">É como eu disse, a bola nunca te tocou.</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><br />
O narrador toma a palavra e emenda:<br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">Os elétrons constroem uma carga... e empurram os outros elétrons, assim ninguém toca ninguém.</span></blockquote>
<br />
Aqui o filme faz um <span style="font-style: italic;">enorme</span> esforço para confundir o expectador<br />
<br />
Só porque no nível subatômico os átomos não se tocam isso não quer dizer que as coisas não se tocam aqui em cima. Ocorre apenas que o que chamamos de tocar aqui é diferente de “tocar” na escala atômica. É apenas uma questão de linguagem.<br />
<br />
No mundo macroscópico tocar significa entrar em contato, encostar. Mas no mundo atômico os átomos raramente “encostam” um no outro; eles apenas se repelem quando ficam muito próximos. Pense nisso como se os átomos estivessem ligados por molas invisíveis muito duras; quanto mais próximo um átomo fica de outro mais a mola o empurra de volta (em certas circunstâncias os núcleos de dois atómos podem realmente encostar um no outro até se fundir, como acontece no interior das estrelas e na bomba de hidrogênio).<br />
<br />
Note que toda esta discussão sobre como a bola não é sólida e como ela não toca no que encosta é apenas uma maneira de levar o espectador a concluir que a realidade física é bastante diferente do que lhe diz a intuição, preparando o terreno para que ele possa aceitar as idéias metafísicas que virão, que igualmente desafiam o bom-senso.<br />
<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">0:24:22<br /></span><br />
<blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7vXubmD6QY-NTO5dxtH2brPBNX7a99VOYjos66vJM7KYsAIrRRxnAVhhYu07CP_0-KXSxbf8dJtBpmLTexZK3dv24kNMqUHOjPPKDicxiDBsZzptCUWjVxYqHWqC8ZEOSXFsh/s1600-h/Picture+6.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013723710141433346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7vXubmD6QY-NTO5dxtH2brPBNX7a99VOYjos66vJM7KYsAIrRRxnAVhhYu07CP_0-KXSxbf8dJtBpmLTexZK3dv24kNMqUHOjPPKDicxiDBsZzptCUWjVxYqHWqC8ZEOSXFsh/s200/Picture+6.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><span style="font-style: italic;">Uma partícula, na qual pensamos como uma coisa sólida, existe num estado chamado "superposição", uma onda espalhada de localizações possíveis. No instante em que você olha... ela imediatamente surge em uma única localização.</span></blockquote>
<br />
Enquanto o narrador explica o que é a superposição quântica um monte de bolas de basquete surge ao mesmo tempo na quadra. Amanda então se vira e todas, excepto uma, desaparecem. Aqui o filme comete (de novo) o pecadilho de comparar uma partícula subatômica a um corpo massivo. O porquê do erro veremos adiante.<br />
<br />
Em seguida outro físico pega o bastão e prossegue conduzindo o pensamento:<br />
<br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">A superposição quântica implica que uma partícula pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. É um conceito bizarro e um dos mais importantes do mundo quântico.</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><br />
A superposição quântica é não só uma das características mais importantes do mundo quântico, mas também a que suscita as discussões filosóficas mais acaloradas. É bom entendê-la já que ela será usada de maneira recorrente durante o filme.<br />
<br />
Na física quântica o elétron não é visto como um ponto material, tal qual uma minúscula bola de bilhar, e sim como uma entidade matemática chamada “<span style="font-weight: bold;">função de onda</span>”. Esta função de onda representa a probabilidade de se encontrar o elétron em uma determinada posição do espaço. Pense na função de onda como se ela fosse uma nuvem, só que uma <span style="font-style: italic;">nuvem de probabilidade</span>; onde a nuvem é mais densa é mais provável encontrar um elétron, onde ela é mais tênue a probabilidade de que haja ali um elétron é muito pequena. O problema é que a função de onda leva a uma consequência muito interessante que é a possibilidade – teórica – de que um objeto permaneça em dois estados simultaneamente.<br />
<br />
Para entender o que isso significa imagine que uma carta de baralho está <span style="font-style: italic;">perfeitamente</span> equilibrada sobre uma ponta. A física clássica nos diz que na ausência de qualquer infuência externa a carta ficaria equilibrada para sempre. Já a física quântica nos diz que a carta caíria imediatamente<span style="font-weight: bold;">, para a direita e para a esquerda ao mesmo tempo</span>. Este bizarro resultado é chamado de <span style="font-style: italic;">superposição quântica</span>.<br />
<br />
Mas se isso é verdade por quê ninguém nunca viu uma carta ao mesmo tempo com a face para cima e para baixo? Uma das explicações propostas para o enigma, proposta na década de 20 com o nome de <span style="font-weight: bold;">interpretação de Copenhagen</span>, é que quando um observador vê a carta pela primeira vez ele <span style="font-style: italic;">força</span> a natureza a escolher entre um dos estados quânticos possíveis. A natureza então escolhe aleatoriamente entre os estados “<span style="font-style: italic;">carta com face para cima</span>” e “<span style="font-style: italic;">carta com face para baixo</span>”. Isso é chamado de <span style="font-weight: bold;">colapso da função de onda</span> e é o nascedouro de todo o papo sobre consciência no qual se baseia "Quem Somos Nós?".<br />
<br />
O único problema é que, segundo a mecânica quântica, a função de onda não deveria sofrer nenhum colapso! Na verdade o colapso da função de onda é apenas uma maneira pragmática de explicar por que nunca observarmos a superposição quântica no dia a dia; ela <span style="font-weight: bold;">não é</span> uma decorrência natural da mecânica quântica; ela é um postulado, uma carteada filosófica, um <span style="font-style: italic;">puxadinho</span> que os físicos fizeram na teoria quântica para poderem aplicá-la com sucesso sem precisar antes concluir o arcabouço filosófico que desse conta de suas estranhezas.<br />
<br />
Até hoje <span style="font-weight: bold;">a superposição quântica nunca foi observada em objetos maiores do que algumas dezenas de átomos</span> e há bons motivos para acreditar por que nunca será, conforme veremos. Por isso a analogia das bolas de basquete que Morpheuzinho quica com a força do pensamento é tão enganosa.<br />
<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">0:25:50</span><br />
<br />
Uma voz pergunta...<br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;">Como pode um sistema ou um objeto estar em dois lugares ao mesmo tempo?</span></blockquote>
<br />
E outro responde imediatamente:<br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEbiNdx2zv7qM1Iap79Rq1b_JJToAR2Y7rQzpnBp6quMOZZHK6b1JJxckLWcpKngUgON7NmBYRE2B8yLC1QxYqrwcP4JYdOghg76ifwP4vIup63WIvKMOm0r_DS7GuWXXwtBJB/s1600-h/Picture+7.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013724204062672402" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEbiNdx2zv7qM1Iap79Rq1b_JJToAR2Y7rQzpnBp6quMOZZHK6b1JJxckLWcpKngUgON7NmBYRE2B8yLC1QxYqrwcP4JYdOghg76ifwP4vIup63WIvKMOm0r_DS7GuWXXwtBJB/s200/Picture+7.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><span style="font-style: italic;">(...) Nós todos temos o hábito de pensar que tudo ao nosso redor já é uma coisa... que existe independente da nossa escolha. Nós temos que banir esse hábito de pensar. Em vez disso você tem que aceitar que mesmo o mundo material ao nosso redor, as cadeiras, as mesas, as salas, o carpete, mesmo a câmera</span><span style="font-style: italic;">, tudo isso não são nada mais que movimentos possíveis da nossa consciência. Eu estou escolhendo o tempo todo entre esses movimentos... para fazer com que a experiência real se manifeste. Este é o único pensamento radical que você precisa</span><span style="font-style: italic;">, mas ele é tão radical, tão difícil... porque nossa tendência é aceitar o mundo como se ele já estivesse lá, independente da minha experiência. Ele não está! <span style="font-weight: bold;">A física quântica é tão clara a respeito disso</span>. Em vez de pensar nas coisas como coisas, temos que pensar nelas como possibilidades da consciência</span></blockquote>
<br />
Agora as coisas ficam sérias e o filme mostra suas garras esotéricas.<br />
<br />
Você se lembra do salto lógico que aconteceu aos 21 minutos de filme, quando o narrador sugeriu que a matéria era formada de pensamentos? Aqui ocorre outro destes saltos, na mesma direção. Num instante o filme está falando de física quântica e no seguinte postula que o mundo é <span style="font-weight: bold;">literalmente</span> moldado pelos nossos pensamentos, sem estabelecer nenhuma ponte entre essas duas idéias.<br />
<br />
Segundo esta idéia toda a realidade física é construída por nossos pensamentos. Como se vivessemos na Matrix, mas sem nenhum computador criando a realidade a não ser nossa própria consciência.<br />
<br />
As pessoas que admiram este filme pelo seu lado mais auto-ajuda costumam tomar esta afirmação de maneira frouxa, quase metaforicamente. É como se o filme estivesse defendendo apenas uma postura mental positiva, do que tipo que faz com que você persiga um sonho, consiga um disputado emprego, se relacione melhor com sua família, arranje uma namorada bonita, esse tipo de coisa. <span style="font-style: italic;">Não é isso!</span> O que o filme repete incessamentemente é que você pode construir <span style="font-weight: bold;">fisicamente</span> a realidade com a força do pensamento. Isso significa levitar bolas de basquete (como Morpheuzinho), estar em dois lugares ao mesmo tempo (outra das de Morpheuzinho), curar doenças de todo o tipo (como Amanda descobrirá ao final do filme), aprender kung-fu num piscar de olhos e outras coisas do tipo "<span style="font-style: italic;">there is no spoon</span>".<br />
<br />
Antes de mais nada <span style="font-style: italic;">a física quântica nada diz sobre isso </span>e qualquer extrapolação do mundo atômico para o mundo macroscópico é um exercício falacioso. Além disso, por detrás do agradável conceito de que o mundo é <span style="font-style: italic;">fisicamente</span> configurado pela força do pensamento se esconde uma egoísta e terrível idéia: <span style="font-weight: bold;">a de que o sofrimento não passa de um hábito de pensamento</span>. Você diria a um portador de uma doença degenerativa como o Mal de Alzeimer, que sua condição é uma <span style="font-style: italic;">escolha</span>? Você diria a um portador da síndrome de Down que seus pensamentos determinam sua deficiência mental? que sua condição, impressa em seus genes, é um mero hábito de pensar? Em que momento uma pessoa que nasceu cega <span style="font-style: italic;">optou</span> por não enxergar o mundo?<br />
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<br />
<span style="font-weight: bold;">0:27:10</span><br />
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<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><span style="font-style: italic;">Você pode ver em diversos laboratórios ao redor dos EUA, objetos grandes o bastante para serem vistos à olho nú...</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><br />
Aqui há um vísivel corte entre esta frase e a que se segue.<br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiulwyvzUEmlE3o7mH3x0FYhCXBY6nwdQfky_8X5ZIwb_gW6GGolrAY4ZOB47ftJLnoBkW-m8xwaWpk3ZzDA-_tJYekWOI9qIHfycyipeXL06eJUsFv0F1BtQGsGwAoVHPgWp8/s1600-h/Picture+8.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013724650739271202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiulwyvzUEmlE3o7mH3x0FYhCXBY6nwdQfky_8X5ZIwb_gW6GGolrAY4ZOB47ftJLnoBkW-m8xwaWpk3ZzDA-_tJYekWOI9qIHfycyipeXL06eJUsFv0F1BtQGsGwAoVHPgWp8/s200/Picture+8.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><span style="font-style: italic;">...e elas estão em dois lugares ao mesmo tempo. Você pode tirar uma fotografia daquilo. (...) "E daí?" você diria, "eu vejo duas coisas aqui". Não, não! não são duas coisas, é uma coisa só. Uma coisa só em dois lugares simultaneamente!</span></blockquote>
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<br />
Experiências recentes realmente mostraram que fótons e pequenos agrupamentos de átomos podem estar em dois lugares ao mesmo tempo. Isso é de fato impressionante e confirma esplêndidamente a teoria quântica. Contudo até o presente momento <span style="font-weight: bold;">nenhuma experiência foi feita mostrando objetos visíveis a olho nú em dois lugares ao mesmo tempo</span>. Nem mesmo objetos muito maiores do que átomos, mas ainda assim microscópicos, como vírus, foram observados em dois lugares ao mesmo tempo. <span style="font-weight: bold;">Isso é simplesmente falso</span>. (Na defesa do médico, o filme foi editado de maneira a dar a impressão de que a experiência mencionada foi realizada com corpos visíveis a olho nú, mas provavelmente não era a isso que ele se referia.)<br />
<br />
Há explicações perfeitamente naturais para porque a superposição quântica não funciona para objetos muito maiores do que o átomo. Mas vamos deixar esta explicação para daqui a pouco.<br />
<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">0:28:37</span><br />
<br />
<span style="font-style: italic;"></span><br />
<blockquote>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1I7eSwEuTrrYBp0AgpVf557Xj8hcdD3n6JZrAQd9Y1UnAKcCiPkrWxSHnrXxqjwQOPCgmQ3U9WjWGCogXO4PFx3gP2My8FrbJupZGjdCe_7YoNAha5cwRK8DJyHns5l3Lc45_/s1600-h/Picture+9.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013725256329659954" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1I7eSwEuTrrYBp0AgpVf557Xj8hcdD3n6JZrAQd9Y1UnAKcCiPkrWxSHnrXxqjwQOPCgmQ3U9WjWGCogXO4PFx3gP2My8FrbJupZGjdCe_7YoNAha5cwRK8DJyHns5l3Lc45_/s200/Picture+9.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><span style="font-style: italic;">Física quântica calcula somente possibilidades... mas se aceitarmos isso, então a questão que surge imediatamente é: quem, o quê, escolhe entre todas as possibilidades... para determinar a experiência real? Nós diretamente vemos que a consciência precisa estar envolvida. O observador não pode ser ignorado.</span></blockquote>
<br />
A questão aqui está relacionada aos trechos anteriores e finalmente podemos encerrá-la.<br />
<br />
A experiência da carta de baralho sugere que é preciso a ação de um observador para que o estado da carta seja definido. Mas e na experiência cotidiana? Quem faz o tempo todo o papel de observador?<br />
<br />
A resposta é que <span style="font-weight: bold;">não há necessidade de observador</span>. Os físicos descobriram que a teoria quântica dava origem a um comportamento que denominaram <span style="font-weight: bold;">não-coerência</span>. Segundo a teoria da não-coerência uma superposição quântica só pode existir enquanto permanece secreta para o mundo. No instante em que uma única mólecula de ar zanzando pelo ambiente, ou um único fóton dos quaquilhões que compõem um raio de luz, esbarram na carta, o estado da carta passa a ser conhecido; não há mais espaço para a indeterminação. Este ínfimo contato com o resto do universo é tudo o que basta para que a superposição se revele. <span style="font-weight: bold;">Em outras palavras, a própria natureza faz o papel de observador</span>.<br />
<br />
Isso explica porque não se vê pessoas em dois lugares ao mesmo tempo, gatos suspensos entre a vida e a morte e outras superposições quânticas por aí. É praticamente impossível isolar um corpo macroscópico de toda e qualquer influência externa. Basta que uma fortuita molécula de ar esbarre no objeto para fazer com que uma estado quântico torne-se não-coerente, isto é, fique idêntico a um estado clássico.<br />
<br />
A teoria da não-coerência foi proposta pela primeira vez em 1952 pelo físico <span style="font-weight: bold;">David Bohm</span> mas foi ignorada no início. Só bem mais tarde, no início dos anos 80, a teoria foi retomada e finalmente, em 1996, foi <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Quantum_decoherence">comprovada</a> experimentalmente. Hoje ela é aceita pela maioria dos físicos no lugar da interpretação de Copenhagen.<br />
<br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">0:31:35</span><br />
<br />
<blockquote style="font-style: italic;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiykife-iumyuxSKmQPVN0RfwqRqRk4ayYEiMryzz16dJVkf3aWuOU1daXAhcPRwSjG6OLxd-IxaTSPqbdv5Lswg6ww89xPkQ2RsPDgDqmd-r0Ch3dVSMUsp5IOQ9jzWwWj5J_R/s1600-h/Picture+1.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5013728563454477890" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiykife-iumyuxSKmQPVN0RfwqRqRk4ayYEiMryzz16dJVkf3aWuOU1daXAhcPRwSjG6OLxd-IxaTSPqbdv5Lswg6ww89xPkQ2RsPDgDqmd-r0Ch3dVSMUsp5IOQ9jzWwWj5J_R/s200/Picture+1.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a>Em Washington, a chamada "capital mundial dos homicídios" houve um grande experimento no verão de 1992... onde 4000 voluntários vieram de vários países para meditar coletivamente por longos períodos de tempo durante o dia. Foi predito que com um grupo deste tamanho o número de crimes violentos caíria em 18%, como definido pelo FBI naquele verão. (...) Ao final, o departamento de polícia tornou-se colaborador e autor do estudo, pois os resultados demonstraram que fato a criminalidade diminuiu 18%.<br />
<br /></blockquote>
<br />
O que o físico John Hagelin não disse no filme é que o crime diminuiu 18% <span style="font-weight: bold;">em relação ao que ele previu que subiria se os meditadores não tivessem meditado. </span><br />
<br />
Funciona assim: Hagelin prevê, através de um modelo que considera, além de estatísticas pregressas da criminalidade, dados como a temperatura e flutuações no campo magnético da Terra, que a criminalidade subirá, digamos, 30% no verão. Mas enquanto o grupo de meditadores recita seus mantras, em vez de 30% a criminalidade aumenta <span style="font-style: italic;">apenas</span> 15%. Desta maneira Hagelin pode dizer que a criminalidade foi 50% menor do <span style="font-style: italic;">que ele previu que seria</span>.<br />
<br />
No final das contas o que interessa para os moradores da cidade de Washington é que, com meditadores ou sem meditadores, no ano de 1992 a criminalidade lá <a href="http://www.disastercenter.com/crime/dccrime.htm">atingiu</a> o terceiro valor mais alto de sua história (quando consideradas as taxas de homicídio).<br />
<br />
Não é a toa que uma pesquisa deste gabarito tenha merecido o prêmio <span style="font-weight: bold;">igNobel</span>, uma paródia do prêmio Nobel...<br />
<br />
<br />
<a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2007/05/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html" style="font-weight: bold;">Leia a terceira e última parte>></a><span style="font-style: italic;"></span><br />
<span style="font-style: italic;"></span>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com143tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1164568100428338722006-11-26T16:51:00.000-02:002016-09-04T14:19:07.948-03:00O Guia Cético para assistir a “What the Bleep do We Know?” - Parte 1É um trabalho chato mas alguém tem que fazê-lo. Depois de ver o documentário “<a href="http://www.imdb.com/title/tt0399877/">What the Bleep do We Know</a>” sendo citado seriamente em rodas acadêmicas e vazando para além do circuito <i>nova-era</i> até <a href="http://www.cfh.ufsc.br/%7Edich/filme.doc">chegar às aulas</a> das universidades sem que nenhum cientista sério desse país reagisse, decidi fazer alguma coisa: arregacei as mangas, preparei o espírito para 90 minutos do mais terrível besteirol esotérico que um homem deveria se obrigado a suportar, e comecei a escrever o <span style="font-weight: bold;">“O Guia Cético para Assistir ‘What The Bleep do We Know’”</span>.<br />
<br />
Este guia será composto de duas ou três partes, e talvez duas versões: uma mais descolada, que será postada nesse blog, e uma mais séria com um pouco mais de embasamento científico, que será publicada posteriormente no <a href="http://www.projetoockham.org/">Projeto Ockham</a>.<br />
<br />
Traduzindo literalmente, “What a Bleep do We Know” ficaria algo como “<span style="font-weight: bold;">Que raios nós sabemos?</span>” embora o “bleep” seja uma onopatopéia para os irritantes bips que os pudicos americanos usam para soterrar palavrões de 4 letras muito mais pesados do que “raios”. Por isso os distribuidores brasileiros, que sempre se acham capazes de melhorar o título original de um filme ficaram com o título "<a href="http://www.playarte.com.br/Filme/Default.asp?id=25">Quem Somos Nós?</a>". Pelo menos nos livraram de ver o filme se chamar "Um Físico Muito Louco" ou "A Física Quântica do Barulho", o que pensando bem, talvez fosse mais apropriado neste caso.<br />
<br />
“Quem Somos Nós?” narra a estória de Amanda, uma fotógrafa surda que é levada a percorrer uma jornada espiritual em busca das respostas que todos os seres humanos gostaram de ter: de onde viemos, para onde vamos e tudo o mais que acontece entre essas duas coisas. A diferença é que aqui as respostas buscam embasamento nos conceitos de física quântica, aquele assunto cabuloso que já levou o físico prêmio Nobel <span style="font-weight: bold;">Richard Feynmam</span> a dizer: “<span style="font-style: italic;">Se você acha que entende física quântica então você não entende física quântica</span>”.<br />
<br />
<span style="color: rgb(204 , 102 , 0); font-weight: bold;">Apresentando os culpados</span><br />
Antes de se perguntar quem somos nós, você deveria perguntar quem são as pessoas que fizeram esse filme. Porque isso pode afetar completamente a experiência de assisti-lo.<br />
<br />
Um dos principais narradores de “Quem Somos Nós?” é <a href="http://skepdic.com/channel.html">Ramtha</a>, o <span style="font-style: italic;">espírito</span> de um guerreiro da Lemúria. Preste atenção: a pessoa que vai falar pelos próximos 90 minutos com você sobre Neurologia e Física Quântica é <span style="font-style: italic;">o espírito de um guerreiro que viveu em um continente mitológico há 35.000 anos, canalizado por um médium!</span> Não sei quanto a você, mas se algum dos meus professores tivesse apresentado essas credenciais no primeiro dia de aula eu teria me retirado da sala e da universidade. Para evitar que você faça o mesmo no cinema essa preciosa informação somente é revelada no encerramento do filme, já nos créditos finais, o que é uma trapaça danada se você pensar bem.<br />
<br />
<a href="http://skeptico.blogs.com/photos/uncategorized/ramthawebpic_2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"></a><br />
<center>
<a href="http://skeptico.blogs.com/photos/uncategorized/ramthawebpic_2.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" src="https://skeptico.blogs.com/photos/uncategorized/ramthawebpic_2.jpg" style="cursor: pointer; margin: 0pt 0pt 10px 10px; width: 320px;" /></a></center>
<br />
O médium que canaliza Ramtha no filme é a mulher loira conhecida pelo pseudônimo de <span style="font-weight: bold;">JZ Knight</span>. Segundo ela Ramtha, um espírito iluminado que, tal qual Jesus, ascendeu aos céus depois de sua morte, se manifestou pela primeira vez na cozinha da sua casa em 1977. De lá para cá, a mulher fundou uma seita, a <a href="http://www.ramtha.com/">Ramtha School of Enlightenment</a> e passou a faturar milhões em seminários, cursos, livros, fitas e bibelôs sobre os ensinamentos de Ramtha. Como JZ possui o <span style="font-style: italic;">copyright</span> sobre Ramtha, é pouco provável que o espírito se manifeste para outro futuro milionário por um bom tempo (será que alguém já registrou o domínio intelectual sobre o <span style="font-style: italic;">Dr. Fritz</span>?).<br />
<br />
Ah sim, por coincidência os produtores e os três diretores de “Quem Somos Nós?” são membros da seita de Ramtha. Você sabe o que isso significa, certo? Que “Quem Somos Nós?” é simplesmente um longo comercial sobre uma lucrativa seita que promove a crença em reencarnação, continentes lendários, UFOS e outras bobagens esotéricas. Se você está apto a aceitar isso será mais um expectador feliz desse filme; na verdade, depois dele, pode até ingressar na seita.<br />
<br />
Outro falante em “Quem Somos Nós?” é <span style="font-weight: bold;">Jeffrey Satinover</span>. Jeff é um médico que acredita que a homosexualidade é uma doença e que ele tem a cura (<a href="http://www.satinover.com/main.htm">http://www.satinover.com/main.htm</a> clique no link “homosexuality”). Além de afirmar que o homosexualismo é um mal psiquiátrico que pode ser tratado com antidepressivos, Satinover afirma que o liberalismo causa danos cerebrais. De acordo com um artigo exposto em seu site (use o link "liberalism"), Satinover acredita que... <br />
<blockquote>
“<span style="font-style: italic;">...é possível que dos mais ou menos 70% que apoiaram, digamos, Bill Clinton, uma parte substancial sofresse de retardadamento mental como resultado da influência liberal das universidades e da mídia</span>”</blockquote>
Ou seja, basicamente este homem, que logo falará conosco sobre física quântica, consciência global e paz mundial, está dizendo que se você está contra Bush provavelmente é um retardado mental. Se você ainda por cima for gay isso quer dizer que é doente <span style="font-style: italic;">e</span> retardado mental. Isso sem mencionar que Satinover também mantém links para sites que tratam do <span style="font-weight: bold;">Código da Bíblia</span> -- a crenca pseudocientífica de que a Bíblia traz criptografadas previsões sobre o futuro da humanidade.<br />
<br />
Temos ainda em “Quem Somos Nós?” o físico PhD, <span style="font-weight: bold;">John Hagelin</span>. Hagelin é físico téorico com importantes trabalhos publicados na área das supercordas, embora sua última contribuição decente para a ciência tenha sido em 1994. Desde então Hagelin envolveu-se cada vez mais com a Meditação Transcedental, técnica do guru indiano que-diz-que-pode-levitar-mas-só-quando-não-tem-ninguém-olhando <span style="font-weight: bold;">Maharishi Mahesh Yogi</span> <a href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/thumb/7/76/Maharishimaheshyogi.jpg/300px-Maharishimaheshyogi.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" src="https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/thumb/7/76/Maharishimaheshyogi.jpg/300px-Maharishimaheshyogi.jpg" style="cursor: pointer; float: right; margin: 0pt 0pt 10px 10px; width: 200px;" /></a>do qual Hagelin é discípulo, assim como o foram os Beatles. Suas sucessivas tentativas de incorporar o misticismo oriental em suas teorias físicas o deixaram à margem da comunidade científica e o afastaram de seus ex-colaboradores. Seu mais notável trabalho desde então foi um estudo sobre como a meditação coletiva diminuiu a criminalidade na cidade de New York. Por este trabalho cujos resultados nunca foram reproduzidos Hagelin foi laureado do prêmio <a href="http://www.improbable.com/ig-pastwinners.html">Ig Nobel</a> da Paz, uma paródia do prêmio Nobel. Hagelin foi quatro vezes candidato à presidência dos EUA; hoje preside o Instituto de Ciência, Tecnologia e Política Pública da <a href="http://www.mum.edu/">Universidade Maharishi</a>, uma universidade nova-era fundada por seu guru.<br />
<br />
Completando o time de "Quem Somos?" vêm o quiroprático <span style="font-weight: bold;">Joe Dispenza</span> (só para esclarecer: a quiroprática é uma pseudomedicina sem nenhuma comprovação científica) e <span style="font-weight: bold;">Michael Ledwith</span>, ex-quase arcebispo de Dublin, Irlanda. Michael, que mudou seu nome para <span style="font-weight: bold;">Miceal</span>, foi afastado da Igreja Católica por defender a tese de que Jesus Cristo tinha um <span style="font-style: italic;">irmão gêmeo idêntico</span> (embora possa ter colaborado para seu afastamento o fato de ter sido acusado de abusar sexualmente de um jovem seminarista, caso que foi resolvido mediante um acordo financeiro). Autor do livro “<span style="font-weight: bold;">O Universo Hamburger</span>” (não, eu não estou inventando!) Ledwith ministra o curso “<a href="http://www.shockinstitute.com/courses/ml/miceal1.htm">Além do Código Da Vinci - Revelando a Vida Quântica de Jesus</a>”, unindo de maneira inacreditável dois dos mais lucrativos filões em voga atualmente. Ambos são <a href="http://dir.salon.com/story/ent/feature/2004/09/16/bleep/index_np.html?pn=2">discípulos do culto Ramtha</a>, embora isso não seja revelado nos créditos do filme.<br />
<br />
Quem também aparece no filme é o físico <span style="font-weight: bold;">David Albert</span>, professor na universidade de Columbia, nos EUA. David é um físico respeitável com credenciais sólidas. Por isso <a href="http://dir.salon.com/story/ent/feature/2004/09/16/bleep/index_np.html?pn=2">ficou chocado</a> ao ver como as entrevistas que deu foram editadas de maneira a dar a entender que coaduna com as opiniões místicas dos produtores do filme:<br />
<br />
<blockquote style="font-style: italic;">
Eu fui editado de maneira a suprimir completamente meus verdadeiros pontos de vista sobre o assunto que o filme trata. Eu sou, na realidade, profundamente contrário às tentativas de unir física quântica a consciência. Mais ainda, eu expliquei tudo isso, com grandes detalhes, em frente à câmera, para os produtores do filme. Se eu soubesse que eu poderia ser tirado do contexto tão radicalmente eu com certeza não teria aceitado participar do filme.</blockquote>
<br />
Um ex-padre que pregava o evangelho do irmão gêmeo de Jesus, um médico que quer curar os gays e acha que os liberais são retardados mentais, outro que exerce uma terapia não reconhecida pela ciência, um físico praticante de levitação, um cara morto há 35.000 anos baixando em uma dona loira e, em má companhia nesta turma, um físico sério enganado pelos discípulos de uma seita maluca. Bem, agora que você já sabe onde está pisando vamos assistir ao filme.<br />
<br />
<a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/12/o-guia-ctico-para-assistir-what-bleep.html" style="font-weight: bold;">Leia a segunda parte >></a>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com156tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1164577735998377802006-11-25T19:35:00.000-02:002006-11-26T20:18:54.413-02:00Ctrl-c, Ctrl-vQue eu saiba, já fui vítima de plágio duas vezes.<br /><br />Em uma delas, uma pessoa que se identificava como Nágila Franca copiava meus artigos do <a href="http://www.projetoockham.org">Projeto Ockham</a> e apresentava como se fossem seus ao site sobrenatural.org. A mulher era uma impostora profissional; copiou também os textos do jornalista Carlos Alberto Teixera, colunista do caderno de informática do O Globo, que rapidamente acionou o departamento jurídico do jornal.<br /><br />Agora o blog <a href="http://loopquantico.wordpress.com/">Loop Quântico</a>, de um autor anônimo, <a href="http://loopquantico.wordpress.com/2006/07/26/what-the-bleep-do-we-know-ou-quem-somos-nos">plagiou</a> meu texto sobre o filme "<span style="font-weight: bold;">What a Bleep do We Know</span>" escrito no <a href="http://www.projetoockham.org/boletim_07.html">Radar Ockham</a> em maio de 2005. Pelas inserções infelizes do próprio punho que o autor arriscou no meio do texto, dá pra entender porque ele precisou copiar. O que eu não entendo é porque alguém seria tão estúpido para cometer uma falta tão fácil de descobrir; basta uma rápida googlada e a gente pega o bandido e queima para sempre a reputação do site.Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1148702964862127692006-10-30T21:51:00.000-03:002006-12-10T23:22:16.328-02:00O fim do médium que previa o passadoPouca gente sabe mas <span style="font-weight: bold;">Jucelino Nóbrega da Luz</span>, o médium que consegue surpreender algumas pessoas com sua capacidade para <a href="http://dragaodagaragem.blogspot.com/2006/05/o-mdium-que-previa-o-passado.html">prever o passado</a> -- o <span style="font-style: italic;">"profeta do ex"</span> (ou devemos dizer <span style="font-style: italic;">"ex-profeta"</span> agora que sua previsão mais notória não se realizou) já alegou ter psicografado ninguém menos que a própria <span style="font-weight: bold;">Nossa Senhora de Fátima</span>.<br /><br />Segundo Jucelino, a santa lhe revelou um segredo; não um segredo qualquer, mas o "Terceiro Segredo", a terceira das três revelações que a Virgem Maria teria feito a alguns pastores portugueses no início do século passado. Tudo bem que o Terceiro Segredo <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Three_Secrets_of_Fatima">já foi revelado</a> pela Igreja Católica em 2000 e seu conteúdo nem era tão espetacular assim (para desapontamento de muita gente). Assim mesmo Nossa Senhora insistiu.<br /><br />E o que a Virgem Maria quis (novamente) revelar ao mundo, desta vez escolhendo Jucelino como seu porta voz?<br /><br />O segredo é que o mundo vai acabar.<br /><br />Quando? Bem, o curioso é que, por algum motivo obscuro, a mãe de Jesus Cristo ignorou a datação que tem como referência o nascimento do seu filho. Em vez disso a Virgem revelou que o mundo vai se acabar mais ou menos 30 anos depois <span style="font-style: italic;">do último dia do calendário Maia</span>, que corresponde ao ano de 2012 depois de Cristo.<br /><br />Isto quer dizer que em vez de usar o calendário Gregoriano, usado hoje na maior parte do mundo, ou mesmo do calendário Juliano, usado em sua época, ambos baseados no nascimento do filho de Deus, a Virgem preferiu revelar seus segredos ao professor Jucelino usando o calendário de uma antiga tribo pagã que adorava uma meia dúzia de deuses diferentes cuja ira e benevolência precisavam ser negociadas com sangrentos sacrifícios humanos.<br /><br />E tem gente que engole isso...<br /><br />Não mais. Acabou. Assistimos ao fim de Jucelino Nóbrega. Lula ganhou e Jucelino perdeu. Com sorte em poucos meses teremos esquecido esse sujeito e suas ofensas à inteligência e à sensibilidade humanas.<br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-size:85%;">(clique na imagem para vê-la ampliada)<br /></span></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/1600/doc-jucelino-mensagem-3segredo.0.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/400/doc-jucelino-mensagem-3segredo.jpg" alt="" border="0" /></a>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1160351397664966162006-10-12T20:44:00.000-03:002006-10-19T23:00:37.003-03:00The more things seem to change...Para aqueles que ainda duvidam que a religião é uma invenção puramente humana e que não perceberam que, como diz aquela música bonitinha da <span style="font-weight: bold;">Corine Bailey</span>, "<span style="font-style: italic;">The more things seem to change The more they stay the same</span>", é bom dar uma conferida nos <a href="http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2006/10/06/286006664.asp">noticiários</a>. Há alguns dias esperava-se que o Papa Bento XVI fosse <span style="font-style: italic;">desinventar</span> o <span style="font-weight: bold;">Limbo</span>:<br /><br /><blockquote style="font-style: italic;">"O Papa celebrou uma missa com os integrantes da comissão na manhã de sexta-feira, mas, ao contrário do que especulava a imprensa, ele não mencionou o conceito do limbo na homilia e não anunciou nenhuma decisão. Havia informações de que o Papa aboliria o limbo na sexta-feira, mas um participante, o arcebispo italiano Bruno Forte, disse que os 30 integrantes da comissão ainda estão ajustando o texto do documento.<br /><br />- Ainda estamos trabalhando no documento. Acho que vamos estar prontos para entregá-lo a ele até 2007 - disse ele à Reuters por telefone depois da missa."</blockquote><p><br /></p><p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.iisalessandrini.it/progetti/visioni/images/i_grandi_musulmani_nel_limbo.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 200px;" src="http://www.iisalessandrini.it/progetti/visioni/images/i_grandi_musulmani_nel_limbo.jpg" alt="" border="0" /></a>Para quem não sabe o Limbo é uma região, entre o Céu e o Inferno aonde vão parar aqueles que não foram batizados, como os bebês que morreram muito cedo e todos aqueles que tiveram a infelicidade de morrer antes que o batismo fosse <span style="font-style: italic;">inventado</span>.<br /><br />O que acontece é que na logística celestial os não-batizados são um estorvo. Não se pode admiti-los no céu mesmo que tenham feitos as melhores ações na Terra uma vez que ainda carregam o <span style="font-style: italic;">pecado primordial </span>(por causa da maldita desobediência de Adão e Eva). Mas também não parece certo mandá-los para o Inferno já que um bebê que mal nasceu não fez nada ainda para merecer a danação eterna. Por isso acreditava-se que os não-batizados eram enviados para o Limbo, uma espécie de ante-sala do céu, onde eles simplesmente <span style="font-style: italic;">aguardavam</span>, por toda a eternidade.<br /></p><p>Você não vai encontrar nada sobre o Limbo nas escrituras sagradas. Na verdade o Limbo foi <span style="font-style: italic;">inventado</span> no século XIII por Peter Abelard, um filósofo escolástico francês. Antes disso ensinava-se que o bondoso Deus enviava os bebês não-batizados para queimar nas chamas do inferno por toda a eternidade. Mesmo sem nunca ter sido parte da doutrina oficial da Igreja, o Limbo era parte da tradição católica. Pelo menos um papa já se referiu a ele sem papas na língua (o trocadilho à la <span style="font-style: italic;">Engenheiros do Hawaii</span> foi sem querer): em 1905 o papa Pio X afirmou com todas as letras que "<span style="font-style: italic;">As crianças que morrem sem batismo vão para o limbo, onde não têm contato com a graça de Deus mas também não sofrem</span>". Agora o Papa Bento XVI afirma que o limbo é apenas "<span style="font-style: italic;">uma hipótese teológica</span>" e "<span style="font-style: italic;">não uma verdade da fé</span>". Um dos dois deve estar errado. Por falar nisso, o que aconteceu com a infalibilidade papal? Seria <span style="font-style: italic;">ela</span> também uma hipótese?<br /></p>O grande problema para os cristãos é que se o Limbo pode ser desinventado com uma canetada papal o que virá depois? O purgatório será fechado? O Capeta deixará de ter chifres? A Santíssima Trindade deixará de ser uma trindade? Aos que se inquietam diante de uma Igreja que tem <span style="font-style: italic;">hipóteses</span> como as de sua contraparte, a Ciência, em vez de verdades absolutas, é sempre bom lembrar que os dogmas da Igreja não nasceram prontos, mas foram <span style="font-style: italic;">inventados</span> por outras canetadas históricas, às vezes muito mais controversas. A questão da <span style="font-weight: bold;">multiplicidade de Jesus</span> é um bom exemplo.<br /><br />Na idade das trevas a Igreja Católica vivia um excruciante dilema: quantos <span style="font-style: italic;">aspectos</span> tinha Cristo? Ou melhor: teria sido Jesus Cristo <span style="font-style: italic;">ao mesmo tempo</span> Deus e homem ou havia duas entidades distintas habitando o mesmo corpo: o Jesus homem e o Jesus filho de Deus?<br /><br />Pode não parecer, mas isso faz toda a diferença. Para começar, se a divindade de Cristo fosse destacada de sua humanidade isso significaria que apenas a parte humana de Jesus havia sofrido na cruz e, como se sabe, o sofrimento é uma parte muito importante da crucificação. Ainda mais importante era o fato de que se Jesus não fosse essencialmente Deus, tecnicamente falando não seria correto se referir à Virgem Maria como "A Mãe de Deus".<i></i><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/thumb/3/33/POPE_kyrellos.JPG/300px-POPE_kyrellos.JPG"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px;" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/thumb/3/33/POPE_kyrellos.JPG/300px-POPE_kyrellos.JPG" alt="" border="0" /></a>A idéia de que Jesus e Cristo eram dois em um era defendida por <span style="font-weight: bold;">Nestório</span>, patriarca da cidade de Constatinopla e sua doutrina era conhecida por <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Nestorianismo"><span style="font-weight: bold;">nestorianismo</span></a>. Já a idéia oposta, de que Jesus Cristo era homem <span style="font-style: italic;">e</span> Deus era defendida por <span style="font-weight: bold;">Cirilo </span>(figura)<span style="font-weight: bold;">,</span><span style="font-weight: bold;"> </span>patriarca da cidade rival de Alexandria.<br /><br />Para decidir a questão foi convocado o Concílio de Éfeso, no ano de 431. Cirilo e seus partidários chegaram ao local do Concílio antes de Nestório e esmagaram a pequena oposição que já estava lá com ameaças que iam da perda do posto à excomunhão. Sem resistência, Cirilo decidiu a contenda e decretou que doravante o nestorianismo seria considerado uma heresia. Nestório <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Nestorius">foi deposto</a> e exilado no Egito, seus livros foram queimados e a Virgem pode voltar a ser chamada de Mãe de Deus em paz. Cirilo teve seus prestimosos serviços reconhecidos e foi mais tarde canonificado pela Igreja Católica. Hoje atende por <span style="font-weight: bold;">São Cirilo</span>.<br /><br />Nestório também não acreditava no <span style="font-weight: bold;">Purgatório</span>, aquele lugar para onde vão as pessoas que precisam expiar um ou outro pecadilho menos grave antes de ganhar o direito de ascender ao Céu. Segundo Nestório ou o sujeito ia para o Céu ou para o Inferno. Não tinha meio termo. Se o nestorianismo não tivesse sido sentenciado ao esquecimento pela truculência de São Cirilo, talvez hoje o Purgatório não existisse.<br /><br />Pobres almas... sem o Purgatório e agora sem o Limbo, estariam predestinadas a salvação ou a danação eternas. Sem meio termos. Dadas as opções não há dúvida que o Inferno precisaria ser um lugar muito maior do que hoje...Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1159133815833882482006-09-24T17:02:00.000-03:002006-09-24T23:10:48.993-03:00Parnormal também é genteA constituição do estado de Pernambuco é uma das mais avançadas do mundo. É a única no planeta a prever assistência social obrigatória aos necessitados de todo o tipo que se possa imaginar: inválidos, menores abandonados, idosos desamparados e <span style="font-style: italic;">paranormais</span>. Sim, eu disse paranormais.<br /><br />Está lá, nos <a href="http://www.alepe.pe.gov.br/constestad/assistsocial.html">artigos 174</a> e 175:<br /><br /><blockquote><span style="font-style: italic;">Art. 174 - O Estado e os Municípios, diretamente ou através do auxilio de entidades privadas de caráter Assistencial, regularmente constituídas, em funcionamento e sem fins lucrativos, prestarão Assistência aos necessitados, ao menor abandonado ou desvalido, ao superdotado, ao <span style="font-weight: bold;">paranormal </span>e a velhice desamparada.</span> <span style="font-style: italic;"><br /><br />§ 1º - Os auxílios as entidades referidas no caput deste artigo somente serão concedidos após a verificação, pelo órgão técnico competente do Poder Executivo, da idoneidade da instituição, da sua capacidade de Assistência e das necessidades dos assistidos.</span> <span style="font-style: italic;"><br /><br />§ 2º - Nenhum auxilio será entregue sem a verificação prevista no Parágrafo anterior e, no caso de subvenção, será suspenso o pagamento, se o Tribunal de Contas do Estado não aprovar as aplicações precedentes ou se o órgão técnico competente verificar que não foram aténdidas as necessidades Assistenciais mínimas exigidas.</span> <span style="font-style: italic;"><br /><br />Art. 175 - A Assistência social será prestada, tendo por finalidade:</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">I - a proteção e amparo a Família, a matérnidade, a infância, a adolescência e a velhice;</span><br /><span style="font-style: italic;">II - a promoção da integração ao mercado de trabalho;</span> <span style="font-style: italic;"><br />III - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiências e sua integração na sociedade;</span><br /><span style="font-style: italic;">IV - a garantia, as pessoas portadoras de deficiência visual, da gratuidade nos transportes coletivos urbanos;</span><br /><span style="font-style: italic;">V - executar, com a participação de entidades representativas</span><span style="font-style: italic;"> da sociedade, ações de prevenção, tratamento e reabilitação de deficiências físicas, mentais e sensoriais.</span></blockquote><br />Ou seja, se você está em Pernambuco e vê gente morta, lê pensamentos, entorta colheres, prevê o futuro usando <a href="http://capricho.abril.com.br/piscina/relacionamento_150530.shtml">borra de café</a>, consegue levitar, tem visão de raios-x etc., pode contar com assistência social gratuita do estado. Difícil é descobrir o que o estado pernambucano pode fazer por você, já que um paranormal não carece de nenhuma das assistências definidas no artigo 175, nem mesmo a integração ao mercado de trabalho de que fala o item II; os que se dizem paranormais no Brasil precisam no máximo de empresários, não de oportunidade para ganhar dinheiro. Ainda bem. Seria mesmo engraçado garantir a gratuidade nos ônibus municipais para ciganas e Pais de Santo.<br /><br />Diferentemente do que dizem vários sites espíritas e de parapsicologia por aí, o texto da lei não menciona a necessidade de<span style="font-style: italic;"> nenhuma comprovação</span> da alegada paranormalidade, apenas fiscaliza as entidades que oferecem, com dinheiro do governo, assistência aos paranormais. Ou seja, uma ONG em defesa dos direitos dos paranormais parece ser um bom negócio em Pernambuco, uma vez que conta com recursos garantidos por lei e pouca certeza sobre quem é merecedor dos recursos públicos. Não me espantaria se Pernambuco fosse o estado com o maior número de médiuns <span style="font-style: italic;">per capita</span> do país.<br /><br />A despeito da imensa, e mundialmente inédita, preocupação social do governo pernambucano, fica a pergunta: por quê um paranormal se candidataria à precária assistência pública brasileira se pode faturar a bagatela de 1 milhão de dólares no <a href="http://skepdic.com/brazil/randi.html">Desafio Paranormal</a> da <a href="http://www.randi.org/"><span style="font-weight: bold;">Fundação Educacional James Randi</span></a>?Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1158387198403879102006-09-16T16:01:00.007-03:002008-03-23T18:01:10.710-03:00A Penetração das Pseudociências nas Universidades BrasileirasA quem interessar possa, estou disponibilizando o artigo que apresentei no Congresso Latino Americano de Pensamento Crítico na Argentina, há exatamente um ano atrás: <strong>A Pseudociência nas Universidades Brasileiras.</strong><br /><br />Aquele, o congresso argentino, foi um belo momento da minha vida que teria impulsionado bastante minhas atividades céticas se não tivesse coincidido com uma enorme virada profissional (para melhor) na minha carreira. Por causa disso, desde então não tive tempo nem disposição de tentar publicar o artigo em lugar nenhum e só o fiz circular entre os amigos mais próximos. Como acho que o trabalho fcou muito bom, penso que é um pecado deixá-lo guardado na gaveta. Por isso, <a href="http://homepage.mac.com/widson/FileSharing7.html">aqui está</a>, ainda que tardiamente. Assim que tiver tempo eu o publico de maneira decente, provavelmente no <a href="http://www.projetoockham.org/"><span style="FONT-WEIGHT: bold">Projeto Ockham</span></a>.<br /><br /><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">[atualização] O artigo está disponibilizado logo abaixo, via </span><a href="http://www.scribd.com/doc/2345567/A-pseudociencia-nas-universidades"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">iPaper</span></a>.<br /><br /><script>document.write('<noscript>');</script> <object codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=9,0,0,0" id="embedded_flash_2345567_1itn3o_object" name="embedded_flash_2345567_1itn3o_object" classid="clsid:d27cdb6e-ae6d-11cf-96b8-444553540000" align="middle" height="600" width="750"><param name="flashvars" value="&document_id=2345567&access_key=key-2la295aq2kgfiw8sqmew&page=1&version=1"> <param name="movie" value="http://documents.scribd.com/ScribdViewer.swf"> <param name="quality" value="high"> <param name="play" value="true"> <param name="loop" value="true"> <param name="scale" value="showall"> <param name="wmode" value="opaque"> <param name="devicefont" value="false"> <param name="bgcolor" value="#ffffff"> <param name="menu" value="true"> <param name="allowFullScreen" value="true"> <param name="allowScriptAccess" value="always"> <param name="salign" value=""> <embed flashvars="&document_id=2345567&access_key=key-2la295aq2kgfiw8sqmew&page=1&version=1" src="http://documents.scribd.com/ScribdViewer.swf" quality="high" pluginspage="http://www.macromedia.com/go/getflashplayer" play="true" loop="true" scale="showall" wmode="opaque" devicefont="false" bgcolor="#ffffff" name="embedded_flash_2345567_1itn3o_object" menu="true" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always" salign="" type="application/x-shockwave-flash" align="middle" height="600" width="750"></embed> </object></noscript><script type="text/javascript" src='http://www.scribd.com/javascripts/view.js'></script><div id='embedded_flash_2345567_1itn3o' style="width:100%;height:100%"><span style="display:none">Read this doc on Scribd: <a href="http://www.scribd.com/doc/2345567/A-pseudociencia-nas-universidades">A pseudociência nas universidades</a></span> </div> <script type="text/javascript"> var scribd_doc = new scribd.Document(2345567, 'key-2la295aq2kgfiw8sqmew'); scribd_doc.addParam('height', 600); scribd_doc.addParam('width', 750); scribd_doc.addParam('page', 1); scribd_doc.addParam('mode', 'list'); scribd_doc.write('embedded_flash_2345567_1itn3o');</script>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1156609743476498662006-09-14T19:20:00.000-03:002007-04-29T17:32:30.738-03:00Hidrogênio, oxigênio e muito amor<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/1600/emoto-photo.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/320/emoto-photo.jpg" alt="" border="0" /></a><span style="font-weight: bold;">Masaru Emoto</span>, o sujeito sorridente da foto ao lado, é médico, mas não um médico qualquer. Ele é formado em medicina <span style="font-style: italic;">alternativa</span> pela <a href="http://www.altmeduniversity.net/courses3.htm">Open International University for Alternative Medicine</a> na Índia. Diga-se de passagem que a <span style="font-style: italic;">Open</span> University realmente faz justiça ao "<span style="font-style: italic;">aberta</span>" que ostenta no nome: para entrar é preciso apenas ter experiência em alguma medicina alternativa; para sair é suficiente apresentar cinco trabalhos ao longo do único ano de duração do curso e depois responder a um questionário durante o ano seguinte de residência. Aparentemente todo <span style="font-style: italic;">stress</span> deve ser evitado em um curso de medicina alternativa.<br /><br />Mesmo com um currículo pouco impressionante, ou talvez por causa dele, Dr. Emoto tornou-se mundialmente famoso por defender a mirabolante idéia de que os pensamentos influenciam a água (!!).<span style="font-style: italic;"><br /><br /></span>Certo, deixa eu explicar melhor: segundo o Dr. Emoto a água é influenciada pelos pensamentos e emoções ao redor dela. Por exemplo, quando a água é resfriada em um recipiente no qual estão escritas palavras como "<span style="font-style: italic;">morte</span>" e "<span style="font-style: italic;">você me dá nojo</span>", os cristais de gelo formados são disformes e pouco ordenados; por outro lado se você escreve no rótulo palavras como "<span style="font-style: italic;">amor</span>" e "<span style="font-style: italic;">gratidão</span>" os cristais se arranjam de forma simétrica e bela. O mesmo padrão pode ser observado se a água é fotografada enquanto se solidifica ao som de uma bela sinfonia de Mozart (imagem superior), em oposição ao que acontece quando a água se cristaliza sob o som de um cavernoso <span style="font-style: italic;">heavy metal</span> (imagem inferior). (<span style="font-style: italic;">Nota: pesquisadores que estudam a influência da música sobre os seres vivos (e agora os não-vivos) costumam assumir que heavy metal é o pior estilo musical a que se pode expor uma criatura. Eu discordo</span><span style="font-style: italic;">. Gostaria de ver o que aconteceria ao pobre líquido sob o som de Axé Music</span>)<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/1600/water-mozart.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; cursor: pointer;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/200/water-mozart.jpg" alt="" border="0" /></a><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/1600/heavy-metal-music.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; cursor: pointer;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/200/heavy-metal-music.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/1600/indigo_water_r10_c3.gif"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/200/indigo_water_r10_c3.png" alt="" border="0" /></a>Mas isso não é tudo. O doutor Emoto está convencido que a água <span style="font-style: italic;">bem tratada</span> com palavras amáveis e orações (sim, orações) hidrata mais, aumenta a absorção de nutrientes pelo organismo e melhora o metabolismo. Por isso desenvolveu a <a href="https://www.hado.net/cart/shop.php?cat_id=1&page=category_detail">Água Indigo</a>, uma água <span style="font-style: italic;">"</span>geometricamente perfeita" <span style="font-style: italic;">super-hidratante</span>. A fórmula para produzir a Água Índigo é simples: algumas pessoas se reúnem de mãos dadas em torno da água e... rezam por ela. Evidentemente este tratamento VIP tem um preço à altura, que faz qualquer <span style="font-style: italic;">Perrier</span> parecer água de torneira; A garrafinha de 230 ml da água Índigo é vendida por inacreditáveis U$ 35,00. O consolo é que para aqueles que querem produzir água hexagonal em sua própria casa sem gastar tanto, Dr. Emoto oferece (U$ 129,00) a garrafa <a style="font-style: italic;" href="https://www.hado.net/cart/shop.php?cat_id=10&page=category_detail">Water Star,</a> capaz de transmutar o líquido em seu interior impregando-o com vibrações positivas.<br /><br /><a href="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/1600/Water%20Carafe-2.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/320/Water%20Carafe-2.jpg" alt="" border="0" /></a>Como se poderia esperar, as alegações do Dr. Emoto não são aceitas pela comunidade científica; não poque são extravagantes demais e sim porque não atendem aos requisitos mínimos do método científico. Só para início de conversa, Dr. Emoto não utiliza testes duplo-cego em seus experimentos. Além disso não há nenhuma menção em seus trabalhos de que tenha se preocupado em isolar as diversas váriaveis que podem influenciar a cristalização da água, como a velocidade de resfriamento, grau de pureza, vibração (como o provocado pelos graves de uma música heavy metal, por exemplo) etc. Alguém poderia até mesmo contestar a teoria de Emoto em seu próprio terreno místico-<span style="font-style: italic;">new age</span>. Um adepto da religião espírita por exemplo, poderia questionar o porquê da água reagir tão mal à palavra "morte", um conceito natural e necessário para a evolução espiritual. Ou talvez a água examinada tivesse sua própria religião.<br /><br />Contestar os resultados experimentais de Emoto no campo científico é brincadeira de criança. Mais difícil é contestar outras de suas estapafúrdias alegações, como a de que a água pode vir, um dia, a ser usada como como combustível alternativo à gasolina, desde que <span style="font-style: italic;">pelo menos </span><span style="font-style: italic;">10% da humanidade</span><span style="font-style: italic;"> esteja consciente do </span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">kan-sha</span> (tradução livre do binômio "<span style="font-style: italic;">amor e gratidão</span>", em japonês, ao qual a água seria especialmente suceptível). De tudo o que <span style="font-style: italic;">não</span> se entende dessa afirmação, uma única pegunta: por que diabos <span style="font-style: italic;">dez por cento</span>!? Dr. Emoto <a href="http://www.spiritofmaat.com/archive/nov1/prns/cwater.htm">explica</a>:<br /><blockquote><span style="font-style: italic;">"A razão pela qual eu digo 10% é porque esta razão aparece na natureza. Quando olhamos para o mundo das bactérias por exemplo vemos que 10% das bactérias são boas, 10% são ruins e 80% são bactérias oportunistas que podem pender para qualquer lado."</span></blockquote>Eu não conheço muitos lugares do mundo, a não ser talvez a Open University, onde as bactérias sejam classificadas como "boazinhas", "malvadas" e "oportunistas", mas gostaria de ver alguém tentando distinguir uma das outras.<br /><br />As pesquisas do Dr. Emoto receberam destaque no filme "<a href="http://en.wikipedia.org/wiki/What_the_Bleep_Do_We_Know%3F%21"><span style="font-style: italic;">What The Bleep do We Know?</span></a>" recente documentário picareta de auto-ajuda-pseudo-quântico-esotérico que fez enorme sucesso nos EUA. O engraçado é que o filme é tão sem noção, mas <span style="font-style: italic;">tãoooo</span> sem noção, que a água sentimental de Emoto passa quase despercebida. Realmente é meio difícil se sobressair num filme que apresenta um guerreiro da Lemúria morto há 35.000 anos falando de física quântica através de um médium, não é verdade?<br /><br />Mas <span style="font-style: italic;">essa</span> história fica para depois...Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1157678529426364282006-09-07T22:19:00.000-03:002006-09-07T22:33:35.976-03:00Por que o cidadão médio não entende muito de ciência<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://static.flickr.com/82/235202082_27ead648e7_o_d.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px;" src="http://static.flickr.com/82/235202082_27ead648e7_o_d.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><div style="text-align: left;">Explicado graficamente pelo blog <a href="http://helpychalk.blogspot.com/2006/09/scientific-communication.html">Big Monkey, Helpy Chalk</a>.<br /><br /><br /></div>Alexandre Taschettohttp://www.blogger.com/profile/13060399049831232882noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1157678288281998302006-09-07T21:40:00.000-03:002006-09-07T22:18:08.320-03:00Artefatos perigososA aviação comercial está em um dilema. Várias empresas estão quase falindo e para piorar, viajar de avião está progressivamente se tornando um gigantesco transtorno, pelos menos em vôos internacionais. Enquanto antigamente você só precisava se preocupar com as poltronas apertadas e o contínuo barulho das turbinas, agora só faltam revistar seu pensamento antes de entrar no avião. Como todos já sabem, agora até um estado físico da matéria representa uma ameaça à segurança dos vôos - todos os líquidos são suspeitos até prova em contrário.<br /><br />Se isso parece meio estranho, espere até ver a lista detalhada do que pode ou não pode ser levado para dentro de um avião, segundo a agência americana de segurança dos transportes, disponível <a href="http://www.tsa.gov/travelers/airtravel/prohibited/permitted-prohibited-items.shtm">aqui</a>.<br /><br />Você não pode levar xampu, pasta de dente, sabonete líquido, aqueles líquidos de enxague bucal (cepacol, listerine, etc), perfumes, desodorante aerossol, gelatina, pudim, iogurte ou qualquer bebida. Você <span style="font-style: italic;">pode</span> entrar com saca-rolhas e aqueles cortadores de ponta de charuto que mafioso de filme usa para cortar o dedo de alguém. Tudo bem, estes dois não são armas letais, mas fazem mais estrago que um tubo de colgate. E tudo que cabe dentro de um tubo de pasta de dente também pode ser escondido dentro de uma câmera ou prótese ou de um dos vários outros itens que podem entrar no avião. Como por exemplo, um robô transformer - que, acreditem, está lá especificamente.<br /><br />Caso você tenha dúvida, o burocrata que fez a lista achou necessário deixar claro que não é possível entrar com cutelos, arcos e flechas, tacos de beisebol ou sinuca, machados, pés de cabra, espadas, nunchakus, estrelas ninja, dinamite, granadas de mão e sabres (de luz?).<br /><br />Mais interessante é ser possível entrar com sutiãs com enchimento de gel e ... KY ("lubrificante pessoal"). Só podemos imaginar o motivo para isso... E o pior é que se seus vizinhos de poltrona se aproveitarem disso durante o vôo, não vão nem poder escovar os dentes ou passar um desodorante depois...Alexandre Taschettohttp://www.blogger.com/profile/13060399049831232882noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1157512774995263482006-09-05T21:58:00.000-03:002006-09-07T20:40:44.866-03:00A estreita linha entre ativismo e fanatismoOk, eu sou contra maltratar os animais, sou contra danificar a natureza e tudo o mais. Mas o que eu sou contra mesmo é o nível de fanatismo e falsidade que é atingido por uma parte dos ativistas que militam a favor destas e outras causas nobres (sim, eu sei que a maioria deles tem as melhores intenções, mas bem que eles poderiam canalizar essas intenções contra seus colegas bizarros).<br /><br />A famosa PETA - People for the Ethical Treatment of Animals, provavelmente a mais famosa entidade americana de defesa dos animais, tem a seguinte campanha em seu site: <a href="http://getactive.peta.org/campaign/p2gaysheepexperiments">"Parem com os experimentos cruéis e sem sentido com 'carneiros gays'"</a>. Antes de comentar sobre a campanha em si, eis a história completa. Charles Roselli, um biólogo americano, realiza pesquisas sobre o comportamento animal, mais especificamente, sobre o comportamento sexual dos animais. Os carneiros são o alvo de seus estudos porque são a única espécie conhecida, além dos humanos, onde uma parcela dos machos exibe naturalmente um comportamento exclusivamente homossexual. Uma descrição mais completa está no blog <a href="http://thenexthurrah.typepad.com/the_next_hurrah/2006/09/peta_crosses_th.html">The Next Hurrah</a>. Qual o objetivo? Além de entender melhor o fenômeno, que parece ser conseqüência de <a href="http://barometer.orst.edu/vnews/display.v/ART/3dcbec5de7c31">efeitos hormonais durante a gravidez </a>da "ovelha-mãe", melhorar a seleção dos animais. Afinal de contas, <a href="http://oregonstate.edu/dept/ncs/newsarch/1997/May97/ramorient.htm">criadores perdem de 300 a 500 dólares</a> com cada carneiro que eles compram e não cumpre seu papel previsto pela mãe natureza... Só que no final da descrição oficial do projeto, os pesquisadores disseram que a pesquisa também poderia ajudar a "entender o desenvolvimento e o controle da motivação sexual e seleção de parceiros nas espécies de mamíferos, inclusive humanos." E provavelmente mencionar humanos foi seu erro. Por quê? Continue lendo....<br /><br />Eu entendo que muitos achem que obter esse tipo de conhecimento não valha a vida de alguns carneiros (18 por ano, para ser exato). É um número bem pequeno comparado com os quatro milhões que morrem todo ano nos EUA para virar comida, mas eu não criticaria alguém que fosse contra essa pesquisa por achar a pesquisa injustificável eticamente. Seria uma oposição honesta.<br /><br />Eu entendo que muitos possam achar esse tipo de pesquisa inconveniente, por exemplo aqueles que defendem que o homossexualismo é um desvio de comportamento, uma doença, um pecado, etc. O que eles diriam se ficasse provado que é tudo natural e tem uma causa biológica? Mas o Dr. Roselli não está sendo criticado por grupos americanos de extrema-direita, ou religiosos fundamentalistas, como seria de se esperar. Seria uma oposição menos aceitável para mim, mais ainda compreensível.<br /><br />Quem está se opondo à pesquisa do Dr. Roselli é a PETA. Por causa da valiosa vida dos 18 carneiros? Não exatamente. Por quê? Ninguém pode explicar melhor (ou de forma mais imbecil e distorcida) que a própria PETA: "<span style="font-style: italic;">estes pesquisadores acreditam que a homossexualidade é um defeito que precisa ser consertado e eles estão cortando e matando carneiros gays para isso. Roselli deixou bem claro que pretende usar os resultados de suas experiências para depois 'curar' humanos.</span>"<br /><br />Muito bem...eu oscilo entre interpretar a propaganda da PETA como má fé e total falta de caráter ou como puro e simples analfabetismo. Eu olho para a frase "entender o desenvolvimento e controle da motivação sexual...", presente na descrição do projeto, e tento aceitar que alguém leia isso e entenda "controle pela sociedade da motivação sexual" em vez de "controle biológico da motivação sexual". Mas aí eu acho que não é possível, seria um caso muito grave de analfabetismo funcional. E além disso, há uma grande distância entre tentar modificar o comportamento sexual de carneiros para procriação e desenvolver uma "cura" contra o homossexualismo em humanos (não lembra o roteiro do X-Men 3?). A sexualidade humana é um tanto mais complexa que a dos carneiros, ainda que as duas se cruzem freqüentemente em piadas de fazendeiros. Não dá... se entenderam errado é porque tinham muita vontade de entender errado.<br /><br />Não chega a ser um dos casos mais sensacionais de um movimento que já é conhecido pelos métodos "sicilianos" de ativismo de parte de seus membros, incluindo ameaças de morte, incêndios criminosos, etc (<a href="http://www.cnn.com/2005/US/05/19/domestic.terrorism/">mais de 1200 atos criminais desde 1990</a>), mas ainda assim, é irritante.<br /><br />Mais que irritante é o caso recente das ameaças contra outro professor americano da universidade da Califórnia, que realizava pesquisas com primatas. Realizava, porque resolveu mudar de área depois que ativistas fizeram demonstrações na porta de sua casa, o ameaçaram por email, assustaram seus filhos e, finalmente, colocaram uma <a href="http://www.insidehighered.com/news/2006/08/22/animal">bomba incendiária</a> na porta da casa de uma colega do laboratório. Não, pior... erraram de casa e colocaram a bomba na porta de um vizinho idoso. Por sorte a bomba não explodiu....<br /><br />Mas esse ataque não foi feito pela PETA, e sim pela ALF - Animal Liberation Front, um grupo radical. E radicais existem em qualquer lugar, não quer dizer que a PETA concorde com esse tipo de coisa, não é? Não, a não ser pelo fato de que <a href="http://www.consumerfreedom.com/news_detail.cfm/headline/2339">existem indícios fortes de que a PETA ajuda financeiramente os líderes dos grupos radicais</a>. Além do ALF, outro grupo de estimação da PETA é o ELF - Earth Liberation Front. Exemplos da "nobre" filosofia ativista destes grupos podem ser vistos em um <a href="http://www.fbi.gov/congress/congress02/jarboe021202.htm">depoimento</a> para o congresso americano do chefe da seção de terrorismo doméstico do FBI. Ou então <a href="http://www.consumerfreedom.com/downloads/reference/audio/010501_bruce_friedrich.wav">ouça</a> um porta-voz da PETA, Bruce Friederich, dizendo que "<span style="font-style: italic;">explodir coisas... é uma ótima forma de conseguir a liberdade dos animais</span>".<br /><br />É claro que o site da PETA ilustra a campanha com uma foto angelical de uma pequena ovelha, do tipo que qualquer criança pediria de presente aos pais. Aliás, provavelmente não muito diferente dos animais abandonados recolhidos pela PETA e <a href="http://www.nokillnow.com/petaemployeeschargedmsnbc.htm">jogados no lixo</a> em Nova Iorque, onde uma porta-voz confirmou que a PETA pratica eutanásia nos bichinhos com uma injeção letal ... Nessa ocasião, foram encontrados 31 animais mortos pela PETA, o equivalente a quase dois anos da pesquisa do Dr. Roselli. Mas isso não é nada comparado aos <a href="http://www.petakillsanimals.com/">14.400 animais de estimação mortos pela PETA</a> desde 1998... Ou seja se você for um cãozinho abandonado, torça para ir parar em um laboratório e não nas mãos da PETA, que pelo visto só defende a vida dos animais na mão dos outros. Pelo menos no laboratório você irá contribuir com algo para a sociedade em vez de morrer de graça.<br /><br />Não dá para evitar uma comparação entre este tipo de ativismo e a religião. É impressionante como idéias originalmente belas e positivas podem ser distorcidas a ponto de se tornar o combustível para atividades horrendas e negativas para a sociedade. E ainda que os fanáticos sejam uma parcela pequena desses grupos, eles acabam sendo a parcela mais visível. O resultado é que sempre que eu vejo um ativista defendendo com muita energia e querendo dar lição de moral sobre os direitos dos animais, ou o meio-ambiente, ou qualquer coisa do tipo, eu fico meio ressabiado - me lembra logo um religioso radical (tão comum hoje em dia...). Afinal de contas, quem fala coisas inteligentes, não precisa gritar para ser ouvido.Alexandre Taschettohttp://www.blogger.com/profile/13060399049831232882noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1149216933145491312006-07-29T17:10:00.000-03:002007-06-09T12:27:27.388-03:00Por um pouco mais de tolerânciaPor que os céticos se importam tanto com o que as outras pessoas acreditam ou deixam de acreditar? Por que céticos mantém sites, blogs, fórums, listas de discussão e sociedades secretas dedicados a desmontar idéias estapafúrdias? Por que empreendem esta batalha diária (ok, nem tão diária assim...bissexta no máximo), quixotesca e inesgotável contra a ignorância e o pensamento mágico? Será que os céticos não poderiam ser um pouquinho mais tolerantes com a credulidade alheia?<br /><br />Afinal vamos ser honestos: qual é exatamente o problema em se acreditar em... <<span style="font-style: italic;">coloque aqui sua pseudociência favorita>?</span> Afinal, se o sujeito acredita que a Lua cheia faz o cabelo dele crescer mais depressa, ou que a Mãe Fulana pode trazer aquela ex-namorada que lhe chutou a bunda, de volta em 3 dias... ora, que diabos! vamos deixá-lo em paz! Como diziam os garotinhos que vendiam balas nos ônibus do Rio de Janeiro (e agora fazem malarabismos nos sinais de trânsito), eles podiam estar matando ou roubando ou sacrificando virgens, mas em vez disso estão só professando sua fé.<br /><br />Pois bem. Quando eu estou quase dando ouvidos às estas estranhas vozes na minha cabeça, é reconfortante encontrar a <a href="http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u122179.shtml">seguinte matéria</a> no jornal:<br /><br /><blockquote><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"><span style="font-size:130%;">Carta psicografada ajuda a inocentar ré por homicídio no RS</span><br /><br /></span><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Publicidade</span><span style="font-style: italic;"><br />LÉO GERCHMANN</span><span style="font-style: italic;"><br />da Agência Folha, em Porto Alegre</span></span><span style="font-style: italic;"><br /><br />Duas cartas psicografadas foram usadas como argumento de defesa no julgamento em que Iara Marques Barcelos, 63, foi inocentada, por 5 votos a 2, da acusação de mandante de homicídio. Os textos são atribuídos à vítima do crime, ocorrido em Viamão (região metropolitana de Porto Alegre). </span><span style="font-style: italic;">O advogado Lúcio de Constantino leu os documentos no tribunal, na última sexta, para absolver a cliente da acusação de ordenar o assassinato do tabelião Ercy da Silva Cardoso.</span><span style="font-style: italic;"> Polêmica no meio jurídico, a carta psicografada já foi aceita em julgamentos e ajudaram a absolver réus por homicídio. </span><span style="font-style: italic;"><br /><br />"O que mais me pesa no coração é ver a Iara acusada desse jeito, por mentes ardilosas como as dos meus algozes (...). Um abraço fraterno do Ercy", leu o advogado, ouvido atentamente pelos sete jurados.</span><span style="font-style: italic;"><br /><br />O tabelião, 71 anos na época, morreu com dois tiros na cabeça em casa, em julho de 2003. A acusação recaiu sobre Iara Barcelos porque o caseiro do tabelião, Leandro Rocha Almeida, 29, disse ter sido contratado por ela para dar um susto no patrão, que, segundo ele, mantinha um relacionamento afetivo com a ré. Em julho, Almeida foi condenado a 15 anos e seis meses de reclusão, apesar de ter voltado atrás em relação ao depoimento e negado a execução do crime e a encomenda. </span><span style="font-style: italic; font-weight: bold;"><br /><br />Sessão espírita</span><span style="font-style: italic;"><br /><br />Não consta das cartas, psicografadas pelo médium Jorge José Santa Maria, da Sociedade Beneficente Espírita Amor e Luz, a suposta real autoria do assassinato.</span><span style="font-style: italic;"> O marido da ré, Alcides Chaves Barcelos, era amigo da vítima. A ele foi endereçada uma das cartas. A outra foi para a própria ré. Foi o marido quem buscou ajuda na sessão espírita. </span><span style="font-style: italic;">O advogado, que disse ter estudado a teoria espírita para a defesa (ele não professa a religião), define as cartas como "ponto de desequilíbrio do julgamento", atribuindo a elas valor fundamental para a absolvição. A Folha não conseguiu contato com o médium.</span><span style="font-style: italic;"> Os jurados não fundamentam seus votos, o que dificulta uma avaliação sobre a influência dos textos na absolvição. </span><span style="font-style: italic;">Os documentos foram aceitos porque foram apresentados em tempo legal e a acusação não pediu a impugnação deles. </span><br /><br /><span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Polêmica</span><span style="font-style: italic;"><br /><br />A adoção de cartas psicografadas como provas em processos judiciais gera polêmica entre os criminalistas. A Folha ouviu dois dos mais importantes advogados especializados em direito penal no Rio Grande do Sul. <span style="font-weight: bold;">Um é contra esse tipo de prova. O outro a aceita.</span> </span><span style="font-style: italic;">De acordo com Antônio Dionísio Lopes, "o processo crime é uma coisa séria, é regido por uma ciência, que é o direito penal. Quando se fala em prova judicializada, o resto é fantasia, mística, alquimia. Os critérios têm de ser rígidos para a busca da prova e da verdade real". </span><span style="font-style: italic;"><br /><br />"O Tribunal do Júri se presta a essas coisas fantásticas. O jurado pode julgar segundo sua convicção íntima, eles não têm obrigação de julgar de acordo com a prova. A carta só foi juntada aos autos porque era um tribunal popular. Isso é o mesmo que documento apócrifo." </span><span style="font-style: italic;"><br /><br />Para Nereu Dávila, "qualquer prova lícita ou obtida por meios lícitos é válida. Só não é válida a ilícita ou obtida de forma ilícita, como a violação de sigilo telefônico. Quanto à idoneidade da prova, ela será sopesada segundo a valoração feita por quem for julgar. Ela não é analisada isoladamente, mas em um conjunto de informações. Os jurados decidem de acordo com sua consciência.</span></blockquote>Sim, vamos respeitar as idéias alheias. E no futuro, quando você estiver no banco dos réus, talvez uma carta psicografada possa absolvê-lo. Quer saber? Talvez no futuro as autoridades gaúchas possam empregar, além do polígrafo, a brincadeira do copo, ou um tabuleiro Ouija apropriadamente estampado com mulheres vendadas e outros ícones judiciários. Claro, sempre há o risco de que o juíz esteja mais inclinado a aceitar os depoimentos de algum "especialista" em tarô convocado pela acusação... ou que o honorável Meritíssimo simplesmente resolva a contenda usando um pêndulo, ou uma forquilha, ou um baguá. Mas, aconteça o que acontecer, não se preocupe em ser vítima de um veredicto injusto: tribunais cuidadosamente decorados segundo os príncipios milenares do feng-shui certamente trarão mais "energia positiva" aos jurados e assegurarão julgamentos justos.<br /><br />Ufa! são notícias como essa que reestabelecem minha fé na ignorância humana e me fazem esquecer toda essa ridícula conversa relativista sobre tolerância e respeito às idéias alheias.<br /><br />De volta ao Blog.Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1148251259808963802006-05-21T19:16:00.000-03:002006-05-27T20:45:16.216-03:00O Argumento do Pequi.Um evolucionista está acostumado a ouvir dos criacionistas certos argumentos circulares, como por exemplo...<br /><br />(1) <span style="font-style: italic;">O Argumento do Relógio</span>, segundo o qual um homem que encontra um relógio abandonado no chão jamais imaginaria que aquele intricado mecanismo, de tão elevada utilidade, pudesse surgir por mero acaso como um emaranhado fortuito de engrenagens e ponteiros.<br /><br />(2) <span style="font-style: italic;">O Argumento do Monte Rushmore</span>, segundo o qual ninguém em sã consciência poderia atribuir as esculturas dos presidentes americanos à mera erosão agindo ao acaso.<br /><br />... e vários outros, todos variações do mesmo tema.<br /><br />Mas nunca, nem nos maiores pesadelos de Darwin, um evolucionista poderia imaginar ser confrontado com <span style="font-weight: bold;">O Argumento da Banana</span>.<br /><br />Segundo esta pérola retórica, a banana é uma fruta tão perfeita, mas tão perfeita, que não poderia ter surgido por acaso. Pense bem: a banana se encaixa perfeitamente na mão do homem, sua superfície não é escorregadia o que ajuda na empunhadura, sua cor indica quando ela está no ponto ideal para o consumo, seu diâmetro e forma recurvada não poderiam ser mais adequados à boca humana e, como se não bastasse a facilidade para retirar sua casca macia, Deus, digo, o arquiteto cósmico que concebeu esta magnífica fruta, ainda a dotou de um apêndice que facilita sua abertura tal qual uma latinha de refrigerante, com a vantagem que você pode sacudir a vontade uma banana que o conteúdo dela não vai explodir na sua cara.<br /><br />Eu gostaria que as piadas acima fossem minhas, mas não são. Tudo foi dito na maior cara dura pelos pastores no vídeo abaixo. Nele os evangélicos estão tão convencidos de suas argumentações que ainda apresentam a fruta como "o pesadelo dos ateístas".<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://video.google.com/videoplay?docid=-5479410612081345878"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/7819/805/320/banana.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br />Eu poderia discorrer longamente sobre como a evolução <span style="font-weight: bold;">não afirma</span> que o homem surgiu por acaso como insistem por ignorância ou pura desonestidade os criacionistas. Em vez disso, para manter a discussão no mesmo nível, contra o <span style="font-style: italic;">Argumento da Banana</span> eu prefiro opor o meu próprio argumento: <span style="font-weight: bold;">o </span><span style="font-weight: bold;">Argumento do Pequi</span>.<br /><br />O pequi, como sabem aqueles que vivem na região centro-oeste do Brasil, é uma fruta saborosa que vai muito bem como tempero no arroz, no frango e no peixe. Seu doce é muito apreciado e de quebra ainda tem gente que diz que a fruta é afrodisíaca. Só existe um problema. A semente do pequi, que fica sob a polpa, é recoberta de espinhos; uma mordida errada e o afoito fica com a língua e o céu da boca cravados de dolorosos espinhos que precisam ser removidos um a um com pinça. É mais ou menos como comer um pêssego recheado com um ouriço.<br /><br />Claro que isso não quer dizer que a banana tenha sido inteligentemente desenhada e o perigoso pequi tenha surgido por acidente. Tanta malevolência não poderia mesmo ser obra do acaso... Pelo contrário; se o <span style="font-style: italic;">Argumento da Banana</span> mostra que existe um Criador com um plano mestre por detrás do projeto das frutas, o <span style="font-style: italic;">Argumento do Pequi</span> mostra que este Criador, seja ele quem for, possui um inefável senso de humor negro. Volta e meia este magnânimo arquiteto deve se divertir com os desavisados que abocanham um pequi maduro e vão direto para o hospital com a boca cheia de espinhos.<br /><br />Não sei quanto a vocês mas isso para mim é uma <span style="font-style: italic;">vídeo-cacetada</span> dos infernos...Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com29tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1146883755000702312006-05-05T23:43:00.000-03:002006-05-21T19:15:12.730-03:00O médium que previa o passado (II)Considere este um <span style="font-style: italic;">post</span> de utilidade pública.<br /><br />Como se sabe <span style="font-weight: bold;">Jucelino da Nóbrega</span>, o homem que <a href="www.projetoockham.org/boletim/Radar_Ockham_17.pdf">vem recebendo</a> o crédito por ter previsto com precisão cirúrgica o paradeiro de Saddam Husseim, o 11 de setembro e um iminente ataque do Carrapato Estrela (as autoridades estão avisadas), nosso médium mais famoso -- "o novo Chico Xavier" segundo alguns -- <a href="http://www.maxpressnet.com.br/noticia.asp?TIPO=PA&SQINF=195285">tema de livro</a> e conferencista requisitado... bem, como se sabe Jucelino fez uma lista com previsões para o ano de 2006 e as publicou há algum tempo no site do <a href="http://www.cepua.com/"><span style="font-weight: bold;">CEPUA</span></a> (Centro de Estudos Ufológicos de Amparo). Infelizmente esta lista não está mais no ar, o que impede que os que crêem no médium se preparem adequadamente para as tantas catástrofes iminentes.<br /><br />Sorte que já faz algum tempo me dedico a salvar todo o material que encontro sobre Jucelino. Assim os afortunados gatos pingados que acompanham este blog poderão não só fazer os preparativos para o ataque do Carrapato Estrela, como ainda acompanhar, mês a mês, o índice de acertos de Jucelino.<br /><br />E não, não há nada sobre Evo Morales, Marcola, Petrobrás ou onda de crimes em São Paulo.<br /><br /><span style="font-weight: bold;"></span><blockquote><span style="font-weight: bold;"><span style="font-style: italic;">Janeiro-2006:</span></span><br /><span style="font-style: italic;">Atentado a bomba no Iraque matará mais de 30 pessoas na primeira quinzena; b) chuvas fortes atingirão são paulo - centro, alagando vários lugares e provocando mortes na primeira quinzena de janeiro; campinas será atingida por vendavais, ribeirão preto, belo horizonte, etc. c) na segunda quinzena, surgirá no rio de janeiro, focos de dengue, cujos efeitos serão maiores do que os anos anteriores e poderão alastrar-se para outras regiões; haverão grandes tempestades e vendavais na segunda quinzena, onde o risco aumentará para as áreas de encostas. haverá possibilidade de surgimento da cólera; e) revolta em hospital público, pois duas pessoas irão entrar em óbito, por problemas de atendimento.; f) grandes escândalos na política surgirão... piores dos anteriores e estarão envoilvidos também departamentos da saúde, agricultura e bancos.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Fevereiro-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">tempestades surgirão no canadá e, problemas surgirão no governo bush que marcarão o início do ano de 2006; b) atentado nas philipinas e, grande atentado no egito. No brasil, aumentará a crise e teremos grandes quebradeiras de empresas famosas, devido os problemas de entrada de competidores internacionais que não pagam impostos e mão de obra barata. grande viravolta no caso Celso Daniel e mais provas surgirão... c) grandes problemas de conjutivite no estado de São paulo-SP e enchentes em várias regiões provocarão alagamentos e problemas sérios no interior de São Paulo-SP. Atentado no paquistão e planos de atentado na indonésia, poderão atingir novamente bali.</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Março-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">a) formação de tempestades no sul e no sudeste, levarpá a população em estado de alerta, pois poderá provocar grandes problemas e vendavais. e no sul do país a estiagem já começa a trazer danos aos agricultores de algumas regiões. b) revolta em presídios e na febem marcará o mes de março-2006; c) haverá grandes chuvas na baixada santista com possibilidade de formação de um ciclone. Revolta no rio de janeiro, ocasionado por traficantes daquele local, no qual, irá mais uma vez, assustara população e trarão mortes e desentendimentos. No nordeste a seca já traz grandes resultados e o perigo da cólera no ar e a febre amarela. Atentado ao Papa Bento XVI, na segunda quinzena (mas, lembre-se que são apenas planos e o mesmo já foi tambem avisado), ele correrá risco de vida até o final de 2006. d) começa espalhar a gripe do frango e o risco de pandemia é mais acentuado e surge novos casos na China, Europa e Indonésia.</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Abril-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">a) violência no Ezbequistão, geram mortes e terror.; b) a quantidade de metano na atmosfera preocupará, pois o índice de calor marca mais de 1.6 ao ano. e grandes problmas com a dengue no Rio, Sao Paulo e Minas Gerais. d) tempestades em Indaiatuba-sp e um novo risco de tornado no ar. e o calor provocará tempestades em Ribeirao Preto-sp, Campinas, Araçatuba, etc. O Panamá ameaçado por um grande temporal. Grandes protestos no peru e no chile. Argentina sente a volta de uma crise...</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Maio-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">a) terremoto na argélia matará centenas de pessoas; b) terremoto no japão, causará pânico e medo.; c) novamente surgirá o problema do caso da vaca-louca e no brasil focos da febre aftosa... d) violência no rio de janeiro e chuvas fortes com rajadas de ventos. Escândalos em brasília agita mais a política e seus candidatos e trocam ofenças... enchentes na europa provoca muitas mortes...</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Junho-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">a) forças israelenses atacam grupos de palestinos. (aumenta ainda mais a violência). b) na amazônia o grande desmatamento e vendas de árvores e já são milhões de árvores derrubadas em uma averiguação dos fiscais. c) crise aumenta no brasil e também a taxa de desemprego. d) atentado a bomba em prédio do egito e atentado a bomba na arábia saudita, deixa dezenas de mortes. e) abalo na saúde de Silvio Santos-SBT (o mesmo deverá ter cuidado, pois é o primeiro sinal) (correrá risco de vida).</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Julho-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">a) Seleção brasileira não será vencedora no campeonato mundial de futebol; na possibilidade da itália vencer o campeonato mundial. (tomara que eu esteja errado)!!! b) furacão forma-se no golfo do méxico e poderá atingir eua. c) grandes conflitos de sem-terra, marcará uma série de violência no brasil. d) mudanças climáticas, causarão grandes problemas respiratórios em algumas localidades do brasil. e) chuvas fortes na philipinas causarão terror naquele país e na indonésia e china, mais focos da gripe aviária.</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Agosto-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">Terremoto no japão causará mais pânico as pessoas e crise japonesa começa a surgir mais forte. b) descobrirão a máfia de vendas de remédios dos postos de saúde e o golpe de favorecimento a aposentados (isso beneficia a fazendeiros, pois são indicados pr eles na troca de porcentagem de valor recebido); c) grandes protestos na venezuela e mortes e atentados.</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Setembro-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">a) Terremoto na turquia, matará centenas de pessoas. b) terremoto em Taiwan (formosa)... c) e grandes problemas com a seca no Amazonas, Pará e Acre, estenderão-se e surgirá a falta de água.</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Outubro-2006:</span><br /><span style="font-style: italic;">Nas eleições de 2006, será vencida por Geraldo Alckimin (novo presidente do Brasil); se vencer às convenções... e se serra vencer, não irá ganhar ás eleições para presidente, de toda forma, Luis Inácio Lula da Silva, não será reeleito. Marca de surgimento de aracnídeos no brasil, perigo para as crianças. São escorpiões, aranhas, cobras. Grandes tempestades e vedavais atingirão o sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). E o excesso de calor na europa, provocará incêndio e tempestades.</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Novembro-2006</span><br /><span style="font-style: italic;">No Rio Grande do Sul, a formação de uma grande mudança climática de 16/06/2006, poderá gerar no mes de novembro um ciclone tropical. A crise econômica no Brasil será muito mais acentuada e grandes escândalos no governo atual irão surgir, envolvendo outros nomes da política da esquerda. Três furacões irão se formar e atingir o Caribe, México e EUA, trazendo muita destruição. Um grande terremoto afetará a China. Sul e sudeste em alerta com grandes elevações de calor e tempestades e vendavais que irão causar ainda mais terror na população do Brasil e do exterior. Terremoto na indonésia poderá provocar terror naquele país e em tailândia. Tornado destruirá uma cidade de São Francisco.</span><span style="font-weight: bold; font-style: italic;"><br /><br />Dezembro-2006</span><br /><span style="font-style: italic;">O carrapato estrela volta a atacar no Rio de Janeiro e em alguns estados brasileiros. Chuvas causarão queda de barrancos nas encostas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora e São Paulo. Há um grande risco de grandes problemas na usina nuclear de Angra dos Reis, devido a grande chuva no Rio de Janeiro. Manifestações de tráfico de drogas causará pânico nas pessoas no Rio de Janeiro. O humorista e apresentador Carlos Manoel de Nobrega, deverá ter muito cuidado com abalo em sua saúde. (risco de vida) </span><br /><br /><span style="font-style: italic;">---------------------------------------------------xxx--------------------------------------------------</span><br /><span style="font-style: italic;">obs.: há muitos outros casos envolvendo atores, atrizes e casos coletivos tais como terremotos, tufões, furacões, tempestades, crimes e escãndalos políticos, mas, infelizmente, não há espaço para colocá-los e esperamos que nada que citei acima aconteça; embora, sei que irão acontecer ou atrasar um pouquinho, mas acontecerão.</span></blockquote><span style="font-style: italic;"><br /></span>Em tempo: as previsões acima foram extraídas das cartas de Jucelino Nóbrega em 19/12/2005 por Fábio Ibrahim El Khoury e estavam disponíveis até o início do ano no site do <a href="http://www.cepua.com/">CEPUA</a> (Centro de Estudos Ufológicos de Amparo). Os erros de português cometidos pelo professor foram mantidos. <span style="font-weight: bold;"><br /></span><br /><span style="font-style: italic;"></span>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-14025429.post-1145826479721014512006-05-01T22:07:00.000-03:002006-05-29T00:53:42.616-03:00O médium que previa o passado<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.jornaldaestacio.com.br/img_20/materia9.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 220px;" src="http://www.jornaldaestacio.com.br/img_20/materia9.jpg" alt="" border="0" /></a>O paranormal <span style="font-weight: bold;">Jucelino Nóbrega da Luz</span> está na mídia novamente. Desta vez ele ganhou a capa do <a href="http://www.jornaldaestacio.com.br/materia9.asp">Jornal da Universidade Estácio de Sá</a>, um jornal com tiragem de 40.000 exemplares, distribuído gratuitamente nos corredores da universidade.<br /><br />Para quem não o conhece uma rápida apresentação: Jucelino Nóbrega da Luz se tornou mundialmente conhecido em 2005 ao exigir da justiça a recompensa de 25 milhões de dólares oferecida pelo governo americano para quem desse indicações do paradeiro de Saddam Hussein. Jucelino afirma que viu <span style="font-style: italic;">em sonhos</span> o esconderijo do ditador e avisou ao presidente americano através de cartas, muitos anos antes sequer da primeira das guerras do Iraque explodir. Mas o esconderijo de Saddan Hussein não foi a única previsão de Jucelino. Pense em um importante acontecimento na história recente ou em um nome famoso em um obituário e Jucelino afirmará tê-lo previsto: os atentados de 11 de setembro, 11 de março em Madri e o de Londres; a morte do Papa João Paulo II, da princesa Diana, do embaixador brasileiro no Iraque, do Bochecha, do Leandro (da dupla sertaneja) e dos Mamonas; o tsunami na Ásia, o Katrina nos EUA e o terremoto de Kobi; a eleição do presidente Lula, o mensalão, o roubo do Banco Central e muito mais. Para cada previsão Jucelino diz ter enviado uma carta de aviso às autoridades; a maioria registrada, algumas autenticadas em cartório. No total Jucelino diz já ter enviado mais de 87.000 cartas (o que deve ter custado a este humilde professor de inglês mais de 400.000 reais em selos).<br /><br />Antes de chegar à capa do Jornal da Universidade Estácio de Sá, Jucelino circulou por diversos programas de auditório como os do Jô Soares, da Monique Evans, do Leão e do Clodovil. Ou seja, até agora a mídia tinha dado à Jucelino exatamente a exposição que se esperaria para alguém do seu calibre; o de destaque ao lado de INRI Cristo, Tomaz Green Morton e outras bizarrizes da indústria do sensacionalismo nacional. O que não se sabia é que o Jornal da Estácio pretendia fazer escola neste mesmo filão.<br /><br />É claro que alguém que tem sonhos de 25 milhões de dólares merece ser notícia sim. Mas do jornal de uma universidade gabaritada como a Estácio se esperaria material melhor. Afinal ali estão exercitando a profissão estudantes e jovens jornalistas formados pela faculdade; ali a universidade está colocando na vitrine o profissional que a casa forma para o mercado de trabalho. E que profissional é esse? A julgar pela matéria da capa, é um jornalista sem capacidade de análise crítica e incapaz de buscar sob a superfície das aparências o fundo rochoso dos fatos. Bom perfil para a revistas de fofocas como a <a href="http://semanais.abril.com.br/vivamais/edicoes/0318/aberto/vivamaismateria_102098.shtml">Viva Mais</a> (que também já dedicou capa a Jucelino) mas insuficiente para mídias mais sérias.<br /><br />Jucelino é um profeta com um padrão. Primeiro Jucelino sonha. Depois Jucelino escreve suas premonições em uma velha máquina de escrever Oliveti e em seguida, supostamente, as envia pelo correio a quem interessar possa. Algumas destas missivas Jucelino, supostamente, autentica em cartório. Depois disso duas coisas podem acontecer: ou um acontecimento bombástico surge na mídia e Jucelino clama tê-lo previsto sacando uma de suas cartas autenticadas que ninguém tinha visto até então, ou a premonição não se realiza na data prevista e Jucelino diz que sua carta ajudou a impedir o acontecimento (como o assassinato do atual Papa que tinha sido previsto para 16 de março). No final das contas, se tudo o mais falhar, ainda resta um último recurso: <a href="www.jornaldaestacio.com.br/materia9.asp">dizer</a> que errou de propósito:<br /><blockquote style="font-style: italic;"> No Brasil não há segurança e ninguém é imune a balas. Eu preciso 'errar' um pouco. Caso contrário, alguém me mata! Por isso eu preciso desses disfarces. Se fosse para eu colocar tudo no papel...</blockquote>É chato ser um cético. Gente como eu simplesmente não consegue se deslumbrar com um vidente que diz que faz previsões erradas de propósito...<br /><br />A previsões de Jucelino podem ser classificadas em dois grandes grupos: (1) previsões de acontecimentos de grande impacto, como os atentados terroristas de 11 de setembro, o roubo do Banco Central e o escândalo do Mensalão; e (2) previsões de desastres naturais, crises, epidemais, pragas de insetos e outros cataclismas genéricos tais como tempestades, desabamentos, tornados e terremotos. As previsões do primeiro grupo são espantosamente ricas em detalhes; o esconderijo de Saddam Jucelino viu e entendeu em árabe; do roubo do Banco Central Jucelino sabia a cifra exata. Estas previsões são exatamente tão ricas em detalhes, nem mais nem menos, quanto as noticias do jornais que, via de regra, aparecem <span style="font-style: italic;">sempre antes</span> das cartas. Já as do segundo grupo estranhamente são tão vagas e genéricas que poderiam ter sido feitas com manchetes de jornais de dez anos atrás, retirando-se delas os detalhes. Vejamos por exemplo algumas das fantásticas previsões de Jucelino para o ano de 2006:<br /><blockquote><span style="font-style: italic;">(1) Um atentado a bomba matará mais de 30 pessoas no Iraque.<br />(2) Haverá a possibilidade de surgimento de Cólera. (que raio de previsão é essa!!?)<br />(3) Duas pessoas morrerão em um hospital público no Rio por falta de atendimento, causando revolta.<br />(4) Revolta de traficantes no Rio de Janeiro assustará a população.<br />(5) Forças israelenses atacarão palestinos.<br />(6) Surgirão mais focos de gripe aviária na China. Uma ave trará a gripe para o Brasil.<br />(7) Ocorrência de grandes problemas de conjuntivite no estado de São Paulo.<br />(8) Planos de atentado na Indonésia (?).<br />(9) Revolta em presídios da FEBEM.<br />(10) Marca (?) de surgimento de aracnídeos no Brasil.<br />(11) Incêndios e tempestades causadas pelo calor na Europa.<br />(12) Carrapato Estrela voltará a atacar no Rio de Janeiro (</span><span style="font-style: italic;">hein </span><span style="font-style: italic;">???).<br />(13) Queda de barrancos nas encostas do Rio e Minas.<br /><br />(...)<br /></span></blockquote>A lista de previsões (assim mesmo, sem nenhum detalhe a mais) está disponível no site do <a href="http://72.14.203.104/search?q=cache:HejtngnRqjgJ:www.cepua.com/previsao-2006.htm++site:www.cepua.com+jucelino+cepua&hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=13&client=firefox-a">CEPUA</a>* e é encerrada por Jucelino com seguinte pérola:<br /><blockquote style="font-style: italic;">Há muitos outros casos envolvendo atores, atrizes e casos coletivos tais como terremotos, tufões, furacões, tempestades, crimes e escãndalos (sic) políticos, mas, infelizmente, não há espaço para colocá-los e esperamos que nada que citei acima aconteça; embora, sei que irão acontecer ou atrasar um pouquinho, mas acontecerão.</blockquote>Mas espere um momento. Eu não estou sendo justo... O homem tem cartas autenticadas em cartório que provam que ele previu o 11 de setembro e sabia o paradeiro de Sadam Hussein!! Sim, o problema é que infelizmente vivemos em um mundo onde as pessoas nem sempre são tão honestas quanto aparentam; é por isso que quando alguém apresenta um documento muito importante como prova de uma alegação extraordinária a gente costuma perguntar a um especialista se ele é verdadeiro. E isto é uma coisa que <span style="font-style: italic;">ninguém</span> ainda fez.<br /><br />Ou melhor alguém fez. O engenheiro Daniel Sottomaior, da moribunda Sociedade da Terra Redonda fez as perguntas certas para as pessoas certas. Sottomaior, que recebeu do próprio Jucelino cópias de suas cartas autenticadas, perguntou a peritos sua opinião sobre elas e também perguntou aos destinatários das cartas se eles realmente as haviam recebido. Infelizmente o autor da matéria do Jornal da Estácio, Orlando Porto, diz que não encontrou Sottomaior, convenientemente deixando vazio o único tom dissonante de toda a matéria (a não ser que se considere dissonante uma das duas passagens bíblicas que ornamenta a matéria, aquela que alerta sobre os falsos profetas). Não precisaria. Se Orlando Porto fosse um bom jornalista teria feito ele mesmo as perguntas certas às pessoas certas.<br /><br /><br /><br /><i>(*) Na verdade os dois maiores sites propagandas do vidente, os sites UfoGenesis (por que os ufólogos teimam em se misturar aos médiuns; não aprenderam nada com o Urandir?) e CEPUA, provavelmente orientados ou pressionados pelos advogados de Jucelino, já haviam retirado de suas páginas quase todas as referências sobre ele. Hoje ambos estão fora do ar. No entanto ainda é possível conseguir muita coisa através do cache do google ;-))</i>Widson Porto Reishttp://www.blogger.com/profile/08048887664280604408noreply@blogger.com72